domingo, 2 de outubro de 2011

Aula 19. Os temas polêmicos





Graziele de La Torre:

Estudos recentes tentam mostrar que o homossexualismo tem um vínculo com a genética, mas ainda deixam o assunto um pouco vago, sem muitas certezas, justamente porque existem pessoas que são homossexuais por uma questão única: a escolha.
Talvez essa escolha surja a partir das influências culturais, sociais e até mesmo políticas, afinal, o ser humano tem a sua personalidade formada a partir da sociedade em que o mesmo se incide. E ainda hoje nem todas as escolhas pessoais são bem vistas e aceitas por outras pessoas, assim gerando o preconceito.
Agressões físicas, verbais, exclusão social e outras coisas são consequências preconceituosas de uma escolha pessoal, o que leva uma pessoa a reprimir seus sentimentos dentro de si e a se comportar de acordo com o padrão que lhe é imposto, causando-lhe a infelicidade.
Por fim, a homossexualidade não é um problema a ser excluído e sim algo a ser entendido.
Nos dias atuais e nos dias futuros, os gays conquistam e conquistarão diversos direitos que mudarão a vida deles e de quem os rodeia, causando o efeito de preocupação em respeitar a opção sexual do próximo.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Aula 12. A sequência descritiva

(Unesp 1995) Sabemos que a Poesia Concreta adota, entre outros procedimentos, a valorização do poema no espaço branco da página. Com apoio das artes gráficas, os textos ganham em expressividade visual. Baseado neste comentário, releia o poema de Arnaldo Antunes, como foi originalmente editado na figura adiante, e responda:



(Antunes, Arnaldo - TUDOS. - 3 ed., São Paulo: Iluminuras, 1993)

a) Em que sentido esse texto poderia se enquadrar nos parâmetros da Poesia Concreta?
O poema apresenta a construção gráfica própria dos poemas concretos.
JOÃO RICARDO

b) Justifique sua resposta fazendo uma descrição de, pelo menos, um procedimento gráfico expressivo na construção do poema.
As repetições das palavras "pensa" e "nunca", que vão sendo ampliadas, dão toda a intensidade do poema.
JOÃO RICARDO

Unicamp 2008
Trabalhe sua narrativa a partir do seguinte recorte temático:
Hoje, mais do que nunca, podemos afirmar que “a cidade não dorme”. Além de freqüentarem bares, clubes, cinemas e bailes, há um crescente número de pessoas que circulam à noite pela cidade, física ou virtualmente, trabalhando, consumindo, estudando, divertindo-se.
Instruções:
• Imagine a história de um(a) personagem que encontre um grupo que vivencia a noite e, identificando-se com ele, passe a ver a cidade a partir de uma nova perspectiva;
• Narre o encontro, o processo de descoberta e a transformação que o(a) personagem experimentou;
• Sua história pode ser narrada em primeira ou em terceira pessoa.



Severino

Severino sempre foi um sujeito pacato, mas, nos últimos dias, ela andava muito agitado, com um sentimento que lhe apertava o peito: saudades de algo que não conhecia.
Entre um pensamento e outro, sua dor só fazia aumentar. Em meio a essa confusão emocional, nosso herói começou a pensar no tempo em que ele ajudava o seu velho pai. Mestre de obra de primeira, sabia de quase tudo sobre construção civil.
Severino, entretanto, não queria essa vida. (...) Foi nessa época que decidiu vir para São Paulo. Logo que chegou, já lhe arrumaram serviço de porteiro em um edifício comercial na Avenida Paulista. E é em uma dessas tardes tipicamente paulistanas que ele se encontra, mais melancólico que antes.
Coitado, não via a hora de sair, ver a rua, respirar o ar puro. Severino mal esperou o colega chegare já foi batendo cartão, sufocado. Quando o jovem deu por si, já havia andado um bom pedaço.
Seus sentidos começaram a funcionar novamente. Identificou um som familiar, o de zabuca, mais o retinir do triângulo e a sanfona que aquecia o coração.
Em muito pouco tempo, já estava agarrado com uma morena dançando forró. E no final da noite, quando voltava para casa, era já outro homem. Havia encontrado o que lhe faltava: a sua identidade cultural.

WALDIR

Aula 10. Elementos da sequência narrativa: tempo e espaço

Tempo

(Unicamp 2006)


Leia o trecho a seguir e responda:
– Vovô, eu quero ver um cometa!
Ele me levava até a janela. E me fazia voltar os olhos para o alto, onde o sol reinava sobre a Saracena.
– Não há nenhum visível no momento. Mas você há de ver um deles, o mais conhecido, que, muito tempo atrás, passou no céu da Itália.
Muito tempo atrás...atrás de onde? Atrás de minha memória daquele tempo.
E vovô Leone continuava:
– Um dia, você há de estar mocinha, e eu já estarei morando junto das estrelas. E você há de ver a volta do grande cometa, lá pelo ano de 2010...
Eu me agarrava à cauda daquele tempo que meu avô astrônomo me mostrava com os olhos do futuro e saía de sua casa. Na rua, com a cabeça nas nuvens, meus olhos brilhavam como estrelas errantes. Só baixavam à terra quando chegava à casa de vovô Vincenzo, o camponês.
(Ilke Brunhilde Laurito, A menina que fez a América. São Paulo: FTD, 1999, p. 16.)

No trecho "Muito tempo atrás... atrás de onde? Atrás de minha memória daquele tempo."
a) Identifique os sentidos de ‘atrás’ em cada uma das três ocorrências.
Na primeira ocorrência, no excerto "muito tempo atrás", o termo "atrás" tem o mesmo sentido de "anteriormente". Na segunda corrência ("atrás de onde?"), o termo (indica uma localização). Na terceira ocorrência "Atrás da minha memória daquele tempo") há a referência simultânea ao espaço e ao tempo.
VANESSA ALVES/ JOÃO RICARDO

b) Compare "Atrás de minha memória daquele tempo" com "Atrás do jardim da minha casa". Explique os sentidos de ‘atrás’ em cada uma das frases.
Os dois "atrás" possuem sentidos diferentes em cada frase. O da frase "Atrás da minha memória daquele tempo" refere-se a algo situado anteriormente em tempo e posteriormente em posição. O da frase "Atrás do jardim da minha casa" refere-se unicamente à espacialidade, à localização.
JOÃO RICARDO

Espaço

(Unicamp 2009)

Observe o poema abaixo. Nele, Carlos Drummond de Andrade reescreve a famosa “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias, na qual o poeta romântico idealiza a terra natal distante:

NOVA CANÇÃO DO EXÍLIO
A Josué Montello

Um sabiá
na palmeira, longe.
Estas aves cantam
um outro canto.

O céu cintila
sobre flores úmidas.
Vozes na mata,
e o maior amor.

Só, na noite,
seria feliz:
um sabiá,
na palmeira, longe.

