sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Redação ITA 2012 - Dissertação

Tema de redação

Observe a charge abaixo. A partir dela, e considerando os textos desta prova cujos temas se aproximam ao da charge, redija uma dissertação em prosa, na folha a ela destinada, argumentando em favor de um ponto de vista sobre o tema. A  redação deve ser feita com caneta azul ou preta. 

Na avaliação de sua redação, serão considerados: 
a) clareza e consistência dos argumentos em  defesa de um ponto de vista sobre o tema; 
b) coesão e coerência do texto; e 
c) domínio do português padrão. (Serão aceitos os dois Sistemas Ortográficos em vigor, conforme 
Decreto 6.583, de 29/09/2008.) 
Atenção: A Banca Examinadora aceitará qualquer posicionamento ideológico do candidato. 
Você poderá usar para rascunho de sua redação as páginas em branco dos cadernos de questões desta 
prova e da prova de Inglês. O rascunho não será considerado para avaliação de sua redação.


A guerra nossa de cada dia
(Gabriel Alexandrino Silva)

Desde a queda do muro de Berlim, a bipolaridade gerada pela Guerra Fria foi substituída por uma dita multipolaridade que, à revelia de seu nome, não é nada diversa, uma vez que a divisão entre capitalistas e comunistas apenas foi trocada pela que há entre ricos e pobres.

Esse abismo social não é invenção da contemporaneidade, longe disso, mas um processo intensificado pela difusão e supremacia do modo de vida burguês: segue-se hoje a ótica protestante (seja nas camadas religiosas ou não) de que a usura e o lucro são respaldo do sucesso e os méritos e fracassos de um indivíduo são de sua total responsabilidade. Não se leva em conta, entretanto, que a organização político-social, quase sempre mantida pelas elites, propicie a manutenção do status quo e não vise quaisquer mecanismos eficientes de inserção das camadas mais baixas.

Mas as atitudes desses ricos para com os pobres mostradas pela mídia são outras: a filantropia foi elevada à categoria de hit e, destituída de qualquer caráter altruísta, serve como meio de promoção pessoal da "desapegada" classe dominante, que faz doações aos atingidos pelo terremoto no Haiti ou para crianças africanas. Nasce assim uma sociedade permeada por Brads Pitt e Angelinas Jolie, que exaltam a literatura de Jorge Amado ao passo que fecham as janelas de seus carros, geralmente blindados, para os trombadinhas da rua.

Quando não ignorada, a realidade social vigente é combatida com atitudes de cunho reacionário, como mais polícia nas ruas, que apenas contribuem com a violência urbana e desviam o foco dos problemas estruturais. Uma guerra, tão polarizada quanto a da vela ordem, instaura-se a cada dia; contudo, de fria essa apresenta apenas as intenções de seus agentes.

Redação ITA 2010 - Dissertação

INSTRUÇÕES PARA REDAÇÃO 

A charge reproduzida abaixo circulou pela rede Internet. Com base nas ideias sugeridas pela charge, redija uma dissertação em  prosa, na folha e ala destinada, argumentando em favor de um ponto de vista sobre o tema. A redação deve ser feita com caneta  azul ou preta.

Na avaliação de sua redação, serão considerados:
a) clareza e consistência dos argumentos em defesa de um ponto de vista sobre o assunto;
b) coesão e coerência do texto; e
c) domínio do português padrão.

Atenção: A Banca Examinadora aceitará qualquer posicionamento ideológico do candidato.



Redação - Isabela Cristina Almeida

A partir do momento em que nascemos e somos inseridos na sociedade, nosso primeiro e mais concreto exemplo de postura a ser seguida são nossos pais. Deles receberemos os valores morais que teremos como certos ao longo de toda nossa formação, e grande maioria também será levada na nossa consciência na vida adulta.

Entretanto, o papel da família tem deixado de exercer sua função orientadora e assumido caráter superprotetor na criação dos filhos: temerosos do mundo, os pais não notam que esse zelo demasiado implica negligenciar a diferenciação das concepções de certo e errado e as escondem. Essa política que toma o lugar da iniciativa dos filhos tem um dos seus reflexos mais claros na inversão dos valores de responsabilidade dos pais e no sistema falho de educação que vivenciamos nas escolas nos dias de hoje.

Outro fato relevante na queda de qualidade do ensino é o descaso do próprio sistema: não há interesse em estimular linhas de pensamento individuais e formar seres capazes de articular suas próprias ideias. A educação vinda das escolas assumiu um caráter de adestramento intelectual coletivo.

