terça-feira, 21 de agosto de 2012

Produção de Textos - Aulas 7 e 8 - A sequência dialogal; os tipos de discurso


Tema Redação – IBMEC 2010
Reflita sobre as ideias apresentadas no texto a seguir e desenvolva uma dissertação em prosa.

“Se for ao parlamento, posso ocupar a tribuna?
- Podes e deves; é um modo de convocar a atenção pública. Quanto à matéria dos discursos, tens à escolha: - ou os negócios miúdos, ou a metafísica política, mas prefere a metafísica.
Os negócios miúdos, força é confessá-lo, não desdizem daquela chateza de bom-tom, própria de um medalhão
acabado; mas, se puderes, adota a metafísica; - é mais fácil e mais atraente. Supõe que desejas saber por que
motivo a 7ª companhia de infantaria foi transferida de Uruguaiana para Canguçu; serás ouvido tão-somente pelo ministro da guerra, que te explicará em dez minutos as razões desse ato. Não assim a metafísica. Um discurso de metafísica política apaixona naturalmente os partidos e o público, chama os apartes e as respostas. E depois não obriga a pensar e descobrir. Nesse ramo dos conhecimentos humanos tudo está achado, formulado, rotulado, encaixotado; é só prover os alforjes da memória. Em todo caso, não transcendas nunca os limites de uma invejável vulgaridade.”
(Teoria do Medalhão, de Machado de Assis)

Conforme indicado nas folhas de rascunho e de redação, utilize o próprio tema como título de sua dissertação.

Tema/Título: Transcendendo os limites da vulgaridade

Foi-se a época em que as pessoas realmente acreditavam e lutavam por suas ideologias. Atualmente os revolucionários deixaram as ruas e a frente dos prédios públicos para se manifestar via internet, confortavelmente em suas casas. 
Agora se seguem outras tendências ideológicas - a cada mês surge uma nova ideia pela qual "vale a pena lutar", banalizando o ato da manifestação popular. Antigamente, as ideologias eram construídas - hoje, elas são embutidas nas mentes das pessoas.
O que antes era um diferencial, hoje não passa de cultura de massas e, como ferramenta essencial para alastrar a vulgaridade das ideologias, existe a globalização - que, ao invés de disseminar conhecimentos e promover a interação de diferentes culturas, se preocupa em estabelecer padrões e homogeneizar os pensamentos.

(Fernanda Devecchi)

 

Interpretação de Textos - Aulas 5 e 6 (A identificação de ambiguidades/ A identificação de pressupostos e implícitos)


Exercícios de vestibular:

(Fuvest 2002)

Diálogo ultra-rápido

- Eu queria propor-lhe uma troca de ideias ...
- Deus me livre!

(Mário Quintana)

No diálogo acima, a personagem que responde: - "Deus me livre!" cria um efeito de humor com o sentido implícito de sua frase fulminante.

a) Continue a frase - "Deus me livre!", de modo que a personagem explicite o que estava implícito nessa frase.

Deus me livre de pensar como você!

b) Transforme o diálogo anterior em um único período, utilizando apenas o discurso indireto e conservando o sentido do texto.

O primeiro interlocutor disse ao segundo que queria propor uma troca de ideias, que este recusou, dizendo exclamativamente que Deus o livrasse disso.

(Fuvest 2002) "O que dói nem é a frase (Quem paga seu salário sou eu), mas a postura arrogante. Você fala e o aluno nem presta atenção, como se você fosse uma empregada."
(Adaptado de entrevista dada por uma professora. "Folha de S. Paulo", 03/06/01)

a) A quem se refere o pronome "você", tal como foi usado pela professora?
Esse uso é próprio de que variedade lingüística?

Refere-se à 1ª pessoa (à professora). É um uso típico da norma coloquial.



b) No trecho "como se você fosse uma empregada", fica pressuposto algum tipo de discriminação social? Justifique sua resposta.

Sim. Fica pressuposto um preconceito em relação às empregadas domésticas, pois infere-se que, se a professora fosse uma empregada, a frase do aluno seria justificável.


(Unicamp 1998 – Adaptada)

O empresário Antônio Ermírio de Moraes escreveu o artigo a seguir (FOLHA DE SÃO PAULO, 3/8/97) em que se manifesta sobre a sujeira na cidade de São Paulo. Leia o artigo com atenção e reflita também sobre o que está sugerindo nas entrelinhas a propósito de pobreza, cidadania, limpeza, ação governamental, etc.

Até quando, São Paulo?

Os leitores têm todo o direito de se queixar quando volto a um mesmo assunto. Acontece que o retorno ao tema decorre da persistência do problema. Refiro-me à imundice que campeia na cidade de São Paulo.
Muita gente confunde pobreza com sujeira. Nada mais errado. As pessoas humildes são exatamente as que mais valorizam o asseio, a higiene e a limpeza.
Você já notou como é generalizado o banho dos trabalhadores da construção civil depois de uma jornada de trabalho? Você já reparou como são bem areadas as panelas das donas-de-casa dos domicílios das periferias? Você já observou a brancura das camisas e blusas dos uniformes dos seus filhos?
O que se vê na capital de São Paulo é fruto de puro abandono e total falta de autoridade.
São pessoas imundas que emporcalham a cidade como prova da sua selvageria e refluxo da instabilidade dos governantes.
Uns defecam nos jardins. Outros cozinham debaixo dos viadutos. Há ainda os que penduram a roupa encardida nos galhos das árvores. Tudo a céu aberto e no maior acinte aos cidadãos que aqui vivem.
Na ausência de um plano diretor para cuidar da habitação, avoluma-se o número de pessoas que, usando tábuas, papelão e até embalagens de geladeiras, vão se mudando definitivamente para debaixo das pontes, onde passam a residir "tranquilamente" no meio de escandalosa sujeira.
O mais espantoso é ver as autoridades municipais e estaduais consentirem com a multiplicação desses chiqueiros que, na verdade, são uma verdadeira provocação aos que pagam altos impostos e que têm o direito de exigir um mínimo de higiene na cidade em que habitam e trabalham.
Já passou bastante da hora de as autoridades agirem. Eles estão atrasados há vários anos - mas têm de agir.
Não é justo que a população como um todo seja submetida a um ambiente tão vergonhoso e deprimente como é o de São Paulo.
Não sou saudosista a ponto de querer voltar ao tempo do prefeito Faria Lima, quando o símbolo da capital era uma bela rosa.
Mas também não acho correto submeter um povo trabalhador a uma cidade imunda e abandonada.
Afinal, esse povo está seguindo as regras democráticas, comparece às eleições e escolhe ordeiramente os seus vereadores, prefeitos e governantes.
É hora de eles realizarem mais trabalho e menos política, limpando esta cidade que já foi orgulho do nosso país. Mãos à obra!

A partir da leitura e da sua reflexão, exponha quais são os implícitos presentes neste texto. 

O principal implícito do texto é que os pobres são os maiores responsáveis pela imundície da cidade. Apesar de, aparentemente, evitar essa ideia, toda a construção textual deixa implícito que a sujeira se associa diretamente à população de baixa renda.