quinta-feira, 29 de julho de 2010

Aula 14 - A interlocução na carta argumentativa


Tema: vide poste anterior.

Camila Fonseca Moreira


Cárdenas, 7 de abril de 2000

E.G., filho querido, meu menino, pois para mim você nunca deixará de ser um menino, meu anjo querido:
Preciso muito de você e sei que você precisa de mim, para nos consolarmos da perda de sua mãe, chaga que não cicatriza. Eu queria tanto te abraçar e te explicar que agora mamãe está ao lado do papai do céu, olhando e intercedendo por nós.
Mas a vida não é tão simples assim, além da distância, jogos políticos nos separam. Como pode ser? Uma situação tão simples, um filho na falta da mãe e que quer ficar com seu pai, que esteve sempre ao seu lado, sabendo de todas as suas manias e manhas.
Me sinto tão pequeno e impotente, minha vontade é me lançar ao mar, chegar até você a nados, te trazer à força para ver você crescer e fazer de você um homem, que coloque a honra em primeiro lugar.
Mas nesta ocasião estou de mãos atadas, não tendo de você mais do que qualquer um por aqui: imagens na televisão, como se eu fosse apenas seu fã, como se meu sangue em suas veias nada significasse.
Daqui de longe, posso apenas rezar por ti, para que seja feliz e que saibam ao menos dissimular metade do meu sentimento genuíno por você. Que lhe dêem ao menos metade do carinho que eu lhe daria.
Anjo precioso, sempre te amarei.

J.M.G.

Aula 14 - A interlocução na carta argumentativa


Tema: Conferir post anterior.

Joice Amâncio Fernandes

Cárdenas, 23 de setembro de 2008

Dormir sozinho, acordar sem um "bom dia", viver sem alegria. É solidão o que eu sinto. Beijar, abraçar e amar a sua mãe, com ela (lhe) carregar, ninar, alimentar e educar. Só se percebe que alguém morreu quando se sente falta dela, quando se espera a sua chegada e ninguém nunca aparece.
Sua mãe morreu, e eu sei que vou sentir a falta dela sempre, e sua ausência ninguém substituirá. Mas e você?
Entro no seu quarto, vejo seus brinquedos e suas roupas. É como ver peixes sem água. Sinto sua falta tanto quanto sinto falta da sua mãe, porém, você está vivo!
Saber que meu filho está vivo e eu não estar perto para admirar o meu milagre me dói muito, no entanto estou só.
Desculpe-me o desabafo, estou há 15 anos sem falar sobre meus sentimentos e, agora, (eles) estão à flor da pele.
Elián, quero lhe mostrar através desta a minha posição (sobre) o ocorrido que completa 15 anos.
Após várias ondas de emoções distintas, em que a última foi saber que parentes, até então desconhecidos, haviam se decidido a se entrepor entre nós, senti um forte instinto de protegê-lo de estranhos.
Trabalhei o triplo para pagar advogados na justiça, lutei por sua guarda e vendo que diante da defesa de Miami seria impossível, propus visitas, inúmeras tentativas em vão.
Nunca aceitei ter você longe de mim, sou apenas um homem, cansado de negações. Parei, foi necessário me recuperar.
Agora você está com 21 anos, um homem já, tem o direito de decidir sobre sua vida, não mais um objeto de que qualquer um pode se apossar. Imagino que você foi a pessoa que mais sofreu, contudo, como sua família substituta declarou, você conseguiu se recuperar, ergueu uma espécie de "felicidade provisória" à sua volta, que com o tempo se solidificou, fazendo-o tornar-se a pessoa que é hoje.
Peço-lhe perdão se lhe ofendi de alguma forma nessa carta ou ao longo destes 15 anos. Garanto que a atitude que tomei foi a melhor possível diante da situação.
Decida o que for melhor para o seu futuro. Sempre te amarei. Sinto a sua falta.

J.M.

Aula 14 - A interlocução na carta argumentativa


Unicamp

Suponha que você seja ou o juiz que decidiu pela volta do menino Elián a Cuba, ou um parente de Elián que lutou por sua permanência nos Estados Unidos, ou o pai de Elián, que lutou por sua volta a casa. Colocando-se no lugar de uma dessas pessoas, e considerando os pontos de vista expressos no texto a seguir, escreva uma carta a Elián, mas para ser lida por ele quinze anos depois desses acontecimentos, tentando convencê-lo de que a posição que você assumiu foi a melhor possível.

