quinta-feira, 17 de maio de 2012

Simulado - Estilo Unicamp


Simulado Unicamp

Redação

Tema 1. Leia o texto abaixo, retirado do blog do jornalista Marcelo Tas (http://blogdotas.terra.com.br/2012/04/12/agora-e-lei-presidenta/):

Agora é lei: presidenta!

Acabou a moleza. Quem relutava, se negava ou criticava o pedido meigo de Dilma ser tratada como presidentA, pode se preparar para não ser pego fora da lei.
No último dia 3 de Abril, a presidentA sancionou a Lei 12.605/12, que determina a obrigação da flexão de gênero em profissões. Pra quem ainda duvida, está lá no site da PresidentA.
Agora é presidentA, gerentA, pilotA, etc… Aproveito para comunicar a todos que não vou deixar isso barato: a partir de agora, exijo ser tratado como jornalistO e humoristO.

Tas expressa sua visão sobre a nova lei de Dilma partindo de um ponto de vista masculino. Lola Aronovich (professora da UFC – Universidade Federal do Ceará), em contrapartida, expõe em seu blog uma concepção diferente no que se refere aos empregos do gênero na língua:

Nossa língua machista

(...) a não ser que você pense bastante no assunto, talvez nem esteja ciente de como a linguagem que usamos todos os dias é preconceituosa, e como coloca a mulher como cidadã de segunda classe. Por exemplo, quando usamos a palavra “homem” como sinônimo de “ser humano”, (...) passamos a impressão que homem é mais ser humano que mulher. Quando escrevemos sobre um sujeito indeterminado e dizemos “ele” ao invés de “ela”, idem. Quando usamos adjetivos no masculino, também. Por isso, em inglês, muita gente hoje escreve “s/he”. Em português, “ele(a)”, mas mesmo isso de colocar o pronome feminino entre parênteses já pode ser considerado discriminatório. Em alguns blogs, vejo gente usando o “@” como gênero neutro.
(...) Numa discussão em um post bem polêmico, uma leitora anônima reclamou porque escrevi “todas as psicólogas”: “A propósito, gostei do 'todas as psicólogas'. Homem não pode ser psicólogo? Isso é profissão de mulherzinha? Ok, estou só alfinetando, claro que você não acha isso, mas que soou estranho, soou”.
Eu respondi: “O 'Todas as psicólogas' é porque estou tentando adotar o artigo feminino em situações que têm muito mais mulheres que homens. Acho um absurdo falar em 'todos os psicólogos' (na turma de uma amiga minha não havia um só homem), 'os nutricionistas', 'os enfermeiros' etc. É um fato que a maior parte das pessoas nessas profissões são mulheres. E acho errado, por causa de uns 10% de homens (minoria absoluta), referir-se à profissão com o gênero masculino. No meu blog falo 'pras leitoras', já que 70% do meu blog é leitora, não leitor. Engraçado como vivemos num mundo em que falar 'leitoras' exclui os leitores, mas falar 'leitores' não exclui as leitoras...” Nós, mulheres, estamos tão acostumadas a sermos excluídas na nossa própria língua que até achamos estranho se um artigo for usado no feminino.
Dona de casa ainda é pra mulher, quase que exclusivamente. É muito mais comum ouvir que o homem é o dono da casa (da casa específica, não de casa, genérico), o provedor, que dono de casa.
(...)

Imagine-se no lugar de Lola, que, ao ler o texto no blog de Marcelo Tas, resolve escrever-lhe uma réplica. Elabore um comentário-resposta ao post de Tas levando em consideração os argumentos defendidos pela professora da UFC.

Redação de Fabiano Santiago da Rocha (clique para ler; se a visualização ficar ruim, use o botão direito do mouse para exibir a imagem em tamanho grande):

  
Redação de Madssan Souza (clique para lerse a visualização ficar ruim, use o botão direito do mouse para exibir a imagem em tamanho grande):



Tema 2. Leia o texto abaixo, extraído do site de informações da Editora Abril (http://info.abril.com.br/noticias/tecnologia-pessoal/governo-de-sp-ira-digitalizar-40-das-aulas-05042012-35.shl).

