quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Aula 12. A sequência descritiva

(Unesp 1995) Sabemos que a Poesia Concreta adota, entre outros procedimentos, a valorização do poema no espaço branco da página. Com apoio das artes gráficas, os textos ganham em expressividade visual. Baseado neste comentário, releia o poema de Arnaldo Antunes, como foi originalmente editado na figura adiante, e responda:



(Antunes, Arnaldo - TUDOS. - 3 ed., São Paulo: Iluminuras, 1993)

a) Em que sentido esse texto poderia se enquadrar nos parâmetros da Poesia Concreta?
O poema apresenta a construção gráfica própria dos poemas concretos.
JOÃO RICARDO

b) Justifique sua resposta fazendo uma descrição de, pelo menos, um procedimento gráfico expressivo na construção do poema.
As repetições das palavras "pensa" e "nunca", que vão sendo ampliadas, dão toda a intensidade do poema.
JOÃO RICARDO

Unicamp 2008
Trabalhe sua narrativa a partir do seguinte recorte temático:
Hoje, mais do que nunca, podemos afirmar que “a cidade não dorme”. Além de freqüentarem bares, clubes, cinemas e bailes, há um crescente número de pessoas que circulam à noite pela cidade, física ou virtualmente, trabalhando, consumindo, estudando, divertindo-se.
Instruções:
• Imagine a história de um(a) personagem que encontre um grupo que vivencia a noite e, identificando-se com ele, passe a ver a cidade a partir de uma nova perspectiva;
• Narre o encontro, o processo de descoberta e a transformação que o(a) personagem experimentou;
• Sua história pode ser narrada em primeira ou em terceira pessoa.



Severino

Severino sempre foi um sujeito pacato, mas, nos últimos dias, ela andava muito agitado, com um sentimento que lhe apertava o peito: saudades de algo que não conhecia.
Entre um pensamento e outro, sua dor só fazia aumentar. Em meio a essa confusão emocional, nosso herói começou a pensar no tempo em que ele ajudava o seu velho pai. Mestre de obra de primeira, sabia de quase tudo sobre construção civil.
Severino, entretanto, não queria essa vida. (...) Foi nessa época que decidiu vir para São Paulo. Logo que chegou, já lhe arrumaram serviço de porteiro em um edifício comercial na Avenida Paulista. E é em uma dessas tardes tipicamente paulistanas que ele se encontra, mais melancólico que antes.
Coitado, não via a hora de sair, ver a rua, respirar o ar puro. Severino mal esperou o colega chegare já foi batendo cartão, sufocado. Quando o jovem deu por si, já havia andado um bom pedaço.
Seus sentidos começaram a funcionar novamente. Identificou um som familiar, o de zabuca, mais o retinir do triângulo e a sanfona que aquecia o coração.
Em muito pouco tempo, já estava agarrado com uma morena dançando forró. E no final da noite, quando voltava para casa, era já outro homem. Havia encontrado o que lhe faltava: a sua identidade cultural.

WALDIR

Aula 10. Elementos da sequência narrativa: tempo e espaço

Tempo

(Unicamp 2006)


Leia o trecho a seguir e responda:
– Vovô, eu quero ver um cometa!
Ele me levava até a janela. E me fazia voltar os olhos para o alto, onde o sol reinava sobre a Saracena.
– Não há nenhum visível no momento. Mas você há de ver um deles, o mais conhecido, que, muito tempo atrás, passou no céu da Itália.
Muito tempo atrás...atrás de onde? Atrás de minha memória daquele tempo.
E vovô Leone continuava:
– Um dia, você há de estar mocinha, e eu já estarei morando junto das estrelas. E você há de ver a volta do grande cometa, lá pelo ano de 2010...
Eu me agarrava à cauda daquele tempo que meu avô astrônomo me mostrava com os olhos do futuro e saía de sua casa. Na rua, com a cabeça nas nuvens, meus olhos brilhavam como estrelas errantes. Só baixavam à terra quando chegava à casa de vovô Vincenzo, o camponês.
(Ilke Brunhilde Laurito, A menina que fez a América. São Paulo: FTD, 1999, p. 16.)