Onde é tudo belo
e fantástico,
só, na noite,
seria feliz.
(Um sabiá,
na palmeira, longe.)

Ainda um grito de vida e
voltar
para onde é tudo belo
e fantástico:
a palmeira, o sabiá,
o longe.

Além de expatriação, a palavra exílio significa também “lugar longínquo” e “isolamento do convívio social”.
a) Quais palavras expressam estes dois últimos significados no poema de Drummond?
O lugar longínquo é expressado pela palavra "longe". (O isolamento, pela repetição da palavra "só").
CAMILA MORAES

b) Como o eu lírico imagina o lugar para onde quer voltar?
O eu-lírico imagina um lugar ameno, perto da natureza, onde ele se sentiria bem e provavelmente seria feliz.

(UERJ 2007 - Adaptada)

O adeus / Rubem Braga

No oitavo dia sentimos que tudo conspirava contra nós. Que importa a uma grande cidade que haja um apartamento fechado em alguns de seus milhares de edifícios; que importa que lá dentro não haja ninguém, ou que um homem e uma mulher ali estejam, pálidos, se movendo na penumbra como dentro de um sonho? Entretanto a cidade, que durante uns dois ou três dias parecia nos haver esquecido, voltava subitamente a atacar. O telefone tocava, batia dez, quinze vezes, calava-se alguns minutos, voltava a chamar; e assim três, quatro vezes sucessivas.
Alguém vinha e apertava a campainha; esperava; apertava outra vez; experimentava a maçaneta da porta; batia com os nós dos dedos, cada vez mais forte, como se tivesse certeza de que havia alguém lá dentro. Ficávamos quietos, abraçados, até que o desconhecido se afastasse, voltasse para a rua, para a sua vida, nos deixasse em nossa felicidade que fluía num encantamento constante.
Eu sentia dentro de mim, doce, essa espécie de saturação boa, como um veneno que tonteia, como se meus cabelos já tivessem o cheiro de seus cabelos, se o cheiro de sua pele tivesse entrado na minha. Nossos corpos tinham chegado a um entendimento que era além do amor, eles tendiam a se parecer no mesmo repetido jogo lânguido, e uma vez que, sentado, de frente para a janela por onde se filtrava um eco pálido de luz, eu a contemplava tão pura e nua, ela disse: “Meu Deus, seus olhos estão esverdeando”.
Nossas palavras baixas eram murmuradas pela mesma voz, nossos gestos eram parecidos e integrados, como se o amor fosse um longo ensaio para que um movimento chamasse outro: inconscientemente compúnhamos esse jogo de um ritmo imperceptível, como um lento bailado. Mas naquela manhã ela se sentiu tonta, e senti também minha fraqueza; resolvi sair, era preciso dar uma escapada para obter víveres; vesti-me lentamente, calcei os sapatos como quem faz algo de estranho; que horas seriam?
Quando cheguei à rua e olhei, com um vago temor, um sol extraordinariamente claro me bateu nos olhos, na cara, desceu pela minha roupa, senti vagamente que aquecia meus sapatos. Fiquei um instante parado, encostado à parede, olhando aquele movimento sem sentido, aquelas pessoas e veículos irreais que se cruzavam; tive uma tonteira, e uma sensação dolorosa no estômago.
Havia um grande caminhão vendendo uvas, pequenas uvas escuras; comprei cinco quilos. O homem fez um grande embrulho de jornal; voltei, carregando aquele embrulho de encontro ao peito, como se fosse a minha salvação. E levei dois, três minutos, na sala de janelas absurdamente abertas, diante de um desconhecido, para compreender que o milagre acabara; alguém viera e batera à porta, e ela abrira pensando que fosse eu, e então já havia também o carteiro querendo o recibo de uma carta registrada, e quando o telefone bateu foi preciso atender, e nosso mundo foi invadido, atravessado, desfeito, perdido para sempre – senti que ela me disse isso num instante, num olhar entretanto lento (achei seus olhos muito claros, há muito tempo não os via assim, em plena luz), um olhar de apelo e de tristeza onde entretanto ainda havia uma inútil, resignada esperança.


O título do texto de Rubem Braga é o prenúncio de uma idéia de separação que percorre a narrativa. Essa idéia é percebida pelos personagens por meio da invasão do espaço? Justifique.
A ideia de separação presente no título "Adeus" é percebida como a invasão do espaço pelas personagens, pois os dois queriam se isolar da realidade e para isso trancaram-se em um apartamento a fim de que as influências externas não perturbassem a vida pessoal do casal. Contando com a espécie de barreira de um ambiente completamente fechado tentaram ali interromper o cotidiano agitado da cidade. Entretanto, quando por um instante se viram fazer parte daquela rotina novamente, perceberam que o seu "nosso mundo foi invadido, atravessado, desfeito, perdido para sempre".
CAMILA MORAES

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Aula 9. Elementos da sequência narrativa: enredo, narrador e personagem

(UEM 2007 - adaptada) Leia o texto a seguir e responda ao que se pede.

Apelo
Dalton Trevisan

Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.

Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o canário ficou mudo. Não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam. Ficava só, sem o perdão de sua presença, última luz na varanda, a todas as aflições do dia.

Sentia falta da pequena briga pelo sal no tomate — meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa. Calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolha? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.

a) Identifique e escreva qual é o tema do conto, o tipo de narrador, o espaço (ou espaços) em que se passa a ação e os personagens principais da história.
O tema do conto Apelo é um pedido do narrador que ficou desestruturado com a partida da Senhora. O espaço em que se desenvolve a ação é em uma casa, principalmente. Os personagens principais são o narrador e a Senhora que partiu. O tipo de narração é a feita em primeira pessoa.
LUCIENE SANTOS

b) Em relação à compreensão do conto, discorra sobre as relações que podem ser estabelecidas entre tema, o tipo de narrador, o espaço (ou os espaços) em que se passa a ação e os personagens principais do enredo.
O narrador se descreve de maneira a deixar implícita a sua brutalidade, sua secura, a sua ausência de demonstrações de afeto, que, ao seu ver, era seu "jeito de querer bem". Ao se encontrar, contudo, sem a presença da Senhora, percebe que sua casa ambém vai se transformando em um local em que reina a falta de carinho e de cuidado. Roga pela volta da Senhora para que ela seja a mediadora da brutalidade que reina na casa e em sua vida.

Exercício de Escrita IX:

(UEL 2010)





A foto, feita pelo fotógrafo amador Haruo Ohara (1909- 1999). registra a presença de duas crianças brincando em uma área rural. A menina empunha uma sombrinha e o garoto usa chapéu, o que sugere um dia de sol. As crianças não têm brinquedos e se divertem com o que encontram naquele momento. O garoto segura com firmeza a escada, demonstrando zelo e cuidado com a companheira de diversão.

Com base nesses elementos e na observação da imagem, elabore um texto narrativo em que as lacunas dessa cena sejam preenchidas por personagens, conflitos e ações, num determinado tempo e espaço.

