segunda-feira, 14 de março de 2011

Aula 1. Questionamento de preconceitos linguísticos, literários e culturais - Correção II



Preconceitos literários

(Unicamp 2011)

O poeta Vinicius de Moraes, apesar de modernista, explorou formas clássicas como o soneto abaixo, em versos alexandrinos (12 sílabas) rimados:

Soneto da intimidade

Nas tardes de fazenda há muito azul demais.
Eu saio as vezes, sigo pelo pasto, agora
Mastigando um capim, o peito nu de fora
No pijama irreal de há três anos atrás.


Desço o rio no vau dos pequenos canais
Para ir beber na fonte a água fria e sonora
E se encontro no mato o rubro de uma amora
Vou cuspindo-lhe o sangue em torno dos currais.


Fico ali respirando o cheiro bom do estrume
Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme
E quando por acaso uma mijada ferve


Seguida de um olhar não sem malícia e verve
Nós todos, animais, sem comoção nenhuma
Mijamos em comum numa festa de espuma
.


Essa forma clássica tradicionalmente exigiu linguagem e tema elevados. O “Soneto da Intimidade” atende a essa exigência? Justifique.


Aline Gabriela Silvério:


O "Soneto da Intimidade" não atende à exigência (de formas e temas elevados), pois trata de um tema cotidiano, enquanto (o soneto tradicional) é normalmente composto de (assuntos) mais elevados.


Marina Oliveira (complemento da resposta acima):


O tema não é elevado nem (tampouco) a linguagem, que tem muitas marcas de coloquialismo, como (o uso dos termos) "cuspindo", "mijada" e "mijamos".


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