No trecho "Muito tempo atrás... atrás de onde? Atrás de minha memória daquele tempo."
a) Identifique os sentidos de ‘atrás’ em cada uma das três ocorrências.
Na primeira ocorrência, no excerto "muito tempo atrás", o termo "atrás" tem o mesmo sentido de "anteriormente". Na segunda corrência ("atrás de onde?"), o termo (indica uma localização). Na terceira ocorrência "Atrás da minha memória daquele tempo") há a referência simultânea ao espaço e ao tempo.
VANESSA ALVES/ JOÃO RICARDO

b) Compare "Atrás de minha memória daquele tempo" com "Atrás do jardim da minha casa". Explique os sentidos de ‘atrás’ em cada uma das frases.
Os dois "atrás" possuem sentidos diferentes em cada frase. O da frase "Atrás da minha memória daquele tempo" refere-se a algo situado anteriormente em tempo e posteriormente em posição. O da frase "Atrás do jardim da minha casa" refere-se unicamente à espacialidade, à localização.
JOÃO RICARDO

Espaço

(Unicamp 2009)

Observe o poema abaixo. Nele, Carlos Drummond de Andrade reescreve a famosa “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias, na qual o poeta romântico idealiza a terra natal distante:

NOVA CANÇÃO DO EXÍLIO
A Josué Montello

Um sabiá
na palmeira, longe.
Estas aves cantam
um outro canto.

O céu cintila
sobre flores úmidas.
Vozes na mata,
e o maior amor.

Só, na noite,
seria feliz:
um sabiá,
na palmeira, longe.

Onde é tudo belo
e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.)

Ainda um grito de vida e
voltar
para onde é tudo belo
e fantástico:
a palmeira, o sabiá,
o longe.

Além de expatriação, a palavra exílio significa também “lugar longínquo” e “isolamento do convívio social”.
a) Quais palavras expressam estes dois últimos significados no poema de Drummond?
O lugar longínquo é expressado pela palavra "longe". (O isolamento, pela repetição da palavra "só").
CAMILA MORAES

b) Como o eu lírico imagina o lugar para onde quer voltar?
O eu-lírico imagina um lugar ameno, perto da natureza, onde ele se sentiria bem e provavelmente seria feliz.

(UERJ 2007 - Adaptada)

O adeus / Rubem Braga

No oitavo dia sentimos que tudo conspirava contra nós. Que importa a uma grande cidade que haja um apartamento fechado em alguns de seus milhares de edifícios; que importa que lá dentro não haja ninguém, ou que um homem e uma mulher ali estejam, pálidos, se movendo na penumbra como dentro de um sonho? Entretanto a cidade, que durante uns dois ou três dias parecia nos haver esquecido, voltava subitamente a atacar. O telefone tocava, batia dez, quinze vezes, calava-se alguns minutos, voltava a chamar; e assim três, quatro vezes sucessivas.
Alguém vinha e apertava a campainha; esperava; apertava outra vez; experimentava a maçaneta da porta; batia com os nós dos dedos, cada vez mais forte, como se tivesse certeza de que havia alguém lá dentro. Ficávamos quietos, abraçados, até que o desconhecido se afastasse, voltasse para a rua, para a sua vida, nos deixasse em nossa felicidade que fluía num encantamento constante.
Eu sentia dentro de mim, doce, essa espécie de saturação boa, como um veneno que tonteia, como se meus cabelos já tivessem o cheiro de seus cabelos, se o cheiro de sua pele tivesse entrado na minha. Nossos corpos tinham chegado a um entendimento que era além do amor, eles tendiam a se parecer no mesmo repetido jogo lânguido, e uma vez que, sentado, de frente para a janela por onde se filtrava um eco pálido de luz, eu a contemplava tão pura e nua, ela disse: “Meu Deus, seus olhos estão esverdeando”.
Nossas palavras baixas eram murmuradas pela mesma voz, nossos gestos eram parecidos e integrados, como se o amor fosse um longo ensaio para que um movimento chamasse outro: inconscientemente compúnhamos esse jogo de um ritmo imperceptível, como um lento bailado. Mas naquela manhã ela se sentiu tonta, e senti também minha fraqueza; resolvi sair, era preciso dar uma escapada para obter víveres; vesti-me lentamente, calcei os sapatos como quem faz algo de estranho; que horas seriam?
Quando cheguei à rua e olhei, com um vago temor, um sol extraordinariamente claro me bateu nos olhos, na cara, desceu pela minha roupa, senti vagamente que aquecia meus sapatos. Fiquei um instante parado, encostado à parede, olhando aquele movimento sem sentido, aquelas pessoas e veículos irreais que se cruzavam; tive uma tonteira, e uma sensação dolorosa no estômago.
Havia um grande caminhão vendendo uvas, pequenas uvas escuras; comprei cinco quilos. O homem fez um grande embrulho de jornal; voltei, carregando aquele embrulho de encontro ao peito, como se fosse a minha salvação. E levei dois, três minutos, na sala de janelas absurdamente abertas, diante de um desconhecido, para compreender que o milagre acabara; alguém viera e batera à porta, e ela abrira pensando que fosse eu, e então já havia também o carteiro querendo o recibo de uma carta registrada, e quando o telefone bateu foi preciso atender, e nosso mundo foi invadido, atravessado, desfeito, perdido para sempre – senti que ela me disse isso num instante, num olhar entretanto lento (achei seus olhos muito claros, há muito tempo não os via assim, em plena luz), um olhar de apelo e de tristeza onde entretanto ainda havia uma inútil, resignada esperança.