Vamos brincar?

A pequena garota observa o brinquedo. Ele é composto por dois troncos de madeira mal talhados em posição vertical, um paralelo ao outro. Entre os dois troncos, há sete pequenos degraus distribuídos uniformemente, cada um colocado em posição perpendicular ao tronco oposto. Não há muita razão em um brinquedo como este, mas para uma criança um simples objeto pode se transformar em algo de muita utilidade e diversão. É por esse ponto de vista que a garotinha vê esse aparelho tão complexo. Isabel. Este é o seu nome.
O céu azul que compõe esse ambiente mescla-se com nuvens cinzas. É sinal de chuva. Mas Isabel ouviu as ordens da mamãe: "Leve seu guarda-chuva, minha querida, pois choverá esta tarde". Isabel, com seu guarda-chuva em punho, sente vontade de subir o brinquedo que se encontra à sua frente. Degrau por degrau, vai e se senta. Olha para baixo e sente um friozinho na barriga, já que para ela, que é tão miudinha, aqueles dois metros de altura significam uma infinitude.
Olha para cima. O sol ardente, dardejando raios brilhantes, ofusca sua visão. Isabel agora sente-se sozinha, pois não há ninguém no parque para brincar com ela. (...) A imensidão do local traz um vazio em seu peito. Não é tédio. É a esperança de que aparecerá alguém para divertir-se junto a ela. (...)
Então abre seu guarda-chuva. E o fecha. E o abre novamente, resolvendo deixá-lo desta vez nesta mesma posição. Olha para o horizonte e vê alguém vindo. Em alguns instantes esse alguém, que é um pequeno menino, surge em feições abaixo de Isabel, no pé do brinquedo. Olham-se nos olhos. O menino sugere saltar de cima das toras de madeira, utilizando o guarda-chuva para alçar o pequeno voo (igual aos desenhos da tv).
Isabel olha desconfiada pequeno Vinícius. Ela é medrosa e sente desconfiança sobre a possibilidade de realizar este feito. Após instantes, ela resolve aceitar. Levanta-se, apoiando-se no sétimo e último degrau. Ergue o braço direito, com o guarda-chuva aberto nas mãos e salta.
Foi rápido. No salto, o guarda-chuva envergou e a pequena caiu violentamente no chão. Quando chegou ao solo, abriu o choro - um berro estrondoso. Olhou para os lados, os olhos cheios de lágrimas, procurando Vinícius, o dono dessa ideia de Jacó. Mas ele não estava mais lá. Isabel, então, sentiu-se mais sozinha do que nunca. Começou a chover.

JOÃO RICARDO

Aula 8. Diferença entre seqüência textual e gênero textual



Exercícios de vestibulares

(Unicamp 2011)
Quando vitaminas atrapalham
Consumir suplementos de vitaminas depois de praticar exercícios físicos pode reduzir a sensibilidade à insulina, o hormônio que conduz a glicose às células de todo o corpo. Temporariamente, um pouco de estresse oxidativo – processo combatido por algumas vitaminas e que danifica as células – ajuda a evitar o diabetes tipo 2, causado pela resistência à insulina, concluíram pesquisadores das universidades de Jena, na Alemanha, e Harvard, nos Estados Unidos. Desse estudo, publicado em maio na PNAS, participaram 40 pessoas, metade delas com treinamento físico prévio, metade sem. Os dois grupos foram divididos em subgrupos que tomaram ou não uma combinação de vitaminas C e E. Todos os subgrupos praticaram exercícios durante quatro semanas e
passaram por exames de avaliação de sensibilidade da glicose à insulina antes e após esse período. Apenas exercícios físicos, sem doses adicionais de vitaminas, promovem a longevidade e reduzem o diabetes tipo 2. Ao contrário do que se pensava, os
resultados negam que o estresse oxidativo seja um efeito colateral indesejado da atividade física vigorosa: ele é na verdade parte do mecanismo pelo qual quem se exercita é mais saudável. A conclusão é clara: nada de antioxidantes depois de correr.
(Adaptado de “Quando vitaminas atrapalham”. Revista Pesquisa FAPESP 160, p.40, junho de 2009.)

a) Por se tratar de um texto de divulgação científica, apresenta recursos linguísticos próprios a esse gênero.
Quais são eles? Transcreva dois trechos em que esses recursos estão presentes.

Além de uma linguagem específica do ramo científico, os recursos linguísticos utilizados em um texto de divulgação contribuem para a identificação do gênero misto de divulgação científica. Como a notícia anunciada surge depois de muitas pesquisas, é comum encontrar a argumentação em torno do resultado da descoberta científica, como podemos observar no trecho: "Temporariamente, um pouco de estresse oxidativo – processo combatido por algumas vitaminas e que danifica as células – ajuda a evitar o diabetes tipo 2, causado pela resistência à insulina, concluíram pesquisadores das universidades de Jena, na Alemanha, e Harvard, nos Estados Unidos". O modo explicativo é outro recurso comum, como nota-se no excerto a seguir: "Consumir suplementos de vitaminas depois de praticar exercícios físicos pode reduzir a sensibilidade à insulina, o hormônio que conduz a glicose às células de todo o corpo."
CAMILA MORAES

(UEM 2007) UEM/CVU
Leia com atenção as definições do Dicionário Houaiss para sinopse.

Sinopse. s. f. relato breve, síntese, sumário (de um filme, de um livro, de uma ópera); em revista científica, apresentação
concisa da matéria de um artigo, de um comunicado etc. e que, para dar ao leitor um apanhado do texto integral, é
colocada entre este e o título.
Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. 1.ª reimpressão. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004. p. 2581.



Como água para chocolate
Sinopse: Baseado em romance do mesmo nome, de Laura Esquivel, Como Água Para Chocolate acompanha a história de
um camponês chamado Pedro (Marco Leonardi) que, em 1910, em plena Revolução Mexicana, apaixona-se por Titi
(Lumi Cavazos). Ele quer voltar para a Guerra, mas ela o enfeitiça com seu amor e seus dotes culinários. Podia ser apenas
mais uma história de amor, mas trata-se de um dos mais belos filmes do cinema latino-americano em todos os tempos. Foi
a produção estrangeira de maior bilheteria nos Estados Unidos em 1993. DVD Video. Romance. Duração aprox.: 104
minutos. NTSC.

Brazil – O Filme
Sinopse: Não, não se passa em terras brasileiras a visão de Terry Gilliam para o futuro, com um estado burocrático,
ineficiente, mas obstinado em cercear a liberdade dos cidadãos como nas histórias de George Orwell. “Brazil” vem
apenas da música de Ary Barroso.
Revista Monet, n.º 50, maio de 2007, p. 41.

a) Com base na definição de Houaiss, aponte se ambos os textos podem ser considerados sinopses. Por quê?