Governo de SP irá digitalizar 40% das aulas

São Paulo - O governo de São Paulo anunciou que pretende tornar digitais até 40% das aulas ministradas na rede pública de ensino. Para isso, o órgão público comprará equipamentos, treinará professores e criará serviços de educação à distância.
O projeto "Aula Interativa", proposto ao governo paulista pela Dell Computadores, será feito por meio de uma parceria público-privada e irá abranger todas as disciplinas dos colégios estaduais de 5ª a 9ª série do ensino fundamental.
A empresa responsável pelo fornecimento dos conteúdos e equipamentos eletrônicos será escolhida em edital, ainda sem um prazo definido para ser lançado. O investimento inicial do governo será de R$ 5,5 bilhões em 10 anos.
Segundo a Secretaria de Estado da Educação, a pasta será a responsável pela definição dos critérios técnicos e prevê que a instalação de lousas digitais tenha início já em 2013. Em seguida, serão distribuídos notebooks e tablets às escolas.
O projeto prevê que a empresa escolhida também fique responsável por criar os conteúdos a serem distribuídos para as aulas digitais. Entre os exemplos, foram citados vídeos curtos para explicar as matérias e jogos lúdicos para fixar os conteúdos. Segundo o governo, essa iniciativa visa melhorar a qualidade do ensino e atrair a atenção dos alunos às aulas.
No entanto, o projeto já recebe críticas. Especialistas afirmam que não há nenhuma pesquisa que relacione o uso da tecnologia com a melhoria da qualidade do ensino e que a porcentagem estabelecida pelo governo pode limitar a atividade dos professores nas escolas.
Além disso, a escolha de uma empresa privada para desenvolver o conteúdo didático das aulas foi alvo de críticas. Opositores do governador Geraldo Alckmin (PSDB) na Assembleia Legislativa classificaram a decisão como "privatização do ensino".
O custo do projeto também foi alvo de questionamentos. Ao todo, o governo pretende investir 5,5 bilhões de reais no projeto ao longo de dez anos.
De acordo com a Secretaria Estadual de Educação, todos os conteúdos digitais desenvolvidos pela empresa privada seguirão as apostilas do Estado e terão de ser aprovados pela pasta, que também garante que os professores não perderão autonomia com o projeto.

Adote uma posição contrária ao projeto de virtualização das aulas e escreva uma carta aberta ao público em que aponte as falhas do “Aula Interativa”. Assine a carta apenas com as iniciais do seu nome. 

  
Redação de Ivan Pinheiro (clique para lerse a visualização ficar ruim, use o botão direito do mouse para exibir a imagem em tamanho grande):



  
Redação de Thainá Silva (clique para lerse a visualização ficar ruim, use o botão direito do mouse para exibir a imagem em tamanho grande):


Tema 3.

Convite

            Ah, moça, esta cidade da Bahia é múltipla e desigual. Sua beleza eterna, sólida como em nenhuma cidade brasileira, nascendo do passado, rebentando em pitoresco cais, nas macumbas, nas feiras, nos becos e nas ladeiras, sua beleza tão poderosa que se vê, se apalpa e cheira, sua beleza de mulher sensual, esconde um mundo de miséria e de dor. Moça, eu te mostrarei o pitoresco, mas te mostrarei também a dor.
            Vem e serei teu guia turístico. Juntos comeremos no Mercado o vatapá apimentado e a doce cocada de rapadura. Mas não te levarei apenas aos bairros ricos, de casas modernas e confortáveis. Iremos nos piores bondes para a Estrada da Liberdade, onde descobrirás a miséria do povo e os  cortiços infames.
            Esse é um estranho guia, moça. Com ele, não verás apenas a casca amarela e linda da laranja. Verás igualmente os gomos podres que repugnam o paladar. Porque assim é a Bahia, mistura de beleza e sofrimento, de fartura e fome, de risos e de lágrimas doloridas. Teus pés pisarão sobre o mármore das igrejas, tuas mãos tocarão o ouro de São Francisco, teu coração pulsará mais rápido ao som dos atabaques. Mas moça, estremecerás também muitas vezes e teu coração se apertará de angústia ante a procissão fúnebre dos tuberculosos na cidade de melhor clima e de maior porcentagem de tísicos do Brasil. A beleza habita nesta cidade misteriosa, moça, mas ela tem uma companheira inseparável que é a fome.
            Se és apenas uma turista ávida de novas paisagens, então não queiras esse guia. Mas se queres ver tudo, na ânsia de tudo aprender e descobrir, se queres realmente conhecer a Bahia, então vem comigo e te mostrarei as ruas e os mistérios da cidade de Salvador. Sairás daqui certa de que este mundo está errado e que é preciso refazê-lo para melhor. Porque não é justo que tanta miséria caiba em tanta beleza. Riremos juntos e juntos nos revoltaremos. Qualquer catálogo, livro ou propaganda te dirá quanto custou o Elevador Lacerda, a idade exata da catedral, o número certo dos milagres do Senhor do Bonfim. Mas eu te direi muito mais. Junto com a beleza e com poesia te direi da dor e da miséria.     
Vem, a Bahia te espera. É uma festa e também um funeral. Vou mandar que batam os atabaques e os barcos partam rumo ao mar. A doce brisa, os ventos e palma dos coqueiros te saudarão das praias.
Vem, a Bahia te espera!