O título do texto de Rubem Braga é o prenúncio de uma idéia de separação que percorre a narrativa. Essa idéia é percebida pelos personagens por meio da invasão do espaço? Justifique.
A ideia de separação presente no título "Adeus" é percebida como a invasão do espaço pelas personagens, pois os dois queriam se isolar da realidade e para isso trancaram-se em um apartamento a fim de que as influências externas não perturbassem a vida pessoal do casal. Contando com a espécie de barreira de um ambiente completamente fechado tentaram ali interromper o cotidiano agitado da cidade. Entretanto, quando por um instante se viram fazer parte daquela rotina novamente, perceberam que o seu "nosso mundo foi invadido, atravessado, desfeito, perdido para sempre".
CAMILA MORAES

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Aula 9. Elementos da sequência narrativa: enredo, narrador e personagem

(UEM 2007 - adaptada) Leia o texto a seguir e responda ao que se pede.

Apelo
Dalton Trevisan

Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.

Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o canário ficou mudo. Não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam. Ficava só, sem o perdão de sua presença, última luz na varanda, a todas as aflições do dia.

Sentia falta da pequena briga pelo sal no tomate — meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa. Calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolha? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.

a) Identifique e escreva qual é o tema do conto, o tipo de narrador, o espaço (ou espaços) em que se passa a ação e os personagens principais da história.
O tema do conto Apelo é um pedido do narrador que ficou desestruturado com a partida da Senhora. O espaço em que se desenvolve a ação é em uma casa, principalmente. Os personagens principais são o narrador e a Senhora que partiu. O tipo de narração é a feita em primeira pessoa.
LUCIENE SANTOS

b) Em relação à compreensão do conto, discorra sobre as relações que podem ser estabelecidas entre tema, o tipo de narrador, o espaço (ou os espaços) em que se passa a ação e os personagens principais do enredo.
O narrador se descreve de maneira a deixar implícita a sua brutalidade, sua secura, a sua ausência de demonstrações de afeto, que, ao seu ver, era seu "jeito de querer bem". Ao se encontrar, contudo, sem a presença da Senhora, percebe que sua casa ambém vai se transformando em um local em que reina a falta de carinho e de cuidado. Roga pela volta da Senhora para que ela seja a mediadora da brutalidade que reina na casa e em sua vida.

Exercício de Escrita IX:

(UEL 2010)





A foto, feita pelo fotógrafo amador Haruo Ohara (1909- 1999). registra a presença de duas crianças brincando em uma área rural. A menina empunha uma sombrinha e o garoto usa chapéu, o que sugere um dia de sol. As crianças não têm brinquedos e se divertem com o que encontram naquele momento. O garoto segura com firmeza a escada, demonstrando zelo e cuidado com a companheira de diversão.

Com base nesses elementos e na observação da imagem, elabore um texto narrativo em que as lacunas dessa cena sejam preenchidas por personagens, conflitos e ações, num determinado tempo e espaço.

Vamos brincar?