O crescimento desordenado desses portadores de superficialidade acadêmica implica também um conhecimento elistista, em função da detenção do verdadeiro saber por poucas pessoas. Claramente, isso afasta as classes sociais para posições cada vez mais antagônicas e cria um abismo entre o que é educação e o que é conhecimento. As pessoas se tornam cada vez mais confortáveis em negligenciar sua própria intelectualidade e aceitam que não sabem sobre determinado aspecto porque não lhes foi ensinado na escola. As famílias concordam que a escola deveria educar seus filhos, é claro. Andam tão indisciplinados, esses meninos.






Elaboração de narrativas - Tema da prova da UEG 2012

Redação - Universidade Estadual de Goiás 2012

Nas últimas décadas, os reality shows firmaram-se como sucesso na mídia com base na simples fórmula: oferecer ao espectador a oportunidade de bisbilhotar a vida de seres humanos em disputas extremas visando algum tipo de premiação. Sobre esse assunto, leia a coletânea de textos a seguir.

Texto 1
Reality show é um tipo de programa em que certo número de pessoas fica confinado em um local pré-determinado, isolado. Essas pessoas, que até aquele momento não se conheciam, têm de passar um bom tempo convivendo. Durante a convivência, os participantes se envolvem em confraternizações, discussões, fofocas, namoros, paixões etc. Esses programas são chamados de reality show (ou show da realidade) porque nada do que acontece é fruto da imaginação de algum escritor. Nada obedece a um determinado roteiro ou é ensaiado. O relacionamento entre seres humanos é amplamente exposto (de preferência no melhor ângulo) para que o telespectador possa ter uma visão detalhada de tudo o que acontece naquele ambiente. Para muitos psicólogos, o público gosta de assistir aos realities porque se identifica com determinados personagens e passa a torcer por eles ou contra algum participante que demonstre arrogância ou egoísmo. De tanto ver os personagens, o público os considera como parte da família, pois passa a conhecê-los quase que intimamente. O espectador se comove quando alguém se apaixona por uma pessoa, mas também se interessa quando alguém fala mal de outro colega ou discute com um outro. E, por fim, também curte ver as virtudes, as fraquezas e os defeitos dos participantes.
LIMA, Ana. Os reality shows: intimidade revelada? Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2013. (Adaptado).

Texto 2
A sociedade mergulhou numa disputa de baixarias. As competições escancaradas na TV aberta, sob a chancela de “entretenimento”, estimulam a humilhação pública e a indignidade humana. Comer pizza de vermes e minhocas vivas, deixar ratos e cobras passear pelo corpo de uma moça de biquíni, resistir a vômitos como prova de determinação e bravura – isso é exatamente o quê?
AQUINO, Ruth. O rodeio dos imbecis. Época. São Paulo, 1º nov. 2010. p. 130. (Adaptado).

Texto 3
Os processos de identificação parecem estar na base do sucesso das representações da vida real, ou seja, a possibilidade de encontrar eco para as próprias experiências pode ser um meio de sentir-se incluído no mundo dos humanos, de encontrar elementos que auxiliem na elaboração de vivências e de amenizar a solidão intrínseca à própria existência humana. A imitação da vida nos permite compartilhar a essência humana com os outros: o estritamente pessoal ganha o terreno social. Já não somos os únicos; é possível compreender as situações humanas à luz da esfera cultural. Não estamos completamente sós, pois os outros participam do drama que julgávamos exclusivamente nosso. A convivência une e configura um fenômeno social que propicia, por um lapso de tempo, certo sentimento de cumplicidade capaz de mover os espectadores em manifestações coletivas, que vão do êxtase à decepção, da alegria esfuziante à profunda tristeza, do riso aberto ao choro incontido. Mais do que um movimento catártico, há aqui a possibilidade de tornar público o privado, de socializar o individual, dando-lhe novo sentido.
MILLAN, Marília Pereira Bueno. Realitie shows - uma abordagem psicossocial. Disponível em: . Acesso em: 22 abr. 2013. (Adaptado).

Texto 4
Que me perdoem os ávidos telespectadores do Big Brother Brasil (BBB), mas conseguimos chegar ao fundo do poço. Chega a ser difícil encontrar as palavras adequadas para qualificar tamanho atentado à nossa modesta inteligência. Dizem que Roma, um dos maiores impérios que o mundo conheceu, teve seu fim marcado pela depravação dos valores morais do seu povo. Veja como Pedro Bial tratou os participantes do BBB 10. Ele prometeu um “zoológico humano divertido”. Não sei se foi divertido, mas pareceu bem variado na sua mistura de clichês e figuras típicas. O Big Brother Brasil não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes, os quais são apenas pessoas que se prestam a comer, beber, tomar sol, fofocar, dormir e agir estupidamente para que, ao final do programa, o “escolhido” receba um prêmio milionário.
VERISSIMO, Luis Fernando. A vergonha. Disponível em: . Acesso em: 16 maio 2013. (Adaptado).