(In: http://estacaodapalavra.blogspot.com.br/2011/03/redacao-proposta-de-descricao.html)

O texto acima foi escrito por Jorge Amado para descrever seu estado natal. Elabore você também um convite turístico, em que os estrangeiros sejam persuadidos a visitar o Brasil. Use descrições objetivas e subjetivas na composição de sua redação.

  
Redação de Jonas Silva (clique para lerse a visualização ficar ruim, use o botão direito do mouse para exibir a imagem em tamanho grande):


  
Redação de Thainá Idalgo (clique para lerse a visualização ficar ruim, use o botão direito do mouse para exibir a imagem em tamanho grande):





domingo, 6 de maio de 2012

Produção de Textos. Aula 6 - Reescrita (narração Unicamp 2008)


Meu futuro, como o seu, é o fim
(Fabiano Santiago)

            Meu nome é José dos Santos e eu sou um brasileiro comum; comum em termos, pois sou bem maior que a maioria da população, mas não em altura – eu sou obeso (o que é irônico, pois me sinto bem menor que qualquer um).
            Quando criança eu já era gordo, mas nessa idade o peso era encarado como algo bom – “criança sadia é criança forte”, como diria minha avó. Isto me incentivava, de certa forma, a comer. Fui uma criança feliz, brincava e tinha amigos como todos os outros.
            Tudo mudou a partir da puberdade; as campanhas sobre obesidade passaram a ser foco na mídia e os homens de branco começaram a prestar mais atenção em mim. Minha família estava preocupada – “Vai morrer de ataque cardíaco”, dizia minha tia. Passei a fazer dietas e a praticar exercícios; contudo, eu tinha fome e comia escondido dos meus pais e faltava às aulas de natação.
            Foi aos quinze anos que veio o diagnóstico, obesidade mórbida, e, com ele, diversas outras complicações como diabetes, problemas cardíacos (bendita tia!) e complicações respiratórias. Minha mãe se foi quando completei dezesseis anos e passei a comer mais, muito mais.
            As dietas foram perdendo sentido e superação física era conseguir subir um lance de escadas sem ajuda. As pessoas me viam como um portador de doença contagiosa; ninguém se aproximava, alguns zombavam, outros me olhavam com piedade, mas, no fim, todos faziam a mesma coisa: batiam a porta na cara do “gordo imprestável”.
            Hoje tenho 23 anos e os homens de branco dizem que sou uma vitória (talvez para eles). Vivo em um quarto de hospital, pois eles dizem que meu coração é pequeno demais para bombear sangue para meu corpo avantajado. Minhas amigas são uma enfermeira e uma janela, pela qual olho todos os dias, na esperança que minha mãe volte, já que os homens de branco disseram que ela virá em breve.