A pequena garota observa o brinquedo. Ele é composto por dois troncos de madeira mal talhados em posição vertical, um paralelo ao outro. Entre os dois troncos, há sete pequenos degraus distribuídos uniformemente, cada um colocado em posição perpendicular ao tronco oposto. Não há muita razão em um brinquedo como este, mas para uma criança um simples objeto pode se transformar em algo de muita utilidade e diversão. É por esse ponto de vista que a garotinha vê esse aparelho tão complexo. Isabel. Este é o seu nome.
O céu azul que compõe esse ambiente mescla-se com nuvens cinzas. É sinal de chuva. Mas Isabel ouviu as ordens da mamãe: "Leve seu guarda-chuva, minha querida, pois choverá esta tarde". Isabel, com seu guarda-chuva em punho, sente vontade de subir o brinquedo que se encontra à sua frente. Degrau por degrau, vai e se senta. Olha para baixo e sente um friozinho na barriga, já que para ela, que é tão miudinha, aqueles dois metros de altura significam uma infinitude.
Olha para cima. O sol ardente, dardejando raios brilhantes, ofusca sua visão. Isabel agora sente-se sozinha, pois não há ninguém no parque para brincar com ela. (...) A imensidão do local traz um vazio em seu peito. Não é tédio. É a esperança de que aparecerá alguém para divertir-se junto a ela. (...)
Então abre seu guarda-chuva. E o fecha. E o abre novamente, resolvendo deixá-lo desta vez nesta mesma posição. Olha para o horizonte e vê alguém vindo. Em alguns instantes esse alguém, que é um pequeno menino, surge em feições abaixo de Isabel, no pé do brinquedo. Olham-se nos olhos. O menino sugere saltar de cima das toras de madeira, utilizando o guarda-chuva para alçar o pequeno voo (igual aos desenhos da tv).
Isabel olha desconfiada pequeno Vinícius. Ela é medrosa e sente desconfiança sobre a possibilidade de realizar este feito. Após instantes, ela resolve aceitar. Levanta-se, apoiando-se no sétimo e último degrau. Ergue o braço direito, com o guarda-chuva aberto nas mãos e salta.
Foi rápido. No salto, o guarda-chuva envergou e a pequena caiu violentamente no chão. Quando chegou ao solo, abriu o choro - um berro estrondoso. Olhou para os lados, os olhos cheios de lágrimas, procurando Vinícius, o dono dessa ideia de Jacó. Mas ele não estava mais lá. Isabel, então, sentiu-se mais sozinha do que nunca. Começou a chover.

JOÃO RICARDO

Aula 8. Diferença entre seqüência textual e gênero textual



Exercícios de vestibulares

(Unicamp 2011)
Quando vitaminas atrapalham
Consumir suplementos de vitaminas depois de praticar exercícios físicos pode reduzir a sensibilidade à insulina, o hormônio que conduz a glicose às células de todo o corpo. Temporariamente, um pouco de estresse oxidativo – processo combatido por algumas vitaminas e que danifica as células – ajuda a evitar o diabetes tipo 2, causado pela resistência à insulina, concluíram pesquisadores das universidades de Jena, na Alemanha, e Harvard, nos Estados Unidos. Desse estudo, publicado em maio na PNAS, participaram 40 pessoas, metade delas com treinamento físico prévio, metade sem. Os dois grupos foram divididos em subgrupos que tomaram ou não uma combinação de vitaminas C e E. Todos os subgrupos praticaram exercícios durante quatro semanas e
passaram por exames de avaliação de sensibilidade da glicose à insulina antes e após esse período. Apenas exercícios físicos, sem doses adicionais de vitaminas, promovem a longevidade e reduzem o diabetes tipo 2. Ao contrário do que se pensava, os
resultados negam que o estresse oxidativo seja um efeito colateral indesejado da atividade física vigorosa: ele é na verdade parte do mecanismo pelo qual quem se exercita é mais saudável. A conclusão é clara: nada de antioxidantes depois de correr.
(Adaptado de “Quando vitaminas atrapalham”. Revista Pesquisa FAPESP 160, p.40, junho de 2009.)

a) Por se tratar de um texto de divulgação científica, apresenta recursos linguísticos próprios a esse gênero.
Quais são eles? Transcreva dois trechos em que esses recursos estão presentes.