O primeiro texto "Como água para chocolate" pode ser considerado uma sinopse. pois conta de forma reduzida a trama do filme. O segundo texto, "Brazil-o filme" não é considerado sinopse porque faz apenas um comentário sobre a obra em questão, (sem fornecer elementos concisos sobre seu enredo, na forma de síntese).
CAMILA MORAES

b) Retire do(s) texto(s) que você apontou como sinopse, no item a, dois elementos que caracterizam a construção desse
gênero textual.
Em uma sinopse há elementos que a definem enquanto gênero textual. O texto "Como água para chocolate" tem como marca o relato breve, ou seja, descreve de maneira concisa o enredo, como notamos nos trechos a seguir: "Baseado em romance do mesmo nome, (...) acompanha a história de um camponês chamado Pedro (...) que, em 1910, em plena Revolução Mexicana, apaixona-se por Titi (...)". Para o público alvo deve-se passar a confiança da qualidade, outro recurso do gênero sinopse que podemos observar no seguinte excerto: "Podia ser apenas mais uma história de amor, mas trata-se de um dos mais belos filmes do cinema latino-americano em todos os tempos." CAMILA MORAES

Exercício de Escrita IX

Observe o texto abaixo:

Flagrado na Ilha de Caras, Fernando Pessoa disse que está bem mais leve depois que passou a ser um só.


LISBOA – Em pronunciamento que pegou de surpresa o mercado editorial, o poeta e investidor Fernando Pessoa anunciou ontem a fusão dos seus heterônimos. Com o enxugamento, as marcas Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro passam a fazer parte da holding* Fernando Pessoa S.A. “É uma reengenharia”, explicou
o assessor e empresário Mário Sá Carneiro. Pessoa confessou que a decisão foi tomada “de coração pesado”: “Drummond sempre foi um só. A operação dele é enxutinha. Como competir?”, indagou. O poeta chegou a
pensar em terceirizar os heterônimos através de um call-center** em Goa, mas questões de gramática e semântica
acabaram inviabilizando as negociações. “Eles não usam mesóclise”, explicou Pessoa.
http://www.revistapiaui.com.br. Adaptado.

Apesar do texto estar muito próximo ao gênero das “notícias”, empregando principalmente a sequência textual informativa, seu caráter de crítica é bastante forte. Há uma argumentação implícita que revela que a poesia já não vale tanto quanto o dinheiro. Segundo a banca corretora da Unicamp, “Tratar os heterônimos de Fernando Pessoa como se fossem subsidiárias de uma empresa ou de uma marca, reduzindo o ser humano a um objeto a ser explorado economicamente (processo chamado de reificação), além de despertar o riso a partir do absurdo, pretende criticar os indesejáveis resultados da abusiva e avassaladora tendência de fundir empresas e reduzir seu tamanho (enxugar), em especial substituindo os funcionários fixos pela mão de obra mais barata dos países periféricos (terceirização).”

Redija, você também, uma notícia (em que predomine a sequência textual informativa) sobre um fato inventado/ absurdo, de modo a fazer uma crítica implícita através de seu texto.

Outros exemplos:

Chapeuzinho Vermelho no Cidade Alerta:
‘…onde é que a gente vai parar, cadê as autoridades? Cadê as
autoridades? A menina ia pra casa da vovozinha a pé! Não tem transporte público! Não tem transporte público! E foi devorada viva… um lobo, um lobo safado. Põe na tela, primo! Porque eu falo mesmo, não tenho medo de lobo, não tenho medo de lobo, não!`

Crítica implícita: em um contexto em que reina a violência, a história de Chapeuzinho Vermelho não nos surpreenderia nos dias de hoje – nem nos traria nenhuma lição.

HERÓI VAI À MÍDIA PROTESTAR POR SEUS DIREITOS
Insatisfeito com a forma de pagamento obtida pelos salvamentos, um herói cujo nome não foi divulgado, desabafa: "Como pode, em pleno capitalismo eu ainda receber um "obrigado" por arriscar minha vida? Como pode? Por que herói só tem que usar uniforme? Eu quero ter dinheiro para comprar uma roupa decente. Exijo mais dignidade ao meu trabalho, e, de uma vez por todas, o direito de um salário justo. Afinal, faço parte da segurança nacional."
O caso ainda está sendo analisado e deverá ser encaminhado à justiça. Enquanto as autorridades não resolvem a situação do herói, o suposto homem pratica atividades informais para garantir o próprio sustento.
CAMILA MORAES

EX-GOVERNANTES COMENTAM O GOVERNO DILMA ROUSSEF
Em reunião ontem em Gomorra, os ex-líderes políticos e religiosos que governaram grandes impérios comentaram e discutiram a atual situação de governo de países chefiados por mulheres.
A atual presidente do Brasil, Dilma Roussef, que está no governo há 6 meses, foi o assunto mais discutido pela banca dos ex-monarcas. Dentre as pautas mais destacadas, estavam o novo código florestal, o kit anti-homofobia, caso Palocci e o plano de metas do país.
Dentre os líderes, Hamurábi disse que se Palocci roubou 10 milhões do povo, a presidente devia apenas multá-lo, já que ele faz parte da nobreza. Já Calígula, dono de um ponto de vista mais radical, disse que "um cavalo presidente é uma ótima ideia, pois qualquer animal pode governar melhor que uma mulher". Nero acredita que o motivo de toda esta tragédia governamental é o cristianismo: "Não se pode aceitar que membros do próprio governo sigam esta seita pagã", diz. "A governante dessa república denominada Brasil é que deveria ser venerada, mesmo sendo do sexo feminino", acrescenta.
Mas quem gerou mais polêmica foi o ex-autocrata Julio César, que afirmou: "Enquanto o povo aceitar que uma mulher tome as decisões, que uma mulher possa governar e realizar o trabalho que divinamente pertence a nós, homens, o mundo tenderá a desmoronar sobre ruínas, e o apocalipse tomará a Terra".
Quem desenvolveu e discorreu melhor sobre os assuntos tratados foi Péricles, que entre muitas coisas disse que "os homossexuais com mais de 30 anos, nascidos no Brasil, também tem direitos". Sobre o novo código florestal, Péricles disse que "enquanto a nobreza governar, a mata continuará sendo destruída para pagara seus altos gastos, sua corrupção e sua roubalheira".
No final da reunião, os ex-governantes confirmaram a necessidade de tirar Dilma do poder, seja com o uso de forças ou não. Será a chance de Michel Temer mostrar toda a sua capacidade? JOÃO RICARDO DE LUCA




terça-feira, 21 de junho de 2011

Exercício de Revisão do Módulo de Interpretação de Textos: Análise de embalagens

Cacau em pó solúvel



A embalagem do cacau em pó apresenta um texto com linguagem mista, porque possui elementos verbais e não-verbais que remetem à ideia de chocolate. Por exemplo: o nome "cacau em pó solúvel" é semelhante à cor da embalagem.
Pela marca do produto ser, durante muitos anos, referencial de chocolate, o consumidor, ao observar a embalagem, logo identifica a substância característica do contexto. O logotipo da caixa faz pensar que é direcionada ao público jovem, sendo "Garoto" um nome que lembra adolescência, uma época consumista da delícia marrom e também tem como público alvo pessoas envolvidas com a culinária, que querem ter uma sobremesa de boa qualidade. Sendo assim, o slogan da marca "O chocolate que dá certo" transmite a ideia de que é o único produto pós-preparo que gera o resultado esperado.


