Preconceitos literários
(Unicamp 2011)
O poeta Vinicius de Moraes, apesar de modernista, explorou formas clássicas como o soneto abaixo, em versos alexandrinos (12 sílabas) rimados:
Soneto da intimidade
Nas tardes de fazenda há muito azul demais.
Eu saio as vezes, sigo pelo pasto, agora
Mastigando um capim, o peito nu de fora
No pijama irreal de há três anos atrás.
Desço o rio no vau dos pequenos canais
Para ir beber na fonte a água fria e sonora
E se encontro no mato o rubro de uma amora
Vou cuspindo-lhe o sangue em torno dos currais.
Fico ali respirando o cheiro bom do estrume
Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme
E quando por acaso uma mijada ferve
Seguida de um olhar não sem malícia e verve
Nós todos, animais, sem comoção nenhuma
Mijamos em comum numa festa de espuma.
Essa forma clássica tradicionalmente exigiu linguagem e tema elevados. O “Soneto da Intimidade” atende a essa exigência? Justifique.
Aline Gabriela Silvério:
O "Soneto da Intimidade" não atende à exigência (de formas e temas elevados), pois trata de um tema cotidiano, enquanto (o soneto tradicional) é normalmente composto de (assuntos) mais elevados.
Marina Oliveira (complemento da resposta acima):
O tema não é elevado nem (tampouco) a linguagem, que tem muitas marcas de coloquialismo, como (o uso dos termos) "cuspindo", "mijada" e "mijamos".
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