Além de uma linguagem específica do ramo científico, os recursos linguísticos utilizados em um texto de divulgação contribuem para a identificação do gênero misto de divulgação científica. Como a notícia anunciada surge depois de muitas pesquisas, é comum encontrar a argumentação em torno do resultado da descoberta científica, como podemos observar no trecho: "Temporariamente, um pouco de estresse oxidativo – processo combatido por algumas vitaminas e que danifica as células – ajuda a evitar o diabetes tipo 2, causado pela resistência à insulina, concluíram pesquisadores das universidades de Jena, na Alemanha, e Harvard, nos Estados Unidos". O modo explicativo é outro recurso comum, como nota-se no excerto a seguir: "Consumir suplementos de vitaminas depois de praticar exercícios físicos pode reduzir a sensibilidade à insulina, o hormônio que conduz a glicose às células de todo o corpo."
CAMILA MORAES

(UEM 2007) UEM/CVU
Leia com atenção as definições do Dicionário Houaiss para sinopse.

Sinopse. s. f. relato breve, síntese, sumário (de um filme, de um livro, de uma ópera); em revista científica, apresentação
concisa da matéria de um artigo, de um comunicado etc. e que, para dar ao leitor um apanhado do texto integral, é
colocada entre este e o título.
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 1.ª reimpressão. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004. p. 2581.



Como água para chocolate
Sinopse: Baseado em romance do mesmo nome, de Laura Esquivel, Como Água Para Chocolate acompanha a história de
um camponês chamado Pedro (Marco Leonardi) que, em 1910, em plena Revolução Mexicana, apaixona-se por Titi
(Lumi Cavazos). Ele quer voltar para a Guerra, mas ela o enfeitiça com seu amor e seus dotes culinários. Podia ser apenas
mais uma história de amor, mas trata-se de um dos mais belos filmes do cinema latino-americano em todos os tempos. Foi
a produção estrangeira de maior bilheteria nos Estados Unidos em 1993. DVD Video. Romance. Duração aprox.: 104
minutos. NTSC.

Brazil – O Filme
Sinopse: Não, não se passa em terras brasileiras a visão de Terry Gilliam para o futuro, com um estado burocrático,
ineficiente, mas obstinado em cercear a liberdade dos cidadãos como nas histórias de George Orwell. “Brazil” vem
apenas da música de Ary Barroso.
Revista Monet, n.º 50, maio de 2007, p. 41.

a) Com base na definição de Houaiss, aponte se ambos os textos podem ser considerados sinopses. Por quê?

O primeiro texto "Como água para chocolate" pode ser considerado uma sinopse. pois conta de forma reduzida a trama do filme. O segundo texto, "Brazil-o filme" não é considerado sinopse porque faz apenas um comentário sobre a obra em questão, (sem fornecer elementos concisos sobre seu enredo, na forma de síntese).
CAMILA MORAES

b) Retire do(s) texto(s) que você apontou como sinopse, no item a, dois elementos que caracterizam a construção desse
gênero textual.
Em uma sinopse há elementos que a definem enquanto gênero textual. O texto "Como água para chocolate" tem como marca o relato breve, ou seja, descreve de maneira concisa o enredo, como notamos nos trechos a seguir: "Baseado em romance do mesmo nome, (...) acompanha a história de um camponês chamado Pedro (...) que, em 1910, em plena Revolução Mexicana, apaixona-se por Titi (...)". Para o público alvo deve-se passar a confiança da qualidade, outro recurso do gênero sinopse que podemos observar no seguinte excerto: "Podia ser apenas mais uma história de amor, mas trata-se de um dos mais belos filmes do cinema latino-americano em todos os tempos." CAMILA MORAES

Exercício de Escrita IX

Observe o texto abaixo:

Flagrado na Ilha de Caras, Fernando Pessoa disse que está bem mais leve depois que passou a ser um só.


LISBOA – Em pronunciamento que pegou de surpresa o mercado editorial, o poeta e investidor Fernando Pessoa anunciou ontem a fusão dos seus heterônimos. Com o enxugamento, as marcas Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro passam a fazer parte da holding* Fernando Pessoa S.A. “É uma reengenharia”, explicou
o assessor e empresário Mário Sá Carneiro. Pessoa confessou que a decisão foi tomada “de coração pesado”: “Drummond sempre foi um só. A operação dele é enxutinha. Como competir?”, indagou. O poeta chegou a
pensar em terceirizar os heterônimos através de um call-center** em Goa, mas questões de gramática e semântica
acabaram inviabilizando as negociações. “Eles não usam mesóclise”, explicou Pessoa.
http://www.revistapiaui.com.br. Adaptado.