Nescau 1986



A Nestlé é francesa e a edição histórica da embalagem é azul, branca e vermelha, que são as cores da bandeira da França.
A frase de efeito sempre foi: "Energia que dá gosto", o que mostra uma tradição do Nescau. Hoje a tampa é vermelha, uma vez que na gastronomia vermelho simboliza energia e abre o apetite.
Na visualização há um copo representando crianças e jovens e a xícara representando adultos e mais velhos.


Sonho de Valsa - Edição Especial



A embalagem do Sonho de Valsa simboliza basicamente o amor. Isso é facilmente notado devido ao formato de coração.
A mistura dos chocolates preto e branco representa a mistura do amor entre duas pessoas, que é também simbolizada pela dança entre o casal.
É possível analisar também um certo tipo de preconceito, pois o casal é heterossexual de pessoas brancas. E a valsa é uma dança de origem nobre, dançada originalmente pelos brancos.
Foi feito para ser dado de presente à uma mulher, pois a embalagem é um coração cor-de-rosa.


Nescau 1932



Nós analisamos uma lata de Nescau na qual percebemos que após 90 anos de mercado, a marca lançou o seu produto com uma embalagem comemorativa, mesmo com o seu design moderno. Apresenta assim uma coloração antiga remetendo ao ano de 1932, que fez parte do início da industrialização do Brasil, tendo, como principal objetivo mostrar ao público que seu produto é forte, é bom, gostoso e nutritivo, e por isso que já está há um século no mercado.
Usa a figura de uma empregada sombreada, pois na época a empregada era discriminada e sem valor perante à sociedade. Na embalagem, a empregada só serve para demonstrar o produto.


Pasteizinhos



O produto está associado com sua imagem. Pois na embalagem se faz uma propaganda da qualidade do produto, que está no mercado consumidor há 60 anos.
Essa propaganda passa aideia de algo tradicional, bom e prático. As instruções são fornecidas através de um texto simples.
As cores aplicadas, como o amarelo e o vermelho, remetem à fome. E o azul remete à leveza do produto em sua composição. Além disso, a embalagem não prejudica o meio ambiente por poder ser reciclada.


Gillete Ice



O aparelho de barbear masculino, vendido em toda a América Latina, tem design moderno, com público alvo de homens com pele sensível. A ambiguidade encontrada no produto é o ICE, que em inglês significa gelo e para reforçar que o produto é refrescante, a embalagem impõe a ideia de refrescância, contendo o azul e os flocos de gelo.
O publicitário buscou chamar a atenção para a marca e para a qualidade do produto, e colocou o 3 como destaque, três lâminas e 3 vezes mais lubrificação.
As comparações feitas são todas em relação ao produto de 2 lâminas, as frases em negrito são as mais importantes, são para chamar a atenção do consumidor e destacam o "melhor descartável da Gillete", querendo dizer que é a melhor prestobarba (top de linha). O "novo" ao canto do produto é em relação ao ICE.
O aparelho é mais visado ao mercado externo, pois na embalagem o espanhol vem antes do português.

Aula 7: A coesão textual

Exercícios de vestibulares:

(PROVA AFTN/RN 2005)
Assinale a opção em que a estrutura sugerida para preenchimento da lacuna correspondente provoca defeito de coesão e incoerência nos sentidos do texto.

A violência no País há muito ultrapassou todos os limites. ___1___ dados recentes mostram o Brasil como um dos países mais violentos do mundo, levando-se em conta o risco de morte por homicídio.
Em 1980, tínhamos uma média de, aproximadamente, doze homicídios por cem mil habitantes. ___2___, nas duas décadas seguintes, o grau de violência intencional aumentou, chegando a mais do que o dobro do índice verificado em 1980 – 121,6% –, ___3___, ao final dos anos 90 foi superado o patamar de 25 homicídios por cem mil habitantes. ___4___, o PIB por pessoa em idade de trabalho decresceu 26,4%, isto é, em média, a cada queda de 1% do PIB a violência crescia mais do que 5% entre os anos 1980 e 1990.
Estudos do Banco Interamericano de Desenvolvimento mostram que os custos da violência consumiram, apenas no setor saúde, 1,9% do PIB entre 1996 e 1997. ___5___ a vitimização letal se distribui de forma desigual: são, sobretudo, os jovens pobres e negros, do sexo
masculino, entre 15 e 24 anos, que têm pago com a própria vida o preço da escalada da violência no Brasil.

(Adaptado de http:// www.brasil.gov.br/acoes.htm)



a) 1 – Tanto é assim que
b) 2 – Lamentavelmente
c) 3 – ou seja
d) 4 – Simultaneamente
e) 5 – Se bem que

Resposta: As lacunas no texto ocultam palavras e expressões que atuam como conectores – ligam orações estabelecendo relações semânticas entre os períodos. A banca sugere algumas opções de preenchimento.

Dessas, a única que não atende ao solicitado é a de número 5, uma vez que a expressão “Se bem que” deveria introduzir uma oração de valor concessivo, estabelecendo, assim, idéia contrária à que foi apresentada até então pelo texto.

Verifica-se, contudo, que o que se segue ratifica as informações anteriores ao fornecer dados complementares às estatísticas sobre homicídios. Sendo aceita a sugestão da banca, a coerência textual seria prejudicada. Por isso, o gabarito é a opção E.


(in: http://www.mundovestibular.com.br/articles/2586/1/COESAO-E-COERENCIA-TEXTUAL/Paacutegina1.html)

(Fuvest 2008) Jornalistas não deveriam fazer previsões, mas as fazem o tempo todo. Raramente se prestam ao trabalho de prestar contas quando erram. Quando o fazem não é decerto com a ênfase e destaque conferidos às poucas previsões que acertam. Marcelo Leite – Folha de São Paulo



a) Reescreva o texto:” Jornalistas não deveriam fazer previsões, mas as fazem o tempo todo”, iniciando-o com “Embora os jornalistas...”
Embora os jornalista não deve(ssem) fazer previsões, as fazem o tempo todo.
Matheus Mistrinel

b) No trecho “Quando o fazem não é decerto com a ênfase (...)”, a que idéia se refere o termo grifado?
Refere-se ao ato de fazer previsões.
Grazi

(Fuvest 2007)
Preciso que um barco atravesse o mar
lá longe
para sair dessa cadeira
para esquecer esse computador
e ter olhos de sal
boca de peixe
e o vento frio batendo nas escamas.
(...)
Marina Colasanti, Gargantas abertas.