Sem título
(Grazi de La Torre)
            A doença era hereditária; a adquirira de sua mãe, que havia falecido há pouco tempo. Levava uma vida distante da sociedade, não por própria vontade ou escolha, mas porque lhe impuseram isso. De criança teve uma vida normal, mas logo que os outros aprenderam o que sua doença realmente significava, o excluíram. Pensava que tudo era um castigo por algo que fizera em uma vida passada; afinal, acreditava em reencarnação.
            Sabendo do curto prazo de vida que ainda lhe restava, um dia decidiu sair para se libertar. Foi para onde as pessoas levavam uma vida boêmia, onde a noite era dia.
            Ele era de uma bela feição: a doença não estava estampada em suas características, não o denunciava à primeira vista. Entrou e logo as luzes dilataram sua pupila; primeiro colocou o braço sobre o rosto, mas acabou se acostumando rápido. Olhou em volta e sentiu a presença de uma bela, muito bela, mulher ao seu redor.
            Como em um passe de mágica, suas bocas estavam encaixadas e ele correspondia ao beijo. Ela o convidou para o quarto e se atirou em cima dele. Enquanto seus corpos esquentavam, ele paralisou o ato com um leve segurar dos braços dela. “Nossa, você é mesmo bonita”. Entre risos e em tom de ironia, ela lhe perguntou se queria mesmo conversar ou brincar. “Conversar” – disse ele normalmente. Surpreendida, controlou-se, sentou-se ao seu lado e conversaram.
            Ao longo de algum tempo, ele lhe contou sobre a doença. Ela se calou, pensativa. Mas optou pela prevenção e não tardou por motivá-lo de volta ao ato. Pareceu-lhes que tudo havia durado uma vida talvez, e entre carinhos e sorrisos mais uma confissão saiu da boca dele: a recente perdida virgindade. Ela continuou calada, pensando em como ele havia cruzado o seu caminho – eram diferentes, muito diferentes.
            “Preciso ir”, disse ela interrompendo ambos os pensamentos. Sem pestanejar, apenas perguntou: “Não te verei de novo?”. “Talvez”, disse ele, e saiu. Ela sabia que não o veria mais – pelo menos, não em vida.

O peso da dor
(Andressa dos Santos Coelho)

            Acordou para mais um dia de vida. Olhou o relógio e viu que já estava atrasada. Mesmo assim não se moveu. Começou a divagar sobre como seria sua vida se tudo fosse diferente. Se seu corpo, grande e feio, como dizia sua mãe, se transformasse em um corpo magro e belo – as coisas mudariam, ela teria mais amigas, quem sabe até um namorado? A magreza deixa tudo mais fácil e essa era a sua maior vontade.
            Finalmente resolveu se levantar. Parou em frente ao armário e outro dilema se formou: o que vestir? Nada ficava bom nela, nada melhorava sua aparência. Não importava o que ela vestia ou fazia, riam dela de qualquer jeito. “Mas eu mereço isso” – pensou a garota. Lembrou-se do médico lhe informando sobre sua doença e dizendo que a única opção era emagrecer. Sua mãe, histericamente, repetia um “eu te avisei!” a cada segundo. Todos a avisaram, na verdade. Até um cartaz na escola a prevenia disso. Mas eles achavam que era fácil, só mudanças de hábito. Só que não era tão simples assim, porém ninguém entendia. Somente a culpavam.
            Por fim vestiu-se, saiu apressada para o colégio, mais uma vez sem comer nada. Já conseguiu completar cinco dias sem se alimentar. A queriam magra e ela estava tentando, mesmo que isso a levasse a extremos. A escola foi o mesmo desafio de sempre. As risadas, cochichos e piadas a feriam, mas ela fingia não se importar e continuaria fingindo até chegar ao seu limite.
            No fim da tarde voltou para casa, foi direto para o quarto, disfarçou a fome de todo jeito. Deitou-se na cama, fechou os olhos e imaginou-se em outro mundo. Um lugar onde a amariam, a entenderiam e a aceitariam, mesmo com seus erros e defeitos. Adormeceu e teve um sonho lindo, em que tudo parecia real e possível. Mas ela sabia que na manhã seguinte começaria tudo outra vez, a mesma luta, culpa, cobranças, dor e humilhação. Seu desejo de que tudo mudasse era enorme, todavia não tinha forças suficientes para fazer algo por si mesma. Até quando aguentaria esta situação? O que a mataria primeiro? Haveria salvação para ela? Todo o seu coração ansiava que sim.