Texto 5
Somos todos antropófagos simbólicos, somos canibais inconscientes. Embora nos realities quase todo mundo seja desconhecido, não tenha dúvida, todos os competidores são profissionais. É gente que sabe o discurso do escancaramento de cor. Sabe os gestos de cor. São androides do desejo público, programados para falar como segredos íntimos o que não passa de fetiche da massa. Eles não estão ali para dizer o que sentem. Eles nada sentem além da compulsão pela fama. Estão ali para servir. E para fazer de conta que sentem o que os olhos da turba, sobre cada um deles, pressentem. Não há "vida interior" a ser devassada nesse tipo de programa. Há somente o interior do organismo, as vísceras cruas e as palavras idem.
BUCCI, Eugênio. O "brother" esquartejador. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/tvfolha/tv0302200202.htm>. Acesso em: 08 jan. 2013. (Adaptado).

Com base na leitura da coletânea, escolha UMA das três propostas de construção textual (dissertação, narração ou carta argumentativa) dadas e discuta a seguinte questão-tema:

Reality show: uma forma de diversão para espectadores e competidores ou de degradação de ambos?

NARRAÇÃO
O conto é um gênero literário breve, com núcleo dramático único, centrado em um episódio da vida de um ou mais personagens.
Tendo em vista essa definição e a leitura da coletânea, desenvolva uma narrativa, cujo enredo apresente uma situação de conflito relacionada à questão-tema desta prova e que, obrigatoriamente, o narrador (1ª ou 3ª pessoa) seja caracterizado por uma das seguintes possibilidades:
- um ou uma participante de um reality show;
- um espectador individual ou um representante de alguma instituição social (religiosa, civil, jurídica etc).

Crítica pessoal
(Andreza Silva)

Ela não podia acreditar, não podia mesmo - com tantos canais em sua tv, como seria possível que não houvesse um só em que estivesse passando algo bom? Em três deles, três, estavam sendo exibidos reality shows e as emissoras restantes só sabiam comentá-los.

(...) Thalita (...) não entendia qual era a graça que as pessoas viam nesse tipo de programa. Era só um bando de pessoas, gente como ela, trancados em uma casa com um monte de desconhecidos se embebedando em festas e não fazendo absolutamente nada de produtivo. (...)

Eles eram todos exibidos como um bando de bichos em uma jaula, enquanto outras pessoas os assistiam, ou, pior, se divertiam com aquilo. Um zoológico, pensou ela, quase como um zológico, tratados como tais, se prestando a esse tipo de papel, tendo como diferença o fato de que os bichos não escolhiam ser enjaulados (...).

Sua revolta era iminente, perceptível. Viu quando a irmã se aproximou e tentou pegar o controle para assistir a um daquele programas, mas ela não deixou, mandou que a garota fosse caçar o que fazer. A irmã a (...) acusou de falar dos reality shows como se fossem os Jogos Vorazes, mas para ela ambos não eram tão diferentes assim. Nos Jogos Vorazes os jovens eram obrigados a lutar até a morte para a diversão da população. (...) A diferença (...) é que os pobres jovens de Panem não escolhiam a sua sina (...).

- Usados, vendidos - resmungava Thalita para si mesma (...). A irmã passou por perto novamente e saiu rindo. (...) - Chega, (...) vou seguir o conselho que dei a Rachel, vou caçar o que fazer.

E então ela fez o que há muito deveria ter feito. Levantou-se e foi se afundar em um filme (...), pois a realidade ela conhecia de cor e a última coisa a que queria assistir era uma pseudorrealidade.  Entre isso e a ficção, valia escolher esta última. 








sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Tema de redação: Tempo (Fuvest 2004)

Nos três textos abaixo, manifestam-se diferentes concepções de tempo; o autor de cada um deles expõe uma determinada relação com a passagem do tempo. Leia-os com atenção:

TEXTO 1
Mais do que nunca a história é atualmente revista ou inventada por gente que não deseja o passado real, mas somente um passado que sirva a seus objetivos. (...) Os negócios da humanidade são hoje conduzidos especialmente por tecnocratas, resolvedores de problemas, para quem a história é quase irrelevante; por isso, ela passou a ser mais importante para nosso entendimento do mundo do que anteriormente.
(Eric Hobsbawn, Tempos Interessantes: uma vida no século XX)

TEXTO 2
Não se afobe, não,
Que nada é pra já,
O amor não tem pressa,
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário,
Na posta-restante,
Milênios, milênios
No ar...

E quem sabe, então,
O Rio será
Alguma cidade submersa.
Os escafandristas virão
Explorar sua casa,
Seu quarto, suas coisas,
Sua alma, desvãos...

Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras,
Fragmentos de cartas, poemas,
Mentiras, retratos,
Vestígios de estranha civilização.

Não se afobe, não,
Que nada é pra já,
Amores serão sempre amáveis.
Futuros amantes quiçá
Se amarão, sem saber,
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você.
(Chico Buarque, "Futuros Amantes")

TEXTO 3
O que existe é o dia-a-dia. Ninguém vai me dizer que o que aconteceu no passado tem alguma coisa a ver com o presente, muito menos com o futuro. Tudo é hoje, tudo é já. Quem não se liga na velocidade moderna, quem não acompanha as mudanças, as descobertas, as conquistas de cada dia, fica parado no tempo, não entende nada do que está acontecendo. (Herberto Linhares, depoimento).

Redija uma dissertação em prosa, na qual você apontará, sucintamente, as diferentes concepções de tempo, presentes nos três textos, e argumentará em favor da concepção do tempo com a qual você mais se identifica. 




A vida além dos calendários

Desde a invenção do calendário, o homem convencionou dividir o tempo de forma a facilitar a sua vida na Terra, passando a viver sempre no passado, através de lembranças, ou no futuro, fazendo planos, e dificilmente conseguimos apenas praticar o carpe diem.

Mas a ideia de tempo não é tão fragmentada como esses calendários denotam, pois basta um estudante questionar-se de "por que estudar história?" para estabelecermos aí uma relação: como expresso por George Orwell em seu clássico do gênero distopia, 1984, "quem domina o passado domina o futuro e quem domina o futuro detém o presente".

Parafraseando o historiador Eric Hobsbawn, o passado serve aos objetivos daquele que o escreve, ou seja, do homem do presente. A resposta de qualquer professor de história para aquele aluno seria de que o passado não é apenas um amálgama de fatos, mas tem função política clara e, para Hobsbawn, caráter manipulável. A exemplo desse aspecto há os gregos, que passaram suas vitórias sobre os persas para a história como guerras médicas, acreditando estar lutando contra os Medos.

O tempo é dotado de pontos de vista, homens como Hugo Chávez são ótimas referências de como o herói e o carrasco podem estar encarnados na mesma figura. Há passados e presentes, (...), sendo muito difícil fazer a dissociação que os calendários propõem. A importância de um evento não se resume a tempos verbais mas, quase sempre, está ligada à daqueles que o escrevem.

Gabriel Alexandrino Silva

Trechos:

Tracemos um paralelo entre o tempo e a vertente filosófica do existencialismo. Fiódor Dostoiévski encara o tempo como uma questão, na última frase de Noites Brancas: "Não seria um momento feliz o bastante para a vida inteira?". Quando olhamos fotografias amareladas e saudamos os ditos bons tempos, estamos saudando o nosso presente (...).

Isabela Cristina Almeida

Almejando sempre bens futuros, na correria diária e dentro de um sistema consumista desenfreado, as pessoas estão se esquecendo de viver seu presente. Em um sistema cada vez mais dominante, as ambições para o futuro controlam as mentes (...).

Adriele Evelyn F. Silva

No tempo dos nossos pais e avós, a utilização de meios concretos para se demonstrar o que realmente se sentia pelo outro era um processo lento e, de certo modo, simples. Hoje em dia, com a tecnologia e as facilidades que temos, os recursos antigos foram substituídos.

Bianca Sousa Silva





terça-feira, 21 de agosto de 2012

Produção de Textos - Aulas 7 e 8 - A sequência dialogal; os tipos de discurso


Tema Redação – IBMEC 2010
Reflita sobre as ideias apresentadas no texto a seguir e desenvolva uma dissertação em prosa.

“Se for ao parlamento, posso ocupar a tribuna?
- Podes e deves; é um modo de convocar a atenção pública. Quanto à matéria dos discursos, tens à escolha: - ou os negócios miúdos, ou a metafísica política, mas prefere a metafísica.
Os negócios miúdos, força é confessá-lo, não desdizem daquela chateza de bom-tom, própria de um medalhão
acabado; mas, se puderes, adota a metafísica; - é mais fácil e mais atraente. Supõe que desejas saber por que
motivo a 7ª companhia de infantaria foi transferida de Uruguaiana para Canguçu; serás ouvido tão-somente pelo ministro da guerra, que te explicará em dez minutos as razões desse ato. Não assim a metafísica. Um discurso de metafísica política apaixona naturalmente os partidos e o público, chama os apartes e as respostas. E depois não obriga a pensar e descobrir. Nesse ramo dos conhecimentos humanos tudo está achado, formulado, rotulado, encaixotado; é só prover os alforjes da memória. Em todo caso, não transcendas nunca os limites de uma invejável vulgaridade.”
(Teoria do Medalhão, de Machado de Assis)

Conforme indicado nas folhas de rascunho e de redação, utilize o próprio tema como título de sua dissertação.