Quando a imaginação do mundo se depara com uma tragédia humana tão dolorosa quanto a de Elián, o menino refugiado de 6 anos que sobreviveu a um naufrágio apenas para afundar no atoleiro político da Miami cubano-americana, ela instintivamente procura penetrar nos corações e mentes de cada um dos personagens do drama. Qualquer pai ou mãe é capaz de imaginar o que o pai de Elián, Juan Miguel González, vem sofrendo, na cidade natal de Elián, Cárdenas – a dor de perder seu filho primogênito; logo depois, a alegria de saber de sua sobrevivência milagrosa, com Elián boiando até perto da Flórida numa câmara de borracha.
A seguir, o abalo de ouvir da boca de um bando de parentes com os quais não tem relação alguma e de pessoas que lhe são totalmente estranhas a notícia de que estavam decididos a colocar-se entre ele e seu filho. Talvez também sejamos capazes de compreender um pouco do que se passa na cabeça de Elián, virada do avesso. Trata-se, afinal de contas, de um garoto que viu sua mãe mergulhar no oceano escuro e morrer. Durante um tempo muito longo depois disso, seu pai não esteve a seu lado.
Assim, se Elián agora se agarra às mãos daqueles que têm estado a seu lado em Miami, se os segura forte, como se segurou à câmara de borracha, para salvar sua vida, quem pode culpá-lo por isso? Se ergueu uma espécie de felicidade provisória à sua volta, em seu novo quintal na Flórida, devemos compreender que é um mecanismo de sobrevivência psicológica e não um substituto permanente de seu amor ao pai. […]
Elián González virou uma bola de futebol política, e – acredite na palavra de alguém que sabe o que é isso – a primeira consequência de virar uma bola de futebol é que você deixa de ser visto como ser humano que vive e sente. Uma bola é um objeto inanimado, feita para ser chutada de um lado a outro. Assim, você se transforma naquilo que Elián se tornou, na boca da maioria das pessoas que discutem o que fazer dele: útil, mas, em essência, uma coisa, apenas.
Você se transforma em prova da mania de litígio de que sofrem os Estados Unidos, ou do orgulho e poder político de uma comunidade imigrante poderosa em nível local. Você vira palco de uma batalha entre a vontade da turba e o estado de direito, entre o anticomunismo fanático e o antiimperialismo terceiro-mundista.
Você é descrito e redescrito, transformado em slogan e falsificado até quase deixar de existir, para os combatentes que se enfrentam aos gritos. Transforma-se numa espécie de mito, um recipiente vazio no qual o mundo pode derramar seus preconceitos, seu ódio, seu veneno.
Tudo o que foi dito até agora é mais ou menos compreensível. O difícil é imaginar o que se passa na cabeça dos
parentes de Elián em Miami. A família consanguínea desse pobre menino optou por colocar suas considerações ideológicas de linha dura à frente da necessidade óbvia e urgente que Elián tem de seu pai. Para a maioria de nós, que estamos de fora, a escolha parece ser desnaturada, repreensível.[...]
Quando os parentes de Miami dão a entender que Elián sofrerá “lavagem cerebral” se voltar para casa, isso apenas nos faz pensar que eles são ainda mais bitolados do que os ideólogos que condenam. (Salman Rushdie, “Elián González se transformou numa bola de futebol política”, Folha de S.Paulo, 7/4/2000, p. A 3, com pequenas adaptações.)

ATENÇÃO: AO ASSINAR A CARTA, USE INICIAIS APENAS, DE FORMA A NÃO SE IDENTIFICAR.

Daiane D. Baptista de Lima

Querido Elián

Através desta carta tento expressar o quanto sempre quis estar ao seu lado.
Há anos atrás, quando soube da morte de sua mãe e de seu possível falecimento, não pude conter as lágrimas. Em meu âmago só havia tristeza e um grande sentimento de perda, mas quando chegou a notícia de que você tivera sido encontrado com vida, tamanha foi minha alegria que não poderia colocá-la em palavras.
Naquele tempo, vários fatores me impediram de estar junto a ti. Fui contra muitas pessoas e ideologias, às quais não cabia nos separar, mas estas foram maiores do que eu e do que estava ao meu alcance, mas não maiores que minha vontade de nos reencontrarmos, que até hoje se faz presente dentro de mim.
Depois de quinze anos, espero que entenda que questões jurídicas me impediram de ficar contigo, e saiba que, em Cuba, sempre terás o amor e o carinho que no passado não fui permitido a lhe entregar, mas que hoje, se quiseres, estão a te aguardar de braços abertos.

(Com carinho),
J.M.G.

Aula 13 - Os tipos de persuasão



UEL 2002

Leia agora uma carta argumentativa baseada num tema proposto pela UEL em 2002. Preste muita atenção ao que foi pedido no enunciado e aos textos de apoio (suprimiu-se, por questões de espaço, um trecho do texto b). Note que os elementos da estrutura da carta foram respeitados pelo autor:

A partir da leitura crítica dos textos de apoio, escreva uma carta dirigida a um jornal da cidade, sugerindo medidas para conter a violência em Londrina.

a) A violência, quem diria, já não é o que mais preocupa o brasileiro. Chegamos à era da selvageria.

(Marcelo Carneiro e Ronaldo França)

Não é preciso ser especialista em segurança pública para perceber que o crime atingiu níveis insuportáveis. Hoje, as vítimas da violência têm a sensação quase de alívio quando, num assalto, perdem a carteira ou o carro - e não a vida.

Essa espiral de insegurança gerou uma variante ainda mais assustadora. É o crime com crueldade. A morte trágica de Tim Lopes, o repórter da Rede Globo que realizava uma reportagem sobre tráfico de drogas e exploração sexual de menores em um baile funk numa favela da Zona Norte do Rio de Janeiro, é apenas o exemplo mais recente de uma tragédia que se repete a toda hora. Desta vez, com uma questão ainda mais aguda: por que um bandido precisa brutalizar as suas vítimas?