Gosto e preciso de ti
Mas quero logo explicar
Não gosto porque preciso
Preciso sim, por gostar.
Mário Lago, www.encantosepaixoes.com.br



a) Nos poemas acima, as preposições "para" e "por" estabelecem o mesmo tipo de relação de sentido? Justifique sua resposta.
Não, no primeiro poema o "para" é usado com o sentido de indicar finalidade.
Matheus Mistrinel

Complementando:
Agora a preposição "por" instaura uma condição.
Camila de Moraes Paulino

b) Sem alterar o sentido do texto de Mário Lago, transcreva-o em prosa, em um único período, utilizando os sinais de pontuação adequados.
Gosto e preciso de ti, mas quero logo explicar: não gosto porque preciso; preciso sim, por gostar.
Camila de Moraes Paulino

(Fuvest 2007) Americanos e russos se unem para salvar baleias no Ártico. Eis um episódio de época, mostrado na TV, nos anos 80, com toda a sua marca mitológica. Um dos mais primitivos povos da terra, os esquimós, lança um apelo que mobiliza as potências rivais, com sua técnica, em favor dos animais ameaçados de extinção. O pacifismo e a ecologia encontraram por fim uma narrativa modelar, que curiosamente inverte os termos da cumplicidade original, quando os animais é que auxiliavam os homens a enfrentar os perigos da natureza.
Paulo Neves, Viagem, espera.



a) Destaque do texto os segmentos que concretizam o sentido de pacifismo e o de ecologia.
O segmento que caracteriza o sentido de pacifismo é o "se unem" e o que caracteriza o sentido de ecologia é o "salvar baleias".
Matheus Mistrinel

b) "(...) os animais é que auxiliavam os homens a enfrentar os perigos da natureza".
Reescreva a frase acima, de modo que fique expressa a inversão dos termos da cumplicidade original, a que se refere o autor.
Os homens é que auxiliavam os animais a enfrentar os perigos da natureza.
Vanessa Alves

Exercícios de escrita VIII

Alguns escritores brincam com a linguagem ao escreverem romances, contos, poemas em que todas as palavras começam com uma mesma letra (procedimento chamado tautotrix).



Para treinar a coesão, conte uma pequena história utilizando este recurso.


Sentiu-se sozinho, salientou sofrer sentimentalmente. Sensação sólida: solidão.
Camila de Moraes Paulino

Drogas: Distúrbios devidos duplicação de diversos dramas.
Grazi

Desserviço desnecessário
Damas desgringoladas desnudam-se defronte de deformados. Dondocas doninhas... Dopadas, dançam debochando da década decadente: déficit de dólares deixaram-nas desvairadas. Doravante, deixaram doentes divertirem-se dentro delas. Doravante, DSTs, dejetos, diureses, depilações deturparam-nas, dizimaram-nas. Destarte, desvanecerão desvalidas, desprezadas. Devassidão diuturna desnecessária!
João Ricardo

Aula 6: A coerência textual

Exercícios de vestibulares

(Fuvest 2006) Atribuir ao doente a culpa dos males que o afligem é procedimento tradicional na história da humanidade. A obesidade não foge à regra.
Na Idade Média, a sociedade considerava a hanseníase um castigo de Deus para punir os ímpios. No século 19, quando proliferaram os aglomerados urbanos e a tuberculose adquiriu características epidêmicas, dizia-se que a enfermidade acometia pessoas enfraquecidas pela vida devassa que levavam. Com a epidemia de Aids, a mesma história: apenas os promíscuos adquiririam o HIV.
Coube à ciência demonstrar que são bactérias os agentes causadores de tuberculose e da hanseníase, que a Aids é transmitida por um vírus e que esses microorganismos são alheios às virtudes e fraquezas humanas: infectam crianças, mulheres ou homens, não para puni-los ou vê-los sofrer, mas porque pretendem crescer e multiplicar-se como todos os seres vivos. Tanto se lhes dá se o organismo que lhes oferece condições de sobrevivência pertence à vestal ou ao pecador contumaz.
(...)
Drauzio Varella, Folha de S. Paulo, 12/11/2005.



a) Crie uma frase com a palavra "obesidade" que possa ser acrescentada ao final do 2º parágrafo sem quebra de coerência.
Em relação à obesidade não poderia ser diferente, somente aqueles que cometem o pecado da gula apresentariam tal mal.
Rafaela

(Fuvest 2004)
Conversa no ônibus
Sentaram-se lado a lado um jovem publicitário e um velhinho muito religioso. O rapaz falava animadamente sobre sua profissão, mas notou que o assunto não despertava o mesmo entusiasmo no parceiro. Justificou-se, quase desafiando, com o velho chavão:
- A propaganda é a alma do negócio.
- Sem dúvida, respondeu o velhinho. Mas sou daqueles que acham que o sujeito dessa frase devia ser O NEGÓCIO.



a) A palavra ALMA tem o mesmo sentido para ambas as personagens? Justifique.
A palavra alma não apresenta o mesmo sentido para os personagens. Para o jovem, alma é a parte mais importante, a essência fundamental de algo. Já para o velhinho, alma tem a ver com a sua visão religiosa, sendo o princípio da vida, o espírito.
João Ricardo

b) Seguindo a indicação do velhinho, redija a frase na versão que a ele pareceu mais coerente.
A propaganda é o negócio da alma.
Vanessa Alves

(Fuvest 1999)
O cheque em branco que o eleitor passa ao eleito é alto demais, faz parte da condição mesma de candidato expor-se ao escrutínio público e abrir mão de uma série de prerrogativas, entre elas a privacidade.
("Folha de S. Paulo", 03/09/98)



a) Há algum problema de coerência na expressão ALTO DEMAIS, dado o contexto lingüístico em que ela ocorre? Justifique sua resposta.
Mesmo sendo uma expressão ambígua, "alto demais"(...) no contexto em que está aplicada há um problema de coerência porque não existe um cheque alto demais em branco.
Aguinaldo Santos

b) Qual é, no texto, a relação de sentido entre PRERROGATIVAS e PRIVACIDADE?
Pode-se entender que prerrogativas indicam as vantagens que o eleito possuía antes, entre elas o fato de ter privacidade em sua vida (pessoal ou profissional).
Guilherme

Exercícios de Escrita VII

Baseie-se nos contos de Circuito Fechado, de Ricardo Ramos, para escrever uma narrativa curta que siga a mesma estrutura. Trabalhe bem a coerência, a fim de que sua redação vá além de um amontoado de palavras/ frases soltas.