Tema/Título: Transcendendo os limites da vulgaridade

Foi-se a época em que as pessoas realmente acreditavam e lutavam por suas ideologias. Atualmente os revolucionários deixaram as ruas e a frente dos prédios públicos para se manifestar via internet, confortavelmente em suas casas. 
Agora se seguem outras tendências ideológicas - a cada mês surge uma nova ideia pela qual "vale a pena lutar", banalizando o ato da manifestação popular. Antigamente, as ideologias eram construídas - hoje, elas são embutidas nas mentes das pessoas.
O que antes era um diferencial, hoje não passa de cultura de massas e, como ferramenta essencial para alastrar a vulgaridade das ideologias, existe a globalização - que, ao invés de disseminar conhecimentos e promover a interação de diferentes culturas, se preocupa em estabelecer padrões e homogeneizar os pensamentos.

(Fernanda Devecchi)

 

Interpretação de Textos - Aulas 5 e 6 (A identificação de ambiguidades/ A identificação de pressupostos e implícitos)


Exercícios de vestibular:

(Fuvest 2002)

Diálogo ultra-rápido

- Eu queria propor-lhe uma troca de ideias ...
- Deus me livre!

(Mário Quintana)

No diálogo acima, a personagem que responde: - "Deus me livre!" cria um efeito de humor com o sentido implícito de sua frase fulminante.

a) Continue a frase - "Deus me livre!", de modo que a personagem explicite o que estava implícito nessa frase.

Deus me livre de pensar como você!

b) Transforme o diálogo anterior em um único período, utilizando apenas o discurso indireto e conservando o sentido do texto.

O primeiro interlocutor disse ao segundo que queria propor uma troca de ideias, que este recusou, dizendo exclamativamente que Deus o livrasse disso.

(Fuvest 2002) "O que dói nem é a frase (Quem paga seu salário sou eu), mas a postura arrogante. Você fala e o aluno nem presta atenção, como se você fosse uma empregada."
(Adaptado de entrevista dada por uma professora. "Folha de S. Paulo", 03/06/01)

a) A quem se refere o pronome "você", tal como foi usado pela professora?
Esse uso é próprio de que variedade lingüística?

Refere-se à 1ª pessoa (à professora). É um uso típico da norma coloquial.



b) No trecho "como se você fosse uma empregada", fica pressuposto algum tipo de discriminação social? Justifique sua resposta.

Sim. Fica pressuposto um preconceito em relação às empregadas domésticas, pois infere-se que, se a professora fosse uma empregada, a frase do aluno seria justificável.


(Unicamp 1998 – Adaptada)

O empresário Antônio Ermírio de Moraes escreveu o artigo a seguir (FOLHA DE SÃO PAULO, 3/8/97) em que se manifesta sobre a sujeira na cidade de São Paulo. Leia o artigo com atenção e reflita também sobre o que está sugerindo nas entrelinhas a propósito de pobreza, cidadania, limpeza, ação governamental, etc.

Até quando, São Paulo?

Os leitores têm todo o direito de se queixar quando volto a um mesmo assunto. Acontece que o retorno ao tema decorre da persistência do problema. Refiro-me à imundice que campeia na cidade de São Paulo.
Muita gente confunde pobreza com sujeira. Nada mais errado. As pessoas humildes são exatamente as que mais valorizam o asseio, a higiene e a limpeza.
Você já notou como é generalizado o banho dos trabalhadores da construção civil depois de uma jornada de trabalho? Você já reparou como são bem areadas as panelas das donas-de-casa dos domicílios das periferias? Você já observou a brancura das camisas e blusas dos uniformes dos seus filhos?
O que se vê na capital de São Paulo é fruto de puro abandono e total falta de autoridade.
São pessoas imundas que emporcalham a cidade como prova da sua selvageria e refluxo da instabilidade dos governantes.
Uns defecam nos jardins. Outros cozinham debaixo dos viadutos. Há ainda os que penduram a roupa encardida nos galhos das árvores. Tudo a céu aberto e no maior acinte aos cidadãos que aqui vivem.
Na ausência de um plano diretor para cuidar da habitação, avoluma-se o número de pessoas que, usando tábuas, papelão e até embalagens de geladeiras, vão se mudando definitivamente para debaixo das pontes, onde passam a residir "tranquilamente" no meio de escandalosa sujeira.
O mais espantoso é ver as autoridades municipais e estaduais consentirem com a multiplicação desses chiqueiros que, na verdade, são uma verdadeira provocação aos que pagam altos impostos e que têm o direito de exigir um mínimo de higiene na cidade em que habitam e trabalham.
Já passou bastante da hora de as autoridades agirem. Eles estão atrasados há vários anos - mas têm de agir.
Não é justo que a população como um todo seja submetida a um ambiente tão vergonhoso e deprimente como é o de São Paulo.
Não sou saudosista a ponto de querer voltar ao tempo do prefeito Faria Lima, quando o símbolo da capital era uma bela rosa.
Mas também não acho correto submeter um povo trabalhador a uma cidade imunda e abandonada.
Afinal, esse povo está seguindo as regras democráticas, comparece às eleições e escolhe ordeiramente os seus vereadores, prefeitos e governantes.
É hora de eles realizarem mais trabalho e menos política, limpando esta cidade que já foi orgulho do nosso país. Mãos à obra!