O fato de as cenas mais chocantes da brutalidade estarem quase sempre associadas a regiões pobres das áreas metropolitanas das capitais brasileiras criou, em alguns especialistas, a idéia de que boa parte dos problemas de segurança poderia ser resolvida com investimentos maciços na área social. Trata-se de um equívoco.

Um levantamento do jornal O Globo mostra que, desde 1995, a prefeitura do Rio já investiu quase 2 bilhões de reais em projetos de urbanização, saneamento e lazer em favelas. Isso não impediu que, nos últimos dez anos, houvesse um crescimento de 41% no número de mortes de jovens entre 15 a 24 anos, na maioria moradores de áreas carentes.

O aumento da criminalidade desafia qualquer lógica que vincule, de modo simplista, indicadores sociais a baixos índices de violência. Desde a década de 80, quando o tráfico de drogas passou a se estabelecer definitivamente nas principais cidades brasileiras, os números relativos à educação, saúde e saneamento só fazem melhorar no país.

O investimento dos governos estaduais em segurança também é crescente. Só neste ano, o governador paulista, Geraldo Alckmin, prometeu destinar 190 milhões de reais para o combate à criminalidade, a construção de três penitenciárias e a aquisição de novos veículos - um recorde.

"Vincular violência somente a problemas sociais, por exemplo, é um erro. O crime organizado e a brutalidade que ele gera são um fenômeno internacional", diz a juíza aposentada Denise Frossard. Os códigos de crueldade das organizações criminosas chinesas, com mutilações do globo ocular, ou da máfia italiana, especializada em decepar a língua dos traidores, não diferem em nada do "microondas", criação dos traficantes cariocas para incinerar seus inimigos.

As soluções para tentar diminuir a espiral da brutalidade também podem ser encontradas no exterior. Criado em 1993, o projeto de Tolerância Zero, da prefeitura de Nova York, tinha desde o início o objetivo de combater os violentos crimes de homicídio por tráfico de drogas. Descobriu-se que o furto de veículos, um crime mais leve, tinha relação direta com os assassinatos.

Combatendo-se o furto, caía também o número de mortes. Assim feito, ao mesmo tempo que uma faxina nas delegacias eliminou centenas de policiais corruptos. São medidas que, no Brasil, ainda estão no campo da discussão. Quando finalmente se decidir pela ação, talvez já seja tarde. Por enquanto, a sociedade se pergunta, perplexa, como pode uma parte dela comportar-se de modo tão bárbaro. (Veja, jun. de 2002)

b) Iniciativas contra sete gatilhos da violência urbana

É imprescindível discutir a violência quando ocorre um homicídio por hora só na grande São Paulo. A cifra prova que o poder público fracassou numa das principais obrigações determinadas pela Constituição: garantir a segurança dos cidadãos. Este artigo apresenta iniciativas que tentam minimizar algumas causas da violência como as detalhadas no quadro abaixo. Elas atuam sobre sete fatores que influem na criminalidade: desemprego, narcotráfico, urbanização, cidadania, qualidade de vida, identidade e família.

Vigário Geral

Nome: Grupo Cultural Afro Reggae

Área de atuação: combate ao narcotráfico e ao subemprego

Comunidades atendidas: Vigário geral, Cidade de Deus, Cantagalo e Parada de Lucas, Rio de Janeiro (RJ)

População atendida: 744 jovens e adultos (números atuais)

Quando começou: 21 de janeiro de 1993

Quem financia: Fundação Ford (apoio institucional)

Mais informações: site...

Jardim Ângela

Nome: Base Comunitária da Polícia Militar

Área de atuação: policiamento e atendimento social

Comunidades atendidas: Jardim Ângela

População atendida: 260 mil habitantes

Quando começou: 1998

Quem financia: Governo do Estado de São Paulo

Mais informações: fone...

(...)

Daiane D. Baptista de Lima

Sr. Redator:

Na data de 10 de junho de 2002, venho lhe apresentar minha visão e perspectiva (sobre a) grande violência (com a qual) a cidade de Londrina está sendo atacada.
Eu, como cidadã e participante da grande massa que é denominada sociedade, tenho como direito, e até mesmo (como) obrigação, opinar sobre o assunto.
O principal fator a que se deve tal desatino é a falta de estímulo e a deficiência no sistema de ensino, pois creio que a base de todo ser pensante seja o conhecimento.
O ser humano que não tem condições de se manter através de suas habilidades, que muitas vezes nem são descobertas ou desenvolvidas por falta de oportunidade, buscará se firmar na vida de uma forma mais "fácil".
Outro fator exorbitante que contribui para tais índices de violência é a impunidade. Se houvesse um sistema em que a pena não fosse branda, os indivíduos se intimidariam de modo a não serem capazes de se arrisacar em práticas maléficas.
Acredito que através desta carta o senhor possa ter ao menos uma noção do que nós, enquanto sociedade, necessitamos para exterminar pela raiz o problema que nos tem afligido.

Atenciosamente,
D.D.B.L.

Outro exemplo de texto(do site Mundo Vestibular):

Londrina, 10 de setembro de 2002

Prezado editor,

O senhor e eu podemos afirmar com segurança que a violência em Londrina atingiu proporções caóticas. Para chegar a tal conclusão, não é necessário recorrer a estatísticas. Basta sairmos às ruas (a pé ou de carro) num dia de "sorte" para constatarmos pessoalmente a gravidade da situação. Mas não acredito que esse quadro seja irremediável. Se as nossas autoridades seguirem alguns exemplos nacionais e internacionais, tenho a certeza de que poderemos ter mais tranqüilidade na terceira cidade mais importante do Sul do país.

