segunda-feira, 4 de abril de 2011

Aula 3. Exercícios de interpretação: a identificação de pressupostos e implícitos

Exercícios de vestibulares

Implícitos

(Unicamp 2001)


Na coluna “De zero a dez”, de Rubem Tavares, publicada na revista Business Travell, 34, no primeiro semestre de 2000, p. 13, encontram-se, entre outras, as seguintes notas, parcialmente adaptadas:
“Para os lunáticos que insistem em soltar balões de grande porte, causando incêndios e sérios riscos à segurança dos vôos: segundo o Controle de Tráfego Aéreo, em 1998 foram registradas 99 ocorrências em Guarulhos. Em todo o ano passado foram registradas 33 ocorrências e, neste ano, só no período de janeiro a abril, já foram 31. As autoridades deveriam enquadrar os responsáveis por crime inafiançável e trancafiá-los em presídios por longos anos.”
“Não seria o caso de a Prefeitura pagar por cada nova pichação feita na cidade? É claro que sim. Se todos entrassem com uma ação simultaneamente, com certeza o prefeito encontraria novas atribuições para a Guarda Municipal. Vide sugestão na nota anterior que também poderia ser aplicada nestes casos.”

a) Qual é a conclusão implícita na seqüência “neste ano, só no período de janeiro a abril, já foram 31”, que se encontra na primeira nota?
Indica que (haverá provavelmente) um aumento significativo de acidentes com balões, (a partir da constatação que o número de incidentes em 4 meses já é quase igual ao número de ocorrências no ano anterior.)
Everson de Lima e Silva

b) Explicite a sugestão dada no final da segunda nota.
Assim como "enquadrar os responsáveis por crime inafiançável e trancafiá-los em presídios por longos anos" resolveria os problemas que os balões causam (...) também resolveria o problema da pichação (se a mesma atitude severa fosse tomada em relação a estes últimos).
Lucas de Oliveira Moreira

Pressupostos

(Unicamp 2010)




a) Qual é o pressuposto da personagem que defende o acordo ortográfico entre os países de língua portuguesa? Por que esse pressuposto é inadequado?
O pressuposto que é quebrado é o de que o acordo ortográfico vai padronizar todos os países que utilizam a língua portuguesa. Mesmo com o acordo, cada país vai continuar usando suas gírias, termos de cada região, preservando suas expressões originais.
Débora Samara F. da Costa

b) Explique como esse pressuposto é quebrado.
Esse pressuposto é quebrado assim que a personagem diz que seria fácil entender um livro (em português de Portugal) e ao tentar lê-lo, ele sofre dificuldades de compreensão, (uma vez que o acordo ortográfico não implica na padronização total das línguas).
Igor

(UFMG 2009)
Leia este texto:
Pressupostos são conteúdos implícitos que decorrem de uma palavra ou expressão presente no ato de fala produzido. O pressuposto é indiscutível tanto para o falante quanto para o ouvinte, pois decorre, necessariamente, de um marcador lingüístico, diferentemente de outros implícitos (os subentendidos), que dependem do contexto, da situação de comunicação.

FIORIN, J. L. O dito pelo não dito. In: Língua Portuguesa, ano I, n. 6, 2006. p. 36-37. (Adaptado)

Observe este exemplo: “João parou de fumar”.
Nesse enunciado, é a presença da expressão “parar de” que instaura o pressuposto de que João fumava antes.

Leia, agora, estas manchetes:
1. Petrobrás é vítima de novos furtos.
(O tempo, Belo Horizonte, 8 mar. 2008.)

2. Dengue vira risco de epidemia em BH
(Estado de Minas, Belo Horizonte, 9 abr. 2008.)

Com base nas informações dadas acima e considerando essas duas manchetes de jornal, indique:
a) quais são os pressupostos que delas se depreendem
O pressuposto que se despreende da primeira manchete é que a Petrobrás já foi vítima de furtos. Já na segunda manchete, o pressuposto que se despreende é de que não havia o risco de epidemia da dengue antes em Belo Horizonte.
Felipe S.M. Gonçalves

b) os marcadores lingüísticos responsáveis pela instauração desses conteúdos implícitos.
Os marcadores de pressupostos são "novos" e "vira".
Edvilson P. Rasquinho

Exercícios de Escrita IV
As piadas constituem um gênero textual que trabalha, de maneira recorrente, com a quebra de implícitos. Inspirado nos textos abaixo redija, você também, uma piada em que haja um implícito que seja negado.

Texto 1:
Duas pessoas caminham lendo lápides em um cemitério, quando se deparam com os seguintes dizeres: AQUI JAZ UM POLÍTICO E UM HOMEM HONESTO.
- Nossa, que povo pão-duro! - disse uma delas - Enterraram duas pessoas em um mesmo caixão.

