sexta-feira, 29 de maio de 2009

Aula 5: Ambiguidades - Exercício 2




2. Redija uma pequena narrativa em que haja uma ambigüidade que só fique clara no desfecho da história.


Exemplo:


Veja bem, meu bem

Veja bem, meu bem
Sinto te informar
Que arranjei alguém
Pra me confortar
Este alguém está
Quando você sai
Eu só posso crer
Pois sem ter você
Nestes braços tais
Veja bem, amor
Onde está você?
Somos no papel
Mas não no viver
Viajar sem mim
Me deixar assim
Tive que arranjar
Alguém pra passar
Os dias ruins
Enquanto isso, navegando eu vou
Sem paz
Sem ter um porto
Quase motro, sem um cais
E eu nunca vou te esquecer, amor
Mas a solidão deixa o coração
Neste leva-e-traz
Veja bem além
Destes fatos vis
Saiba: traições
São bem mais sutis
Se eu te troquei
Não foi por maldade
Amor, veja bem
Arranjei alguém
Chamado saudade


(Ney Matogrosso)

**********************


"Uma garotinha de cinco anos, perplexa ao ver determinada cena, pensa:

Não deixo nunca mais a sopa que a mamãe fez no prato. Preciso aprender a enfrentar a realidade, sou forte, posso tomar a sopa. Afinal, ela nunca me fez mal. Mamãe, com tão bom coração, não teria tais intenções. Preciso entender que a sopa que a mam~e faz é para mim... E que tem muita gente que não pode comer... (...) Não, eu sou forte! Tomarei toda a sopa da mamãe. Não quero perder mais um cachorro... "


(Gisele do Amaral)




Aula 5: Ambiguidades - Exercício 1


1. Qual a ambiguidade do cartum acima?

"O buquê de noiva é constituído por fios condutores de eletricidade que vêm da geladeira, batedeira, enceradeiras, etc. Podemos observar então que a ambiguidade está presente por um lado benéfico, levando em consideração que estes aparelhos foram todos presentes pelo seu matrimônio. Porém, de contra-partida, temos o pensamento que talvez seja um pouco pessimista, mas uma mulher que acbou de se casar deveria ter a consciência de que estará praticamente acorrentada a esses aparelhos eletrodomésticos para manter a casa em ordem".
(Beatriz Soares)

"A ambiguidade no primeiro cartum está entre o homem que ao se casar ´ganhou´ uma mulher ou que, ao se casar, ´ganhou´ uma empregada". (Bruna Ortiz)

Aula 3: Intertextualidades


Exercício de escrita:

1. Elabore um texto (poema, narrativa, prosa descritiva, cordel, paródia, etc) estabelecendo uma relação intertextual com a cantiga abaixo:

Ciranda Cirandinha

Ciranda Cirandinha
Vamos todos cirandar
Vamos dar a meia volta
Volta e meia vamos dar

O Anel que tu me destes
Era vidro e se quebrou
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou

Por isso dona Rosa
Entre dentro desta roda
Diga um verso bem bonito
Diga adeus e vá se embora

Exemplo:

Cantiga
(Zila Mamede)

“O anel que tu me deste”[...]

Onde os anéis, onde os dedos
das estrelas neblinadas
Onde os caminhos das luas
descambando em madrugadas
Onde os sonhos que juntamos
nas mesmas águas pisadas
Onde o amor que de tão grande
( no cair da trovoada )
sorria tão manso manso
como os olhos da boiada?

Me vejo: este anel partido
arcoflexa sem sentido
ontem nos dedos da mão
hoje punhal solidão
que fere as cores da pele
sem gemido, sem um não
traçando um lugar vazio
na palma de cada mão

Arrastado amor antigo
desmanchado do contigo
desfibrado do comigo
quebrado na encantação
Aquele anel que de vidro
no abstrato se mudou
sumiu das fibras dos dedos
do círculo em que se fechou
Naquele anel que me deste
no vidro em que se quebrou
foi-se o amor que tu me davas
que era nada, se acabou
********************

"Roubando, roubandinha,

Vamos todos roubandar

Inventar uma mentira

Para o povo alegrar.

*

O voto que tu me destes

Era tolo e te ferrou

A palavra que eu tinha

Era pouca e se acabou.

*

Por isso, povo bobo,

Fique bem alienado

Assistindo à tua tv

Quietinho e sentado

*

Se você se revoltar,

nós vamos te excluir.

Pois só é bem sucedido

Quem aqui sabe mentir".

(Paloma Rodrigues)

********************

Por isso, dona Rosa

A estrada dessa vida

para muitos lugares me levou

Me deixou nos lugares

em que teu amor me abandonou.

Por isso, dona Rosa, não adianta voltar:

a estrada é longa,

e não tenho porque parar.

(Manoel Ferraz Neto)

********************

(Trecho)

Em um dia frio

do mês de abril

ele caiu

e se partiu.

(Aline Zavatine)

Comentário: Neste trecho do poema, a Aline adequa o ambiente da situação (dia frio) ao que ocorre, ou seja: ao anel partido, à relação amorosa esgotada.

********************

Seu amor não era cristal

E os versos seus, que ainda espero respostas...

Onde estão tuas verdades?

Quisera eu saber,

Não cairia em tantas maldades.

*

Não seria eu capaz de aceitar aquele anel

Que me deste na noite de Natal

Pensei que precioso e delicado fosse

Mas era vidro e não cristal.

*

E como vidro era o seu amor

Dei meia volta e contornei

Não suportei tanta dor.

*

E na dor aprendi a ser mais forte

E para esse amor que sempre acaba

Nunca mais serei suporte.

(Beatriz Soares)



Aula 4: Pressupostos & Implícitos

Redija uma curta narrativa a partir da figura acima:

Mãos estendidas

As mãos estendidas abrem-nos o pensamento para refletir sobre tanto o que podem expressar.
Parecem mãos que ajudam, mãos que de ajuda necessitam. Mãos que dão, ou querem receber.
Mãos calejadas pelo trabalho árduo e irreconhecido durante toda a vida agora recolhem as lembranças que lhes cabem, cada calo uma história, cada história uma saudade e a cada saudade uma esperança de um dia chegar ao término da vida e saber que estas mãos, que por diversas vezes já acalentaram, corrigiram, espalmaram, chegarão a ter no leito social e familiar o descanso merecido e esperado, e não ficarão pelas filas burocráticas da vida aguardando a sua vez de serem recompensadas, enfim nas mãos do destino.

(Beatriz Soares)