Um bom modelo de ação a ser considerado é o adotado em Vigário Geral, no Rio de Janeiro, onde foi criado, no início de 1993, o Grupo cultural Afro Reggae. A iniciativa, cujos principais alvos são o tráfico de drogas e o subemprego, tem beneficiado cerca de 750 jovens. Além de Vigário Geral, são atendidas pelo grupo as comunidades de Cidade de Deus, Cantagalo e Parada de Lucas.

Mas combater somente o narcotráfico e o problema do desemprego não basta, como nos demonstra um paradigma do exterior. Foi muito divulgado pela mídia - inclusive pelo seu jornal, a Folha de Londrina - o projeto de Tolerância Zero, adotado pela prefeitura nova-iorquina há cerca de dez anos.

Por meio desse plano, foi descoberto que, além de reprimir os homicídios relacionados ao narcotráfico (intenção inicial), seria mister combater outros crimes, não tão graves, mas que também tinham relação direta com a incidência de assassinatos. A diminuição do número de casos de furtos de veículos, por exemplo, teve repercussão positiva na redução de homicídios.

Convenhamos, senhor editor: faltam vontade e ação políticas. Já não é tempo de as nossas autoridades se espelharem em bons modelos? As iniciativas mencionadas foram somente duas de várias outras, em nosso e em outros países, que poderiam sanar ou, pelo menos, mitigar o problema da violência em Londrina, que tem assustado a todos.

Espero que o senhor publique esta carta como forma de exteriorizar o protesto e as propostas deste leitor, que, como todos os londrinenses, deseja viver tranqüilamente em nossa cidade.

Atenciosamente,

M.

Aula 13 - Os tipos de persuasão



Exercício:

Identificar os tipos de persuasão utilizados no texto abaixo.

COMUNICADO DO SERVIÇO SOCIAL DA COSEAS SOBRE A OCUPAÇÃO DO NOSSO ESPAÇO DE TRABALHO

Os funcionários técnicos e administrativos da Divisão de Promoção Social da Coordenadoria de Assistência Social desta Universidade vêm a público manifestar seu profundo desagrado e o sentimento de desrespeito pelo trabalho que desenvolvem, conforme atestam os acontecimentos relatados a seguir.

Em 18/03/2010, às duas horas da madrugada, a diretoria da Associação dos Moradores do Conjunto Residencial da USP, acompanhada de alunos e não alunos, decidiu ocupar o prédio onde funciona o Serviço Social da Coordenadoria de Assistência Social desta Universidade, órgão responsável pela administração do CRUSP e seleção dos alunos aos diversos benefícios existentes, entre outras atribuições.

A chamada “ocupação pacífica” foi justificada pelo grupo com o seguinte:

* Falta de vagas na moradia
* Atraso da reitoria na conclusão da obra de um novo bloco de residência
* Expulsões arbitrárias de moradores (inclusive de madrugada)
* Fim do programa Bolsa Trabalho
* Irregularidades constatadas nos processos de seleção sócio-econômica da Coseas
* Privatização do espaço de moradia cedida pela USP ao banco Santander
* Terceirização e precarização das condições de trabalho em órgãos administrados pela Coseas
* Política de vigilância e perseguição e violência implementada pela Coseas contra os moradores.

Reivindicações da ocupação:

* Mais vagas na moradia e nos alojamentos
* Agilização da conclusão das obras do novo bloco de moradia
* Fim das expulsões arbitrárias de estudantes da moradia
* Fim do serviço de vigilância e da prática de violência irregular da Coseas
* Autonomia dos estudantes no espaço da moradia e nos processos seletivos para os programas de permanência
* Contratação de funcionários e melhoria nas condições desumanas de trabalho e atendimento nos restaurantes da Coseas

(Fonte: Coseas Ocupada — panfleto distribuído na ocasião)

Na manhã dessa quinta-feira, fomos impedidos de entrar em nossas salas para trabalhar e mesmo de retirar objetos e documentos pessoais, sob xingamentos e ameaças.

O trabalho do Serviço Social sempre foi pautado pela possibilidade de participação dos alunos por meio do diálogo, buscando melhorias no entendimento. Os critérios do processo seletivo atual foram discutidos ao longo dos últimos anos.

A invasão nos tirou as ferramentas de trabalho de forma violenta, pois nenhuma ocupação pacífica se dá por arrombamento de portas e impedimento do acesso dos funcionários.

Salientamos que nesse espaço encontram-se documentos sigilosos que se revelados deixam pública a situação social e econômica de todos os que dependem do atendimento do Serviço Social deste campus, quais sejam alunos e trabalhadores docentes e técnico administrativos que participam das diversas seleções (creches, moradia, bolsas etc).