A partir da leitura e da sua reflexão, exponha quais são os implícitos presentes neste texto. 

O principal implícito do texto é que os pobres são os maiores responsáveis pela imundície da cidade. Apesar de, aparentemente, evitar essa ideia, toda a construção textual deixa implícito que a sujeira se associa diretamente à população de baixa renda.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Interpretação de Textos. Aula 7 - Análise do nosso entorno

A interpretação de textos deve ser ensinada não apenas como uma ferramenta para passar em concursos e vestibulares. Saber ler bem um texto é assumir uma postura crítica perante tudo o que nos é imposto. Por isso, os alunos do Cursinho Gauss testaram um pouco de sua capacidade interpretativa analisando discursos publicitários. Confira mais logo abaixo!


Como a revista trata de assuntos empresariais, o interlocutor provavelmente será alguém de classe alta. Há uma frase em inglês que ressalta a especificidade desse público, que precisa saber o básico do idioma para entendê-la. Há uma metáfora de que entregar uma encomenda de um continente a outro é tão rápido quanto passá-la pela janela.
(Thiago Carlos, Ikaro Falcão e Yasmin Viniarczyk)


Na propaganda se nota o preconceito cultural quando se compara ídolo e fã, declarando que eles são iguais (subentenda-se "apenas") na lotomania. Assim, a classe econômica a quem se destina a propaganda não é a alta, mas aquela que precisa de dinheiro para alcançar o mesmo status de seus ídolos. Por isso, a linguagem usada é fácil e acessível a todos os públicos.
(Mariana Andrade, Caio Lima, Jefferson Figueiredo, Fabiano Santiago)


A propaganda passa a ideia de que encontrar a profissão que combine com você é tão difícil quanto montar um cubo mágico. Assim, a persuasão estimula o leitor a adquirir a revista Guia do Estudante, para que não corra o risco de não conseguir se "encaixar" em nenhuma carreira.
(Madssan Loys V. Souza, Lilian, Wemerson, Lucas Caraça)




O método utilizado para persuadir é elevar o carro ao nível da rainha da Inglaterra, o que atesta certo preconceito em relação aos produtos nacionais. Há ambiguidade no texto, pois o "novo rei" pode se referir tanto à autoridade masculina (interlocutor preferencial da propaganda) quanto ao carro que pretende ocupar este cargo.
(Aline, Diego, Tainá, Damaris, Karina, Cíntia)



Publicada na revista Isto É, voltada à classe média, o interlocutor da propaganda é aquele que quer adquirir um modo melhor de comunicação, mas sem gastar muito.
(Rudge Eiji Wohlers, Lizandra Santos da Conceição, Joseane do Nascimento, Monick Iossa)


A propaganda usa um tom de menosprezo para convencer seu interlocutor. As outras marcas são desprezadas e pressupõe-se que aquele que não possui um carro Chevrolet passa por situações como a mostrada pela imagem. Assim, texto verbal e não-verbal se articulam para convencer o leitor da revista.
(Andressa S. Coelho e Cristiane O. Campezi)


Há um preconceito de gênero implícito, já que a cor rosa só se relaciona à mulher e a cor azul, apenas ao homem. Há também preconceito em relação aos outros controles, incentivando o consumismo. A ambiguidade está presente na palavra "batalha", pois não se sabe se se refere à batalha do jogo ou à batalha entre os controles.
(Alexsander M. Souza, Eduardo C., Andrei Henrique, Jonas Donizete, Grazi de La Torre)

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Simulado - Estilo Unicamp


Simulado Unicamp

Redação

Tema 1. Leia o texto abaixo, retirado do blog do jornalista Marcelo Tas (http://blogdotas.terra.com.br/2012/04/12/agora-e-lei-presidenta/):

Agora é lei: presidenta!

Acabou a moleza. Quem relutava, se negava ou criticava o pedido meigo de Dilma ser tratada como presidentA, pode se preparar para não ser pego fora da lei.
No último dia 3 de Abril, a presidentA sancionou a Lei 12.605/12, que determina a obrigação da flexão de gênero em profissões. Pra quem ainda duvida, está lá no site da PresidentA.
Agora é presidentA, gerentA, pilotA, etc… Aproveito para comunicar a todos que não vou deixar isso barato: a partir de agora, exijo ser tratado como jornalistO e humoristO.