Muito prazer. Por favor, quer ver o meu saldo? Acho que sim. Que bom telefonar, foi ótimo, agora mesmo estava pensando em você. Puro, com gelo. Passe mais tarde, ainda não fiz, não está pronto. Amanhã eu ligo, e digo alguma coisa. Guarde o troco. Penso que sim. Este mês, não, fica para o outro. Desculpe, não me lembrei. Veja logo a conta, sim? É uma pena, mas hoje não posso, tenho um jantar. Vinte litros, da comum. Acho que não. Nas próximas férias, vou até lá, de carro. Gosto mais assim, com azul. Bem, obrigado, e você? Feitas as contas, estava errado. Creio que não. Já, pode levar. Ontem aquele calor, hoje chovendo. Não filha, não é assim que se faz. Onde está minha camisa amarela? Às vezes, só quando faz frio. Penso que não. Vamos indo, naquela base. Que é que você tem? Se for preciso, dou um pulo aí. Amanhã eu telefono e marco, mas fica logo combinado, quase certo. Sim, é um pessoal muito simpático. Foi por acaso, uma coincidência. Não deixe de ver. Quanto mais quente melhor. Não, não é bem assim. Morreu, coitado, faz dois meses. Você não reparou que é outra? Salve, lindos pendões. Mas que esperança. Nem sim, nem não, muito pelo contrário. Como é que que eu vou saber? Antes corto o cabelo, depois passo por lá. Certo. Pra mim, chega. Espere, mais tarde nós vamos. Aí foi que ele disse, não foi no princípio, quem ia advinhar? Deixe, vejo depois. Sim, durmo de lado, com uma perna encolhida. O quê? É, quem diria. Acredito que sim. Boa tarde, como está o senhor? Pague duas, a outra fica para o mês que vem. Oh, há quanto tempo! De lata e bem gelada. Perdoe, não tenho miúdo. Estou com pressa. Como é que pode, se eles não estudam? Só peço que não seja nada. Estou com fome. Não vejo a hora de acabar isto, de sair. Já que você perdeu o fim-de-semana, pôr que não vai pescar? É um chato, um perigo público. Foi há muito tempo. Tudo bem, tudo legal? Gostei de ver. Acho que não, penso que não, creio que não. Acredito que sim. Claro, fechei a porta e botei o carro par dentro. Vamos dormir? É, leia que é bom. Ainda agosto e esse calor. Me acorde cedo amanhã, viu?

(Ricardo Ramos)



"Eu tentei. Sinto muito. Não. Tarde. Tarde demais. Cabeça. Encéfalo. Três horas na sala. Não foi possível. Quer doar? Sinta-se à vontade. Claro! Pense. Não demore. Também não entendo. É a vida... Exagero, a morte é um exagero."
Luciene Santos

Bem-vindo(a)! A entrada é por aqui. É preciso aguardar nove meses. Seu passaporte está pronto. Embarque na Estação da Vida! Quanta gente. Esta é a sua mãe, aquele é seu pai. O homem de branco que acendeu a luz. Atenção! Acuidade é necessária. Mundo novo à vista. Trabalho de parto foi a primeira conquista. Pessoas diferentes, estradas inconsequentes. Duas direções. Esquerda ou direita? Se fosse você não pensaria duas vezes. Planeta estranho. Ser mata ser da mesma espécie. Crueldade é o esquema da cidade. Pobre e rico. Opostos nem sempre se atraem. Se a cidade é bonita? Não importa. A essência da vida não é a beleza e sim quem faz. Somente a riqueza é movida por nós. Muitos carros na avenida, poluição no ar. O cotidiano na cidade parece nunca parar. A diplomacia do mundo não é mais aperto de mão. Os raios solares não iluminam a solução. A Lua só traz perdição. A paz emerge no exílio do coração. Guerras circulam em torno da razão. Ei, a saída é por aqui! A visita à Terra finalizou. Duração? Uma vida inteira. Experiências? Um prazer constante que levou à morte.
Camila Moraes Paulino

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Aula 3. Exercícios de interpretação: a identificação de pressupostos e implícitos

Exercícios de vestibulares

Implícitos

(Unicamp 2001)


Na coluna “De zero a dez”, de Rubem Tavares, publicada na revista Business Travell, 34, no primeiro semestre de 2000, p. 13, encontram-se, entre outras, as seguintes notas, parcialmente adaptadas:
“Para os lunáticos que insistem em soltar balões de grande porte, causando incêndios e sérios riscos à segurança dos vôos: segundo o Controle de Tráfego Aéreo, em 1998 foram registradas 99 ocorrências em Guarulhos. Em todo o ano passado foram registradas 33 ocorrências e, neste ano, só no período de janeiro a abril, já foram 31. As autoridades deveriam enquadrar os responsáveis por crime inafiançável e trancafiá-los em presídios por longos anos.”
“Não seria o caso de a Prefeitura pagar por cada nova pichação feita na cidade? É claro que sim. Se todos entrassem com uma ação simultaneamente, com certeza o prefeito encontraria novas atribuições para a Guarda Municipal. Vide sugestão na nota anterior que também poderia ser aplicada nestes casos.”

a) Qual é a conclusão implícita na seqüência “neste ano, só no período de janeiro a abril, já foram 31”, que se encontra na primeira nota?
Indica que (haverá provavelmente) um aumento significativo de acidentes com balões, (a partir da constatação que o número de incidentes em 4 meses já é quase igual ao número de ocorrências no ano anterior.)
Everson de Lima e Silva

b) Explicite a sugestão dada no final da segunda nota.
Assim como "enquadrar os responsáveis por crime inafiançável e trancafiá-los em presídios por longos anos" resolveria os problemas que os balões causam (...) também resolveria o problema da pichação (se a mesma atitude severa fosse tomada em relação a estes últimos).
Lucas de Oliveira Moreira

Pressupostos

(Unicamp 2010)




a) Qual é o pressuposto da personagem que defende o acordo ortográfico entre os países de língua portuguesa? Por que esse pressuposto é inadequado?
O pressuposto que é quebrado é o de que o acordo ortográfico vai padronizar todos os países que utilizam a língua portuguesa. Mesmo com o acordo, cada país vai continuar usando suas gírias, termos de cada região, preservando suas expressões originais.
Débora Samara F. da Costa

b) Explique como esse pressuposto é quebrado.
Esse pressuposto é quebrado assim que a personagem diz que seria fácil entender um livro (em português de Portugal) e ao tentar lê-lo, ele sofre dificuldades de compreensão, (uma vez que o acordo ortográfico não implica na padronização total das línguas).
Igor

(UFMG 2009)
Leia este texto:
Pressupostos são conteúdos implícitos que decorrem de uma palavra ou expressão presente no ato de fala produzido. O pressuposto é indiscutível tanto para o falante quanto para o ouvinte, pois decorre, necessariamente, de um marcador lingüístico, diferentemente de outros implícitos (os subentendidos), que dependem do contexto, da situação de comunicação.

FIORIN, J. L. O dito pelo não dito. In: Língua Portuguesa, ano I, n. 6, 2006. p. 36-37. (Adaptado)

Observe este exemplo: “João parou de fumar”.
Nesse enunciado, é a presença da expressão “parar de” que instaura o pressuposto de que João fumava antes.