Em relação às reivindicações apresentadas, temos a dizer o seguinte:

* a maioria não pertence à alçada de nosso trabalho e nossa possibilidade de resolução. O que nos compete é o estudo das necessidades e fornecimento de subsídios para que outras instâncias tomem decisões a respeito dos apoios, incluindo a construção de moradias;
* Em relação aos atendimentos aos calouros, neste início de 2010, de todos os alunos pleiteantes aos benefícios do acolhimento, que comprovaram necessidade de apoio, atribuímos, emergencialmente, o seguinte: 180 bolsas alimentação (refeição gratuita nos restaurantes universitários), 74 vagas provisórias no alojamento do Crusp, 65 auxílios moradia (R$300,00 por mês), 30 auxílios transporte (R$ 150,00). A demanda não atendida refere-se a: 37 alunos que não completaram a documentação, 14 que desistiram do curso ou do apoio, 5 que já possuem uma graduação e 13 que estão fora de perfil socioeconômico desse grupo requisitante. Estes dados são somente do campus do Butantã.
* A bolsa trabalho não foi extinta e sim substituída pelo Programa “Aprender com Cultura e Extensão” da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, tendo a quantidade ampliada de 600 para 900 bolsas.
* A respeito das expulsões arbitrárias, esclarecemos que tal fato não ocorre no horário noturno. Os alunos que já esgotaram o tempo de permanência ou que são formados e que se negam a deixar a moradia, são submetidos a processo judicial e notificados por oficiais de justiça.
* A prática irregular de violência (existe violência regular?) não faz parte da prática dos agentes de segurança que muito têm colaborado no sentido de mediar conflitos entre moradores e evitar transtornos. Estes agentes fazem um trabalho de prevenção e proteção dos próprios moradores.
* Sobre a autonomia nos processos de seleção acreditamos que para ser legítimo esse processo deve ser feito por profissionais capacitados para sua operacionalização com ética e sigilo, pois deve ser imparcial. O diagnóstico social e o atendimento é prerrogativa do assistente social conforme a legislação pertinente.
* Quanto às irregularidades no processo seletivo, trabalhamos a partir de informações, declarações e documentos de responsabilidade dos usuários. A comprovação da situação socioeconômica de cada um é feita a partir destes documentos.

Baseadas nisto, vimos solicitar o apoio da comunidade uspiana para retomarmos o quanto antes nosso espaço e condições de trabalho, evitando prejuízos aos alunos e trabalhadores que dependem do nosso fazer.

São Paulo, 19 de março de 2010.
Equipe do Serviço Social da Coseas
Com o apoio da Coordenadora da Coseas
e de seus Diretores1

Herbert Reis de Souza/ Gabriel B. da Silva

* "manifestar seu profundo desagrado e o sentimento de desrespeito pelo trabalho que desenvolvem"/ "Na manhã dessa quinta-feira, fomos impedidos de entrar em nossas salas para trabalhar e mesmo de retirar objetos e documentos pessoais, sob xingamentos e ameaças."/ "A invasão nos tirou as ferramentas de trabalho de forma violenta, pois nenhuma ocupação pacífica se dá por arrombamento de portas e impedimento do acesso dos funcionários." - crítica aos invasores da instituição

* "Salientamos que nesse espaço encontram-se documentos sigilosos que se revelados deixam pública a situação social e econômica de todos os que dependem do atendimento do Serviço Social deste campus, quais sejam alunos e trabalhadores docentes e técnico administrativos que participam das diversas seleções (creches, moradia, bolsas etc)." - perda de algo positivo à comunidade

* "Em relação aos atendimentos aos calouros, neste início de 2010, de todos os alunos pleiteantes aos benefícios do acolhimento, que comprovaram necessidade de apoio, atribuímos, emergencialmente, o seguinte: 180 bolsas alimentação (refeição gratuita nos restaurantes universitários), 74 vagas provisórias no alojamento do Crusp, 65 auxílios moradia (R$300,00 por mês), 30 auxílios transporte (R$ 150,00). A demanda não atendida refere-se a: 37 alunos que não completaram a documentação, 14 que desistiram do curso ou do apoio, 5 que já possuem uma graduação e 13 que estão fora de perfil socioeconômico desse grupo requisitante. Estes dados são somente do campus do Butantã." - Explicação: os autores da carta explicam que os serviços prestados por eles estão corretos, ou seja, não deveriam ser constestados com a violência de uma ocupação estudantil.

* "A bolsa trabalho não foi extinta e sim substituída pelo Programa “Aprender com Cultura e Extensão” da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, tendo a quantidade ampliada de 600 para 900 bolsas." - a comunidade ganhou algo positivo

* "A respeito das expulsões arbitrárias, esclarecemos que tal fato não ocorre no horário noturno. Os alunos que já esgotaram o tempo de permanência ou que são formados e que se negam a deixar a moradia, são submetidos a processo judicial e notificados por oficiais de justiça.
* A prática irregular de violência (existe violência regular?) não faz parte da prática dos agentes de segurança que muito têm colaborado no sentido de mediar conflitos entre moradores e evitar transtornos. Estes agentes fazem um trabalho de prevenção e proteção dos próprios moradores." - perda de algo positivo (proteção e segurança)

Aula 12 - O gênero carta argumentativa


Simulado Unicamp 2011 - conferir tema abaixo

Daiane D. Baptista de Lima

Sr. Artur da Távola:

Na semana passada tive o prazer de ler sua crônica "Olho de menino triste". Preciso lhe apresentar alguns pontos que considero de extrema importância a respeito deste tema, mas antes tenho de lhe contar a minha história.
Quando criança, eu tinha uma grande dificuldade de me enturmar, fosse na escola ou em qualquer outro local. Não conseguia fazer amigos e vivia sempre solitário. Minha professora (assim como a M1 em sua crônica) percebeu a minha extrema aversão a qualquer possibilidade de me relacionar com os demais. A partir deste dia, ela começou a me tratar de modo diferenciado, usava de jogos que estimulavam a minha capacidade de criação e comunicação. Depois de alguns meses, passei a ser o líder da turma e hoje sou o presidente de uma grande empresa.
Por ter vivido uma experiência e sentido o quanto é importante um ensino com um estímulo diferenciado para crianças com dificuldades, venho lhe parabenizar por dar atenção para tal assunto, que está bem em frente aos nossos olhos, porém, muitos se recusam a vê-lo. Sua crônica retratou com excelência os olhos de um menino triste.

Atenciosamente,
A.N.

Aula 12 - O gênero carta argumentativa



Simulado Unicamp 2011

Leia a crônica abaixo e coloque-se na posição de um adulto que teve uma experiência escolar de “menino triste” e resolveu relatá-la em uma carta endereçada ao autor da crônica. Nessa carta, marcada por uma interlocução bem definida, você deverá:
• relatar sua experiência escolar de menino triste;
e
• relacionar essa experiência com a posição de M-1 ou de M-2, mostrando como sua escola lidou com a questão.

Lembre-se de que não deverá recorrer à mera colagem de trechos do texto lido.

Olho de menino triste
Duas pessoas que não conheço dialogam no ônibus e participo, em silêncio, ouvindo e pensando. Adorável conversa a três na qual apenas dois falam.
M-1 é a moça um. M-2 é a moça dois, a interlocutora. A-T sou eu. Elas conversavam, eu ouvia e pensava.

M-1 – Nada me comove mais que olho de menino triste. Você não tem vontade de chorar?
M-2 – Ah, minha filha, eu nem olho muito. De triste já chega a vida. Finjo que não vejo e só reparo os meninos alegres, aqueles comunicativos. Criança, para mim, tem que ser feito aquelas dos anúncios: sempre perfeitas, fortes, gordas, engraçadinhas e modelares.
M-1 – Também acho, mas quando vejo uma criança de olho triste, não consigo me desligar do que ela estará pedindo sem falar. Fico numa agonia danada querendo adivinhar qual é o seu problema. Tenho certeza de que ninguém alcança.
A-T – Não adianta, moça. O inconsciente humano, assim como carrega o passado do homem e da espécie, também tem germens de antecipação do futuro. As dores da humanidade, presentes, passadas e por vir, já acompanham algumas pessoas. E modelam seus rostos, olhos e mensagens corporais silenciosas...
M-2 – Deixa isso pra lá. A gente não vai salvar o mundo, mesmo. Se você ficar sempre olhando o lado triste quem acaba na fossa é você e sem nenhum proveito. Fossa pega, menina. E quem fica na fossa não tira ninguém dela. Sei lá. Se você ficar triste, por causa dele, o menino de olho triste vai ficar mais triste ainda.
M-1 – Pode ser que você tenha razão. Mas se fico negando a parte triste e transformo tudo em alegria, tenho a sensação de estar enganando minhas crianças (nessa hora, percebi que ambas eram professoras). O que é que ou fazer, se lá no colégio sinto mais simpatia pelos que ficam quietinhos, morrendo de medo dos outros, loucos de vontade de brincar mas sem coragem de se enturmar.
A-T – Esses vão ser assim sempre. Claro que terão, na mocidade, um período de reação, no qual tentarão se extroverter e nesse afã seguramente hão de exagerar. Lentamente, porém, como um rio após a enchente, voltarão para o leito de sua disposição inata e seguirão pela vida sempre olhando os brinquedos do lado de fora da vitrina.
M-2 – Bobagem sua. Com jeito, você pode ir atraindo os mais encabulados para a brincadeira dos outros. Se eles sentem que você está com peninha, nunca vão reagir. Vão é se basear na sua pena para ficar ainda mais tristes.
M-1 – E você pensa que não tenho tentado? É que observei que os meninos tristes, mesmo quando incentivados a brincar com os demais, acabam voltando ao que são, dentro da brincadeira. Os mais alegres e soltos sempre levam a melhor. Fico pensando se não seria o caso de se inventar uma pedagogia especial para a sensibilidade. Não há currículo? Não há nota? Não há teste de inteligência e de habilidades psicomotoras? Se tudo isso é importante, por que a escola não inventa, também, um tipo de currículo ou de pedagogia ou até mesmo escolas especiais para as crianças mais sensíveis? Acho que, se a gente consegue integrá-las na média, mais do que educando estará é violentando uma parte boa delas. Você não acha?
M-2 – Não acho, não. Se a escola conseguir formar e aprimorar sensibilidades, você acha que depois, na vida aqui de fora, haverá a mesma compreensão para os sensíveis? Essa não. Não é o mundo que tem que se adaptar às pessoas. Elas é que têm que se adaptar ao mundo.
A-T – Estava na hora de saltar. Desci feliz. Uma conversa como esta, de duas professoras, mostra que o mundo pode ser salvo. Mas fiquei pensando: talvez sejam os meninos tristes que o salvarão, sempre que a escola, um dia, os entenda e aprenda a cuidar-lhes sensibilidade e emoção da mesma maneira que se lhes aprimora a inteligência. Mas pedagogias à parte: haverá algo mais apatetante, culposo e dolorido que menino de olho triste? (Artur da Távola. Mevitevendo (Crônicas). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1996: 25-27.)