Tas expressa sua visão sobre a nova lei de Dilma partindo de um ponto de vista masculino. Lola Aronovich (professora da UFC – Universidade Federal do Ceará), em contrapartida, expõe em seu blog uma concepção diferente no que se refere aos empregos do gênero na língua:

Nossa língua machista

(...) a não ser que você pense bastante no assunto, talvez nem esteja ciente de como a linguagem que usamos todos os dias é preconceituosa, e como coloca a mulher como cidadã de segunda classe. Por exemplo, quando usamos a palavra “homem” como sinônimo de “ser humano”, (...) passamos a impressão que homem é mais ser humano que mulher. Quando escrevemos sobre um sujeito indeterminado e dizemos “ele” ao invés de “ela”, idem. Quando usamos adjetivos no masculino, também. Por isso, em inglês, muita gente hoje escreve “s/he”. Em português, “ele(a)”, mas mesmo isso de colocar o pronome feminino entre parênteses já pode ser considerado discriminatório. Em alguns blogs, vejo gente usando o “@” como gênero neutro.
(...) Numa discussão em um post bem polêmico, uma leitora anônima reclamou porque escrevi “todas as psicólogas”: “A propósito, gostei do 'todas as psicólogas'. Homem não pode ser psicólogo? Isso é profissão de mulherzinha? Ok, estou só alfinetando, claro que você não acha isso, mas que soou estranho, soou”.
Eu respondi: “O 'Todas as psicólogas' é porque estou tentando adotar o artigo feminino em situações que têm muito mais mulheres que homens. Acho um absurdo falar em 'todos os psicólogos' (na turma de uma amiga minha não havia um só homem), 'os nutricionistas', 'os enfermeiros' etc. É um fato que a maior parte das pessoas nessas profissões são mulheres. E acho errado, por causa de uns 10% de homens (minoria absoluta), referir-se à profissão com o gênero masculino. No meu blog falo 'pras leitoras', já que 70% do meu blog é leitora, não leitor. Engraçado como vivemos num mundo em que falar 'leitoras' exclui os leitores, mas falar 'leitores' não exclui as leitoras...” Nós, mulheres, estamos tão acostumadas a sermos excluídas na nossa própria língua que até achamos estranho se um artigo for usado no feminino.
Dona de casa ainda é pra mulher, quase que exclusivamente. É muito mais comum ouvir que o homem é o dono da casa (da casa específica, não de casa, genérico), o provedor, que dono de casa.
(...)

Imagine-se no lugar de Lola, que, ao ler o texto no blog de Marcelo Tas, resolve escrever-lhe uma réplica. Elabore um comentário-resposta ao post de Tas levando em consideração os argumentos defendidos pela professora da UFC.

Redação de Fabiano Santiago da Rocha (clique para ler; se a visualização ficar ruim, use o botão direito do mouse para exibir a imagem em tamanho grande):

  
Redação de Madssan Souza (clique para lerse a visualização ficar ruim, use o botão direito do mouse para exibir a imagem em tamanho grande):



Tema 2. Leia o texto abaixo, extraído do site de informações da Editora Abril (http://info.abril.com.br/noticias/tecnologia-pessoal/governo-de-sp-ira-digitalizar-40-das-aulas-05042012-35.shl).

Governo de SP irá digitalizar 40% das aulas

São Paulo - O governo de São Paulo anunciou que pretende tornar digitais até 40% das aulas ministradas na rede pública de ensino. Para isso, o órgão público comprará equipamentos, treinará professores e criará serviços de educação à distância.
O projeto "Aula Interativa", proposto ao governo paulista pela Dell Computadores, será feito por meio de uma parceria público-privada e irá abranger todas as disciplinas dos colégios estaduais de 5ª a 9ª série do ensino fundamental.
A empresa responsável pelo fornecimento dos conteúdos e equipamentos eletrônicos será escolhida em edital, ainda sem um prazo definido para ser lançado. O investimento inicial do governo será de R$ 5,5 bilhões em 10 anos.
Segundo a Secretaria de Estado da Educação, a pasta será a responsável pela definição dos critérios técnicos e prevê que a instalação de lousas digitais tenha início já em 2013. Em seguida, serão distribuídos notebooks e tablets às escolas.
O projeto prevê que a empresa escolhida também fique responsável por criar os conteúdos a serem distribuídos para as aulas digitais. Entre os exemplos, foram citados vídeos curtos para explicar as matérias e jogos lúdicos para fixar os conteúdos. Segundo o governo, essa iniciativa visa melhorar a qualidade do ensino e atrair a atenção dos alunos às aulas.
No entanto, o projeto já recebe críticas. Especialistas afirmam que não há nenhuma pesquisa que relacione o uso da tecnologia com a melhoria da qualidade do ensino e que a porcentagem estabelecida pelo governo pode limitar a atividade dos professores nas escolas.
Além disso, a escolha de uma empresa privada para desenvolver o conteúdo didático das aulas foi alvo de críticas. Opositores do governador Geraldo Alckmin (PSDB) na Assembleia Legislativa classificaram a decisão como "privatização do ensino".
O custo do projeto também foi alvo de questionamentos. Ao todo, o governo pretende investir 5,5 bilhões de reais no projeto ao longo de dez anos.
De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, todos os conteúdos digitais desenvolvidos pela empresa privada seguirão as apostilas do Estado e terão de ser aprovados pela pasta, que também garante que os professores não perderão autonomia com o projeto.