Produção de Texto. Aula 5 - A sequência descritiva (tempo e espaço na narração; descrição subjetiva e objetiva)


Exercício de vestibular

Considere este trecho de um diálogo entre pai e filho (do romance "Lavoura arcaica", de Raduan Nassar):

- Quero te entender, meu filho, mas já não entendo nada.

- Misturo coisas quando falo, não desconheço, são as palavras que me empurram, mas estou lúcido, pai, sei onde me contradigo, piso quem sabe em falso, pode até parecer que exorbito, e se há farelo nisso tudo, posso assegurar, pai, que tem muito grão inteiro. Mesmo confundindo, nunca me perco, distingo para o meu uso os fios do que estou dizendo.

No trecho, ao qualificar o seu próprio discurso, o filho se vale tanto de linguagem denotativa quanto de linguagem conotativa.

a) A frase "estou lúcido, pai, sei onde me contradigo" é um exemplo de linguagem de sentido denotativo ou conotativo? Justifique sua resposta.
A frase é um exemplo de linguagem denotativa, pois usa forma direta e objetiva, o que condiz com a suposta lucidez do personagem.
(Cíntia A. Nagae) 

b) Traduza em linguagem de sentido denotativo o que está dito de forma figurada na frase: "se há farelo nisso tudo, posso assegurar, pai, que tem muito grão inteiro."
A frase, em sentido denotativo, poderia ter a seguinte forma: “Se há coisas sem sentido no que digo, posso assegurar, pai, que também existe muito entendimento e bom senso.” (Fabiano Santiago da Rocha)

Tema de Redação – Unicamp 2008

Coletânea (adaptada)
1) O capítulo dedicado à saúde na Constituição Federal (1988) retrata o resultado de todo o processo desenvolvido ao longo de duas décadas, criando o Sistema Único de Saúde (SUS) e determinando que “a saúde é direito de todos e dever do Estado” (art. 196). A Constituição prevê o acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais.
(Adaptado de “História do SUS” em www.portal.sespa.pa.gov.br, 20/08/2007.)

2) Os grandes problemas contemporâneos de saúde pública exigem a atuação eficiente do Estado que, visando à proteção da saúde da população, emprega tanto os mecanismos de persuasão (informação, fomento), quanto os
meios materiais (execução de serviços) e as tradicionais medidas de polícia administrativa (condicionamento e limitação da liberdade individual). Exemplar na implementação de política pública é o caso da dengue, que se expandiu e tem-se apresentado em algumas cidades brasileiras na forma epidêmica clássica, com perspectiva de ocorrências hemorrágicas de elevada letalidade. Um importante desafio no combate à dengue tem sido o acesso aos ambientes particulares, pois os profissionais dos serviços de controle encontram, muitas vezes, os imóveis
fechados ou são impedidos pelos proprietários de penetrarem nos recintos. Dada a grande capacidade dispersiva do mosquito vetor, Aedes aegypti, todo o esforço de controle pode ser comprometido caso os operadores de campo não tenham acesso às habitações. (Adaptado de Programa Nacional de Controle da Dengue. Brasília:
Fundação Nacional de Saúde, 2002.)

3) Atribuir ao doente a culpa dos males que o afligem é procedimento tradicional na história da humanidade. Na Idade Média, a sociedade considerava a hanseníase um castigo de Deus para punir os ímpios. No século XIX, quando a tuberculose adquiriu características epidêmicas, dizia-se que a enfermidade acometia pessoas enfraquecidas pela vida devassa. Com a epidemia de Aids, a mesma história: apenas os promíscuos adquiririam o HIV. Coube à ciência demonstrar que são bactérias os agentes causadores de tuberculose e hanseníase, que a Aids é transmitida por um vírus, e que esses microorganismos são alheios às virtudes e fraquezas humanas. O
mesmo preconceito se repete agora com a obesidade, até aqui interpretada como condição patológica associada ao pecado da gula. No entanto, a elucidação dos mecanismos de controle da fome e da saciedade tem demonstrado que engordar ou emagrecer está longe de ser mera questão de vontade. (Adaptado de Dráuzio
Varela, “O gordo e o magro”. Folha de São Paulo, Ilustrada, 12/11/2005.)