Bianca Kaori:

Atibaia, 25 de junho de 2010

Caro Artur da Távola:

Ao ler sua crônica "Olho de menino triste", lembrei-me da minha infância e do quanto ela foi triste.
Aos seis anos de idade, perdi meus pais em um trágico assalto. Vi meus pais serem mortos e o barulho daquele tiro permanece em minha mente. Meus pais eram a única família que eu possuía, tanto que (depois) passei a morar em um orfanato.
Aos sete anos, entrei na escola e comecei a cursar a primeira série do ensino fundamental. Lembro da dificuldade que tinha ao aprender a ler. Quando a professora fazia chamada oral, todas as crianças acertavam (o exercício, enquanto) eu sempre errava. Por esses erros passei a ser motivo de piadas. Logo as crianças souberam o motivo, (e descobrindo que) eu morava no orfanato, seus olhares me condenaram. Mas ao ler (sobre) a "M-2", lembrei-me da professora que mal me olhava, agia naturalmente e nunca me tratava de (modo) diferente. Quando ela me olhava, seus olhos não me condenavam e não tinham piedade. Através do olhar de minha professora, percebi que era uma criança normal.
Hoje, sei que sou capaz, graças (à minha M-2).

Atenciosamente,
B.K.

Aula Extra - Comentários sobre as narrativas


A partir da figura escolhida, realizar uma descrição objetiva e uma descrição subjetiva sobre o fato retratado.

Daiane Damaris Baptista de Lima

Descrição Objetiva

A figura mostra um rapaz em uma grande cidade, sentado em uma ponte a tocar violoncelo ao cair da noite.
Podemos notar que ao fundo há a presença de um rio, muitos carros e prédios.

Descrição Subjetiva

Mesmo estando em uma grande cidade, sentado em uma ponte a mostrar sua arte, ninguém parou para ouvi-lo, ou melhor, ninguém teve tempo, e por esse motivo não notaram a sua canção.
A noite caía e ele continuava a tocar seu lindo e sereno violoncelo, e as únicas que lhe pararam para lhe fazer companhia foram a tristeza e a solidão.

Aula 11 - Descrição: a construção de personagens e cenários


(Unicamp 1995)

Na coletânea abaixo, há elementos para a construção d eum texto narrativo em que se tematiza o relacionamento entre duas pessoas, o cruzamento de duas vidas. Sua tarefa será desenvolver essa narrativa, segundo as intruções gerais.

A tragédia deste mundo é que ninguém é feliz, não importa se preso a uma época de sofrimento ou de felicidade. A tragédia deste mundo é que todos estão sozinhos. Pois uma vida no passado não pode ser partilhada com o presente.
(Ana Lightman, Sonhos de Einstein, 1993)

Cena A: Um homem, uma mulher

- Uma mulher deitada no sofá, cabelos molhados, segurando a mão de um homem que nunca voltará a ver.
- Luz do sol, em ângulos abertos, rompendo uma janela no fim da tarde. (...) Uma imensa árvore caída, raízes esparramadas no ar, casca e ramos ainda verdes.
- O cabelo ruivo de uma amante, selvagem, traiçoeiro, promissor.
- Um homem sentadoi na quietude de seu estúdio, segurando a fotografia de uma mulher; há dor no olhar dele.
- Um rosto estranho no espelho, grisalho nas têmporas.
- As sombras azuis numa noite de lua cheia. O topo de uma montanha com um vento forte e constante.

Camila da Fonseca Moreira

A.A. - Agora acabou

Após beber muito, outra vez, em uma festa, Marta começa a brigar com ciúmes do marido.
Joaquim a puxa pelo braço, a leva para casa. Ele já não aguenta mais, não sente orgulho de sua mulher, sente vergonha!
Chegando em casa, Joaquim dá um banho gelado em Marta, lhe veste o robe e a deita no sofá. Ela vomita.
Joaquim, com um misto de piedade e raiva, tira a camisa e limpa seu rosto, então se despede. Marta tenta puxá-lo, mas como está bêbada, não consegue e adormece.
No dia seguinte, de manhã, Joaquim em seu trabalho olha a foto de Marta, de quando a conheceu - tão linda, cheia de vida e de planos, forte, com cabelos ruivos, misteriosa, alternando entre meiga e perigosa.
Enquanto isso, Marta acordava, com um fio de esperança, como uma fresta de luz dos últimos raios do pôr do sol, que Joaquim voltasse.
Ela caminhou até o banheiro, atordoada, se olhou no espelho, surpreendeu-se. "Como o tempo me castigou! Ou terá sido o álcool?". Mergulhada em suas lembranças, sentindo remorso, somava suas perdas: "O álcool tirou-me primeiramente a dignidade, depois o emprego, a mocidade, e agora meu marido".
Sentiu-se como uma árvore outrora forte, que o vendaval arrancara com raiz e jogara longe. Agora, toda aquela vitalidade, beleza e força não farão mais parte dela. Dificilmente seus últimos ramos, ainda verdes, sobreviverão por muito tempo, pois Marta já nao tem mesmo vontade nem motivos para continuar a viver.