Adote uma posição contrária ao projeto de virtualização das aulas e escreva uma carta aberta ao público em que aponte as falhas do “Aula Interativa”. Assine a carta apenas com as iniciais do seu nome. 

  
Redação de Ivan Pinheiro (clique para lerse a visualização ficar ruim, use o botão direito do mouse para exibir a imagem em tamanho grande):



  
Redação de Thainá Silva (clique para lerse a visualização ficar ruim, use o botão direito do mouse para exibir a imagem em tamanho grande):


Tema 3.

Convite

            Ah, moça, esta cidade da Bahia é múltipla e desigual. Sua beleza eterna, sólida como em nenhuma cidade brasileira, nascendo do passado, rebentando em pitoresco cais, nas macumbas, nas feiras, nos becos e nas ladeiras, sua beleza tão poderosa que se vê, se apalpa e cheira, sua beleza de mulher sensual, esconde um mundo de miséria e de dor. Moça, eu te mostrarei o pitoresco, mas te mostrarei também a dor.
            Vem e serei teu guia turístico. Juntos comeremos no Mercado o vatapá apimentado e a doce cocada de rapadura. Mas não te levarei apenas aos bairros ricos, de casas modernas e confortáveis. Iremos nos piores bondes para a Estrada da Liberdade, onde descobrirás a miséria do povo e os  cortiços infames.
            Esse é um estranho guia, moça. Com ele, não verás apenas a casca amarela e linda da laranja. Verás igualmente os gomos podres que repugnam o paladar. Porque assim é a Bahia, mistura de beleza e sofrimento, de fartura e fome, de risos e de lágrimas doloridas. Teus pés pisarão sobre o mármore das igrejas, tuas mãos tocarão o ouro de São Francisco, teu coração pulsará mais rápido ao som dos atabaques. Mas moça, estremecerás também muitas vezes e teu coração se apertará de angústia ante a procissão fúnebre dos tuberculosos na cidade de melhor clima e de maior porcentagem de tísicos do Brasil. A beleza habita nesta cidade misteriosa, moça, mas ela tem uma companheira inseparável que é a fome.
            Se és apenas uma turista ávida de novas paisagens, então não queiras esse guia. Mas se queres ver tudo, na ânsia de tudo aprender e descobrir, se queres realmente conhecer a Bahia, então vem comigo e te mostrarei as ruas e os mistérios da cidade de Salvador. Sairás daqui certa de que este mundo está errado e que é preciso refazê-lo para melhor. Porque não é justo que tanta miséria caiba em tanta beleza. Riremos juntos e juntos nos revoltaremos. Qualquer catálogo, livro ou propaganda te dirá quanto custou o Elevador Lacerda, a idade exata da catedral, o número certo dos milagres do Senhor do Bonfim. Mas eu te direi muito mais. Junto com a beleza e com poesia te direi da dor e da miséria.     
Vem, a Bahia te espera. É uma festa e também um funeral. Vou mandar que batam os atabaques e os barcos partam rumo ao mar. A doce brisa, os ventos e palma dos coqueiros te saudarão das praias.
Vem, a Bahia te espera!

(In: http://estacaodapalavra.blogspot.com.br/2011/03/redacao-proposta-de-descricao.html)

O texto acima foi escrito por Jorge Amado para descrever seu estado natal. Elabore você também um convite turístico, em que os estrangeiros sejam persuadidos a visitar o Brasil. Use descrições objetivas e subjetivas na composição de sua redação.

  
Redação de Jonas Silva (clique para lerse a visualização ficar ruim, use o botão direito do mouse para exibir a imagem em tamanho grande):


  
Redação de Thainá Idalgo (clique para lerse a visualização ficar ruim, use o botão direito do mouse para exibir a imagem em tamanho grande):