Trabalhe sua narrativa a partir do seguinte recorte temático:
O avanço da tecnologia e da ciência médica desmistifica muitos dos preconceitos em torno das doenças.
Entretanto, algumas delas, consideradas atualmente problemas de saúde pública, como obesidade, alcoolismo, diabetes, AIDS, entre outras, continuam a trazer dificuldades de auto-aceitação e de relacionamento social.

Instruções:

1- Imagine uma personagem que receba o diagnóstico de uma doença que é tema de campanhas preventivas.

2- Narre as dificuldades vividas pela personagem no convívio com a doença.

3- Sua história pode ser narrada em primeira ou terceira pessoa.

Anônimo
(Ingrid P. Guimarães)

Mais uma noite inundada em meio às mágoas. E ele ia vagando na penumbra, à procura de uma bebida que pudesse afundar suas tristezas e incertezas.
Ele bebia e muito. A cada dose sua existência perdia todo o sentido – era isso o que ele queria. Viver era cansativo. Não aguentava mais os olhares de reprovação e sofria com eles. As pessoas eram más, não entendiam seu sofrimento: beber era o único jeito de encontrar sua amada.
A cada gole ele se sentia mais perto de seu amor, mas com essa aproximação vinha também a solidão. A pessoas não gostavam daquele seu estado de alegria, era menosprezado por ser apenas mais um alcoólico sofrendo as dores do amor.
A exclusão em que se encontrava contribuía para que as doses aumentassem e sua história encurtasse. Mas não se importava com o tempo; a cada noite seu desejo de encontrar a amada era maior do que o de viver. Não queria estar nesse mundo onde não compreendiam a sua sede.
 E mais uma noite chegou. Mais fria e solitária que o normal, com muito mais doses exageradas, que o levariam desse mundo. A sua morte estava certa; seu último gole, mais ainda. E antes que a ressaca chegasse, se foi - como muitos outros alcoólicos. Anônimo aos olhos de todos.

Produção de Textos. Aula 4 - Reescrita (tema bajulação - Unesp 2012)



           A natureza humana tem o desejo de se sentir bem consigo mesma; desse modo, as bajulações conferem-lhe maior força. Contudo, tais atitudes podem provocar o autoengano.
            São famosos os bajuladores que, através da maneira de falar, tentam cativar outras pessoas com o intuito de atingir metas pessoais, seja no trabalho, na escola ou em outro ambiente social.
            Como foi analisado na pesquisa da University of Science and Technology, o cérebro humano é estimulado quando ocorrem situações que envolvem elogios, mesmo que sejam claramente motivados por interesses, o que mostra a necessidade do ser humano de ter seu ego aumentado.
            Situações de “puxa-saquismo” sempre ocorreram na história da humanidade, tanto na época do trovadorismo como nos tempos atuais, podendo ser notadas através das novelas, teatros, textos como o de Machado de Assis e muitos outros, o que mostra como tais atos são comuns a todos, e portanto não devem ser julgados e condenados.
            Contudo, é importante que todos tenham sua própria autoestima, sendo realistas sobre si, para evitar o autoengano, e tendo também o cuidado de não julgar os outros de forma errada.