Texto 2:
Numa festa o secretário do presidente fila um cigarro. O presidente comenta:
- Não sabia que você fumava.
- Eu fumo, mas não trago.
- Pois devia trazer.

Texto 3:
Na escola, a professora explica:
- Se eu digo "fui bonita" é passado. Se digo "sou bonita" o que é Joãozinho?
- É mentira, professora!

Texto 4:
Depois da aula, Joãozinho chama a professora de lado e diz:
- Não quero assustá-la, professora, mas ontem à noite o meu pai me disse que se as minhas notas não melhorarem logo, logo, alguém vai apanhar...

Texto 5:
Dois amigos de infância se encontram na fila do banco:
- Nicolau! Há quanto tempo!
- É mesmo, cara... Desde o ginásio...
- E aí, o que você tem feito da vida?
- Ah, eu virei escritor...
- Sério? Que legal! E aí, já vendeu alguma coisa?
- Já... Até agora vendi a TV, o som, o telefone... Quer comprar um Chevette 78?

Dois amigos estão em um restaurante, quando de repente chegam suas esposas. Um diz para o outro:
- Brother, olha lá minha esposa e minha amante juntas.
- Sabe que eu ia dizer o mesmo?

Brian

Aula 5 - Intertextualidades


(Puc 2003)

Texto 1

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

PRADO, Adélia. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1995, p.11.

Questão 01

Adélia Prado é considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras contemporâneas. Sua poesia trata de temas que vão do mistério da criação poética à vida cotidiana, passando pela condição feminina. Leitora contumaz, ela estabelece uma série de diálogos com obras e autores de nossa literatura. A partir da leitura do texto acima, estabeleça uma comparação entre o poema de Adélia e o seguinte trecho do "Poema de sete faces" de Carlos Drummond de Andrade:

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche* na vida.

* gauche: palavra da língua francesa que possui inúmeros significados, dentre os quais os de torto, malfeito, desajeitado.

As diferenças encontradas entre o poema de Adélia Prado e o de Drummond está na questão estética. Adélia diferenciou-se do poema de Drummond trocando "torto" por "esbelto"; "desses que vivem na sombra" por "desses que tocam trombeta", (chegando, entretanto, ambos os poetas a uma conclusão semelhante, a de que desde o nascimento já têm) de cumprir uma sina.

João Ricardo de Luca

Questão 02
Identifique e explique brevemente o jogo de palavras presente no título do poema.

Para que a obra de Adélia Prado não pareça simplesmente um plágio da obra de Drummond, ela deixa bem claro que (pede) licença poética para construir seu (poema), (causando uma intertextualidade) com o "Poema de Sete Faces".

João Ricardo de Luca

(Unicamp 2011)

Leia os seguintes trechos de O cortiço e Vidas secas:

O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. (...).
Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulhavam os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.
(Aluísio Azevedo, O cortiço. Ficção completa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 2005, p. 462.)

Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado, com a família morrendo de fome, comendo raízes. Caíra no fim do pátio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da casa deserta. Ele, a mulher e os filhos tinham-se habituado à camarinha escura, pareciam ratos – e a lembrança dos sofrimentos passados esmorecera. (...) — Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta. Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra. Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando:
— Você é um bicho, Fabiano.
Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades. Chegara naquela situação medonha – e ali estava, forte, até gordo, fumando seu cigarro de palha.
— Um bicho, Fabiano. (...)
Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado.
(Graciliano Ramos, Vidas secas. Rio de Janeiro: Editora Record, 2007, p. 18-19.)

a) Ambos os trechos são narrados em terceira pessoa. Apesar disso, há uma diferença de pontos de vista na aproximação das personagens com o mundo animal e vegetal. Que diferença é essa?

A diferença é que em "O cortiço" o narrador faz a semelhança entre os moradores em relação aos animais, descrevendo gestos e cenários (que ambientalizam os personagens no mundo animal). Em "Vidas Secas" a própria personagem se identifica com um ser de outra espécie (...), (apesar da narração ser em terceira pessoa também).

Rodolfo Pinheiro



Para Leonardo e Luisinha a despedida no final da festa foi triste, no sentido de que a noite poderia ter sido maior, porém, já acabara. Para os outros a despedida foi alegre.
Já no trecho de Vidas Secas, predomina o cansaço (ao fim da festa). Fabiano, ao dormir, sonha agoniado, (a ponto) se que seu sonho se transforma em pesadelo.

Gustavo Eiji Ykeda



Exercícios de Escrita VI

Propagandas all type são anúncios publicitários que não apresentam imagens, como o exemplo da propaganda dos Colchões Ortobom. A partir da leitura dos textos abaixo, redija um anúncio all type (de um produto já conhecido ou inventado), em que exista uma relação intertextual, como ocorre nos exemplos abaixo.