Apesar do texto estar muito próximo ao gênero das “notícias”, empregando principalmente a sequência textual informativa, seu caráter de crítica é bastante forte. Há uma argumentação implícita que revela que a poesia já não vale tanto quanto o dinheiro. Segundo a banca corretora da Unicamp, “Tratar os heterônimos de Fernando Pessoa como se fossem subsidiárias de uma empresa ou de uma marca, reduzindo o ser humano a um objeto a ser explorado economicamente (processo chamado de reificação), além de despertar o riso a partir do absurdo, pretende criticar os indesejáveis resultados da abusiva e avassaladora tendência de fundir empresas e reduzir seu tamanho (enxugar), em especial substituindo os funcionários fixos pela mão de obra mais barata dos países periféricos (terceirização).”

Redija, você também, uma notícia (em que predomine a sequência textual informativa) sobre um fato inventado/ absurdo, de modo a fazer uma crítica implícita através de seu texto.

Outros exemplos:

Chapeuzinho Vermelho no Cidade Alerta:
‘…onde é que a gente vai parar, cadê as autoridades? Cadê as
autoridades? A menina ia pra casa da vovozinha a pé! Não tem transporte público! Não tem transporte público! E foi devorada viva… um lobo, um lobo safado. Põe na tela, primo! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de lobo, não tenho medo de lobo, não!`

Crítica implícita: em um contexto em que reina a violência, a história de Chapeuzinho Vermelho não nos surpreenderia nos dias de hoje – nem nos traria nenhuma lição.

HERÓI VAI À MÍDIA PROTESTAR POR SEUS DIREITOS
Insatisfeito com a forma de pagamento obtida pelos salvamentos, um herói cujo nome não foi divulgado, desabafa: "Como pode, em pleno capitalismo eu ainda receber um "obrigado" por arriscar minha vida? Como pode? Por que herói só tem que usar uniforme? Eu quero ter dinheiro para comprar uma roupa decente. Exijo mais dignidade ao meu trabalho, e, de uma vez por todas, o direito de um salário justo. Afinal, faço parte da segurança nacional."
O caso ainda está sendo analisado e deverá ser encaminhado à justiça. Enquanto as autorridades não resolvem a situação do herói, o suposto homem pratica atividades informais para garantir o próprio sustento.
CAMILA MORAES

EX-GOVERNANTES COMENTAM O GOVERNO DILMA ROUSSEF
Em reunião ontem em Gomorra, os ex-líderes políticos e religiosos que governaram grandes impérios comentaram e discutiram a atual situação de governo de países chefiados por mulheres.
A atual presidente do Brasil, Dilma Roussef, que está no governo há 6 meses, foi o assunto mais discutido pela banca dos ex-monarcas. Dentre as pautas mais destacadas, estavam o novo código florestal, o kit anti-homofobia, caso Palocci e o plano de metas do país.
Dentre os líderes, Hamurábi disse que se Palocci roubou 10 milhões do povo, a presidente devia apenas multá-lo, já que ele faz parte da nobreza. Já Calígula, dono de um ponto de vista mais radical, disse que "um cavalo presidente é uma ótima ideia, pois qualquer animal pode governar melhor que uma mulher". Nero acredita que o motivo de toda esta tragédia governamental é o cristianismo: "Não se pode aceitar que membros do próprio governo sigam esta seita pagã", diz. "A governante dessa república denominada Brasil é que deveria ser venerada, mesmo sendo do sexo feminino", acrescenta.
Mas quem gerou mais polêmica foi o ex-autocrata Julio César, que afirmou: "Enquanto o povo aceitar que uma mulher tome as decisões, que uma mulher possa governar e realizar o trabalho que divinamente pertence a nós, homens, o mundo tenderá a desmoronar sobre ruínas, e o apocalipse tomará a Terra".
Quem desenvolveu e discorreu melhor sobre os assuntos tratados foi Péricles, que entre muitas coisas disse que "os homossexuais com mais de 30 anos, nascidos no Brasil, também tem direitos". Sobre o novo código florestal, Péricles disse que "enquanto a nobreza governar, a mata continuará sendo destruída para pagara seus altos gastos, sua corrupção e sua roubalheira".
No final da reunião, os ex-governantes confirmaram a necessidade de tirar Dilma do poder, seja com o uso de forças ou não. Será a chance de Michel Temer mostrar toda a sua capacidade? JOÃO RICARDO DE LUCA