Aula 10 - Análise de problemas estruturais na narrativa: a presença de inverossimilhanças e clichês


Tema: A bela das ruas (cf. postagem de maio)

Silvana Morais

Muito mais que uma história comovente

Hoje, depois de muito tempo passado, Fernanda, aquela moça conhecida como a "Bela das Ruas", descoberta por Mônica Bergamo, em uma de suas colunas na Folha de São Paulo, se encontra novamente em uma situação completamente diferente da que pensávamos ter. Como de praxe, repercutiu no Fantástico, na Márcia Goldsmith, em vários programas de tv, onde deu audiência, onde ganharam muito dinheiro em cima da história da pobre moça, fez book, estudou e ganhou uma casa por um ano (...), o que passa muito rápido!
Fernanda tirou proveito de tudo nesse meio tempo de um ano, porém, o tempo passou. Fernanda foi esquecida, a promessa de ser uma capa de revista não foi concretizada. Seu marido está trabalhando, sustentando o aluguel e a alimentação. O filho, Caio, estuda em uma ecsola pública e a "Bela das Ruas" trabalha em uma loja de conveniência, de onde tira dinheiro para seus estudos.
Agora, seu sonho não é mais ser uma top, ou simplesmente ser reconhecida por sua beleza, mas sim por sua inteligência e competência. Quer ser reconhecida futuramente como "doutora Fernanda". Todos a esqueceram, mas nós, novamente da Folha de São Paulo, não podíamos deixar uma história que deu tanta repercussão ser deixada de lado - não apenas a história em si, mas também seus personagens, que não podem ser esquecidos de tal forma, como se fossem máquinas de ganhar dinheiro.

Aula 8 - Foco narrativo e personagem


Unicamp 2006

Com o auxílio de elementos presentes na coletânea, trabalhe sua narrativa a partir do seguinte recorte temático:
Os meios de transporte sempre alimentaram o imaginário das pessoas em todas as fases da vida.
Desde a infância, os brinquedos e jogos exprimem e estimulam esse imaginário.
Instruções
1) Imagine a história de um(a) personagem que, na infância, era fascinado(a) por um brinquedo ou jogo representativo de um meio de transporte.
2) Narre a origem do encanto pelo brinquedo e o significado (positivo ou negativo) que esse encanto teve na vida adulta do(a) personagem.
3) Sua história pode ser narrada em primeira ou terceira pessoa.

Silvana Morais


Quando ainda pequeno, me imaginava pilotando um avião, ficava fissurado quando ia com meu pai assistir àquelas belas apresentações de aviões de caça. Gostava do que via e sentia.
Ainda me lembro como se fosse ontem quando fiz meu primeiro teste, de aviador. Estava me preparando há muito tempo, tanto fisicamente como psicologicamente. O desespero de não conseguir era enorme: aquele era meu momento, a minha hora! Não conseguia enxergar mais ninguém, só (podia) sentir e ver um infinito para sobrevoar. (...) Era meu sonho sendo realizado. Por fim, (alcancei meu objetivo), trabalhei por muitos anos, fui reconhecido, fiz muitos amigos, construí minha vida, meu futuro...
Hoje aqui estou eu sentado, mas não em um banco de caça, e sim em uma cadeira de rodas, escrevendo sobre tudo aquilo por que passei, tudo aquilo que vivi. Minha vida era pilotar, me sentia livre como um pássaro quando estava nas alturas com meu caça - (Lassie, o nome da minha mãe). Ah! éramos reconhecidos.
O que houve comigo? Sofri um acidente no céu, estava em uma apresentação, ouvia todos me aplaudindo, era mais um belo domingo, quando, sem saber ao certo o que me aconteceu, perdi o controle de Lassie. Quando acordei, estava em uma cama de hospital, sem sentir minhas pernas.
Hoje, não mais piloto, mas estou (sempre) assistindo, de camarote, às apresentações de meu filho, que supostamente, é igual ao pai...

Primeiro Simulado do Gauss - Redação


(Jéssica Aparecida de Almeida)

Sociedade e suas mentiras

Desde seu nascimento, Vitória fora ensinada a ser verdadeira. Em sua casa mentir era o maior pecado.
No período escolar, Vitória preferia entregar as avaliações em branco do que colar. Mesmo quando tentava contar uma pequena mentirinha, era como se algo a travasse, lembrando (lhe) do que seus pais (lhe) diziam.
Evitava até visitar pessoas doentes, pois não conseguia fazer uso do código ético e tentar ser delicada. Para ela, mentira sempre era mentira, não importando se era para o bem ou para o mal.
Amigos foram se perdendo. E Vitória se via sozinha. Nem seus pais suportavam tanta sinceridade. Eles, que a ensinaram a não ser hipócrita, já não a toleravam.
Vendo-se nesta situação ela resolveu ser agradável. Sempre elogiava as pessoas para ser gentil. Dizia (constantemente) o que (todos) gosta(vam) de ouvir.
Sua credibilidade estava cada vez maior diante da sociedade daquele município.
Seu nome agora estava concorrendo à prefeitura da cidade. (Afinal), suas mentiras era(m) (...) o que a população gostava de ouvir.