(Carla Yonekura Faile)

Interpretação de Textos. Aula 4 - Intertextualidades


Exercícios de vestibulares

Fuvest 2012

Leia o seguinte texto:

Pense antes de compartilhar
Cada vez mais pessoas interagem por meio de redes sociais.
O crescimento dessas comunidades reforça uma das principais discussões relativas à internet: a privacidade.
Época, 15/04/2011.

     a) Qual a razão apresentada por essa matéria jornalística para aconselhar seus leitores a “pensar antes de compartilhar”?
A revista chama a atenção dos leitores para o fato de que, apesar da sensação de privacidade, o que você posta na internet é público e pode ser visto por qualquer pessoa. (Fabiano Santiago da Rocha)

Complementando: além disso, há um jogo de palavras implícito, já que o termo “compartilhar” é típico da rede social Facebook.

b) No verbete “privacidade”, do Dicionário Houaiss da língua portuguesa, lê-se:
trata-se de ang. de empréstimo recente na língua, sugerindo-se em seu lugar o uso de ................ .
Por que o dicionário sugere que se evite o uso de “privacidade”? Que palavra pode ser usada em seu lugar?
O dicionário sugere que se evite o uso da palavra “privacidade”, porque ela é um empréstimo recente da língua, ou seja, um termo derivado de estrangeirismo. Pode-se usar, ao invés dela, a palavra “intimidade”. (Andressa dos Santos Coelho)

Unifesp 2010

Leia o texto.

Jesus, que barriga
De um lado a luz, na forma de uma sorridente e radiante Gisele Bündchen, 28 anos, que em seu único desfile na semana de moda em São Paulo exibiu a beleza simpática de costume – sempre com roupas estrategicamente soltinhas. De outro, na mesma passarela, a cara fechada e o peito aberto de Jesus Luz, 22, não namorado de todo mundo sabe quem.
(Veja, 24.06.2009.)

      a) Tendo como referência o uso coloquial e interjetivo que as pessoas fazem da palavra Jesus e o texto apresentado, faça duas interpretações possíveis e coerentes para a frase Jesus, que barriga.
A palavra “Jesus” pode ser interpretada como uma exclamação de admiração causada pela barriga (por esta ser bonita e atraente) e também fazer referência ao modelo Jesus Luz, ao qual o texto faz menção posterior.
(Fabiano Santiago da Rocha)

b) Tomando como parâmetro a referência ao semblante das personalidades citadas, nomeie a relação de sentido estabelecida entre eles, utilizando termos que justifiquem sua resposta.
O texto procura destacar a diferença entre Gisele “sorridente e radiante” e Jesus Luz “de cara fechada”, estabelecendo um sentido de contradição e de oposição, uma antítese.
(Fabiano Santiago da Rocha)

FGV 2009

Leia o texto.
Amorim, pede pra sair
O fracasso das negociações comerciais de Doha ecoa a falência verbal que levou o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, a entrar nas reuniões com o pé esquerdo e a sair delas com a autoridade destroçada por duas declarações de natureza intrinsecamente perversa.
(Veja, 06.08.2008)

      a) Explique o título do texto, associando-o às informações apresentadas.
O título do texto está associado ao fato de o ministro Celso Amorim não aguentar a pressão do cargo de Ministro das Relações Exteriores e está interligado ao filme “Tropa de Elite”, que tornou conhecido o bordão “pede pra sair”.
(Andrei Henrique R. de Lima)

     b) Se fosse retirada a vírgula do título do texto, haveria alteração de sentido? Justifique a sua resposta.
Sim, se a vírgula fosse retirada o sentido da frase mudaria completamente, pois ao invés de ser um conselho a Amorim (para que ele saísse do cargo), seria uma afirmação de que Amorim pediu para abandonar sua posição de ministro.
(Andressa dos Santos Coelho)

Exercícios de escrita

Proposta: elaborar trocadilhos em que haja alguma intertextualidade.

Exemplos:

Quem afiou o Machado de Assis? Lima Barreto.

Eu vim de lá, o Salvador Dalí.

Pedro é cego, a Lady GaGa.

Eu prefiro a quina, o Ayrton Senna.

Eu quero guerra, a Bárbara Paz.

Que Deus olhe por mim e que Celso Portiolli.

Eu gosto de Chapolin, o Hugo Chávez.

Eu prefiro ônibus. O James Bond.

Eu prefiro cachorro, o Paulo Coelho. (Andressa dos Santos Coelho)

Acham o Brasil feio, a Nair Belo. (Andressa dos Santos Coelho)

Pagaria rios de dinheiro para morar onde Marilyn Monroe. (Fabiano Santiago da Rocha)