Ficha Limpa
(Sabão em pó OMO)

Camila de Moraes Paulino

"Eu tive um sonho"
(Travesseiros Ninilua: durma bem)

Gabriel B. da Silva







Aula 4 - Exercícios de interpretação: a identificação de ambigüidades

Exercícios de vestibulares

(Unicamp 2010)


Na propaganda do dicionário Aurélio, a expressão “bom pra burro” é polissêmica, e remete a uma representação do dicionário.Explique como o uso da expressão “bom pra burro” produz humor nessa propaganda.



A propaganda (causa) humor pois expressa que o dicionário Aurélio é direcionado a pessoas "burras", (bem como indica) que a expressão "bom pra burro" (...) (pode se relacionar a) algo muito bom.

Marlúcia S. Reis

(Unicamp 1992)

Ler adequadamente esta tira significa entender o que está subentendido no enunciado de Stock ("eu também") e perceber que no último quadrinho existe a possibilidade de tal enunciado ser interpretado de duas maneiras diferentes:



a) Quais são as duas maneiras possíveis de interpretar o enunciado de Stock no último quadrinho?

(Uma interpretação possível) é a de que (Stock) também fazia sexo com alguma mulher. E a outra maneira de se interpretar é a de que ele fazia sexo com Bete Speed, noiva de seu amigo Wood.

Brian

b) Qual a palavra da fala de Wood que é fundamental para que a última fala de Stock possa ser interpretada de duas maneiras?

A palavra "minha", porque é um pronome possessivo, que indica "propriedade", (ou seja, a noiva de Wood).

Carolina Barbosa Leite da Cruz

c) Levando-se em conta os padrões morais de nossa sociedade, qual das duas maneiras de entender a última fala de Stock provoca o riso do leitor?

A maneira que mais causa riso no leitor é a de que Stock teria feito sexo com a noiva de Wood, já que os dois personagens da tirinha aparentam ser grandes amigos.

Marlúcia S. Reis

(Unicamp 1992)

Às vezes, quando um texto é ambíguo, é o conhecimento que o leitor tem dos fatos que lhe permite fazer uma interpretação adequada do que lê. Um bom exemplo é o trecho que segue, no qual há duas ambigüidades, uma decorrente da ordem das palavras e a outra, de uma elipse de sujeito.

O presidente americano (...) produziu um espetáculo cinematográfico em novembro passado na Arábia Saudita, onde comeu peru fantasiado de marine no mesmo bandejão em que era servido aos soldados americanos.
(Veja, 09/01/91)

a) Quais as interpretações possíveis das construções ambíguas?

Na frase "onde comeu peru fantasiado de marine", há três interpretações possíveis. (A primeira é a de que) "peru fantasiado de marine" pode ser o nome do prato comido pelo presidente. (A segunda é que) o presidente comeu um peru que estava fantasiado de marine ou então, (uma terceira interpretação é a de que) o presidente comeu um peru, e quem estava fantasiado de marine era o presidente.

(Na frase) "(...) no mesmo bandejão em que era servido aos soldados americanos", não se sabe se o que foi servido aos soldados foi o peru ou o presidente.


Bianca Pereira


b) Reescreva o trecho de modo a impedir interpretações inadequadas.

"(...) onde fantasiado de marine comeu peru, no mesmo bandejão em que a ave era servida aos soldados americanos."

Bianca Pereira

c) Que tipo de informação o leitor leva em conta para interpretar adequadamente esse trecho?

Para uma interpretação adequada o leitor deve considerar o contexto em que o trecho está inserido, levando em conta o fato em si e considerando a impossibilidade de um peru fantasiado de marine, bem como a de um presidente ser servido de alimento a soldados.
Apesar da ambiguidade causada pela falha na transmissão da notícia, trata-se deum fato de cunho militar, tornando descabidas as interpretações (citadas acima).


Gisele Salgado Franco

Exercício de Escrita V

As charadas recorrem constantemente ao uso da ambigüidade em sua estrutura, com a finalidade de provocar a surpresa do interlocutor. A partir da leitura dos exemplos abaixo, redija, você também, uma charada.

Dois chicletes se casaram e tiveram vários chicletinhos. Qual o nome do filme?
A Família Adams

Qual é o sujeito da frase “proibido estacionar”?
Sujeito a guincho.

O que é pequeno como um rato, mas cuida da casa como um leão?
O cadeado.

Qual é o contrário de fumo?
Vortemo.

O que é que o humano faz, vê, mas não quer ter?
O caixão.

Por que o Super Mario foi ao psiquiatra?
Porque estava em uma fase muito difícil.

Somos todos irmãos e moramos na mesma rua, quando um erra a sua casa, todos outros erram a sua. Quem somos?
Os botões da camisa.

Qual é o coletivo de pobre?
Ônibus.

Vanessa Alves

Qual o sujeito da frase "Você vai apanhar?"
Sujeito a se ferrar.

Ariane Malta