Leia, agora, estas manchetes:
1. Petrobrás é vítima de novos furtos.
(O tempo, Belo Horizonte, 8 mar. 2008.)

2. Dengue vira risco de epidemia em BH
(Estado de Minas, Belo Horizonte, 9 abr. 2008.)

Com base nas informações dadas acima e considerando essas duas manchetes de jornal, indique:
a) quais são os pressupostos que delas se depreendem
O pressuposto que se despreende da primeira manchete é que a Petrobrás já foi vítima de furtos. Já na segunda manchete, o pressuposto que se despreende é de que não havia o risco de epidemia da dengue antes em Belo Horizonte.
Felipe S.M. Gonçalves

b) os marcadores lingüísticos responsáveis pela instauração desses conteúdos implícitos.
Os marcadores de pressupostos são "novos" e "vira".
Edvilson P. Rasquinho

Exercícios de Escrita IV
As piadas constituem um gênero textual que trabalha, de maneira recorrente, com a quebra de implícitos. Inspirado nos textos abaixo redija, você também, uma piada em que haja um implícito que seja negado.

Texto 1:
Duas pessoas caminham lendo lápides em um cemitério, quando se deparam com os seguintes dizeres: AQUI JAZ UM POLÍTICO E UM HOMEM HONESTO.
- Nossa, que povo pão-duro! - disse uma delas - Enterraram duas pessoas em um mesmo caixão.

Texto 2:
Numa festa o secretário do presidente fila um cigarro. O presidente comenta:
- Não sabia que você fumava.
- Eu fumo, mas não trago.
- Pois devia trazer.

Texto 3:
Na escola, a professora explica:
- Se eu digo "fui bonita" é passado. Se digo "sou bonita" o que é Joãozinho?
- É mentira, professora!

Texto 4:
Depois da aula, Joãozinho chama a professora de lado e diz:
- Não quero assustá-la, professora, mas ontem à noite o meu pai me disse que se as minhas notas não melhorarem logo, logo, alguém vai apanhar...

Texto 5:
Dois amigos de infância se encontram na fila do banco:
- Nicolau! Há quanto tempo!
- É mesmo, cara... Desde o ginásio...
- E aí, o que você tem feito da vida?
- Ah, eu virei escritor...
- Sério? Que legal! E aí, já vendeu alguma coisa?
- Já... Até agora vendi a TV, o som, o telefone... Quer comprar um Chevette 78?

Dois amigos estão em um restaurante, quando de repente chegam suas esposas. Um diz para o outro:
- Brother, olha lá minha esposa e minha amante juntas.
- Sabe que eu ia dizer o mesmo?

Brian

Aula 5 - Intertextualidades


(Puc 2003)

Texto 1

Com licença poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

PRADO, Adélia. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1995, p.11.

Questão 01

Adélia Prado é considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras contemporâneas. Sua poesia trata de temas que vão do mistério da criação poética à vida cotidiana, passando pela condição feminina. Leitora contumaz, ela estabelece uma série de diálogos com obras e autores de nossa literatura. A partir da leitura do texto acima, estabeleça uma comparação entre o poema de Adélia e o seguinte trecho do "Poema de sete faces" de Carlos Drummond de Andrade:

Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche* na vida.

* gauche: palavra da língua francesa que possui inúmeros significados, dentre os quais os de torto, malfeito, desajeitado.

As diferenças encontradas entre o poema de Adélia Prado e o de Drummond está na questão estética. Adélia diferenciou-se do poema de Drummond trocando "torto" por "esbelto"; "desses que vivem na sombra" por "desses que tocam trombeta", (chegando, entretanto, ambos os poetas a uma conclusão semelhante, a de que desde o nascimento já têm) de cumprir uma sina.

João Ricardo de Luca

Questão 02
Identifique e explique brevemente o jogo de palavras presente no título do poema.

Para que a obra de Adélia Prado não pareça simplesmente um plágio da obra de Drummond, ela deixa bem claro que (pede) licença poética para construir seu (poema), (causando uma intertextualidade) com o "Poema de Sete Faces".

João Ricardo de Luca

(Unicamp 2011)

Leia os seguintes trechos de O cortiço e Vidas secas:

O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. (...).
Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulhavam os pés vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.
(Aluísio Azevedo, O cortiço. Ficção completa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 2005, p. 462.)

Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado, com a família morrendo de fome, comendo raízes. Caíra no fim do pátio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da casa deserta. Ele, a mulher e os filhos tinham-se habituado à camarinha escura, pareciam ratos – e a lembrança dos sofrimentos passados esmorecera. (...) — Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta. Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra. Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando:
— Você é um bicho, Fabiano.
Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades. Chegara naquela situação medonha – e ali estava, forte, até gordo, fumando seu cigarro de palha.
— Um bicho, Fabiano. (...)
Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado.
(Graciliano Ramos, Vidas secas. Rio de Janeiro: Editora Record, 2007, p. 18-19.)

a) Ambos os trechos são narrados em terceira pessoa. Apesar disso, há uma diferença de pontos de vista na aproximação das personagens com o mundo animal e vegetal. Que diferença é essa?

A diferença é que em "O cortiço" o narrador faz a semelhança entre os moradores em relação aos animais, descrevendo gestos e cenários (que ambientalizam os personagens no mundo animal). Em "Vidas Secas" a própria personagem se identifica com um ser de outra espécie (...), (apesar da narração ser em terceira pessoa também).

Rodolfo Pinheiro



Para Leonardo e Luisinha a despedida no final da festa foi triste, no sentido de que a noite poderia ter sido maior, porém, já acabara. Para os outros a despedida foi alegre.
Já no trecho de Vidas Secas, predomina o cansaço (ao fim da festa). Fabiano, ao dormir, sonha agoniado, (a ponto) se que seu sonho se transforma em pesadelo.

Gustavo Eiji Ykeda



Exercícios de Escrita VI

Propagandas all type são anúncios publicitários que não apresentam imagens, como o exemplo da propaganda dos Colchões Ortobom. A partir da leitura dos textos abaixo, redija um anúncio all type (de um produto já conhecido ou inventado), em que exista uma relação intertextual, como ocorre nos exemplos abaixo.





Ficha Limpa
(Sabão em pó OMO)

Camila de Moraes Paulino

"Eu tive um sonho"
(Travesseiros Ninilua: durma bem)

Gabriel B. da Silva







Aula 4 - Exercícios de interpretação: a identificação de ambigüidades

Exercícios de vestibulares

(Unicamp 2010)


Na propaganda do dicionário Aurélio, a expressão “bom pra burro” é polissêmica, e remete a uma representação do dicionário.Explique como o uso da expressão “bom pra burro” produz humor nessa propaganda.



A propaganda (causa) humor pois expressa que o dicionário Aurélio é direcionado a pessoas "burras", (bem como indica) que a expressão "bom pra burro" (...) (pode se relacionar a) algo muito bom.

Marlúcia S. Reis

(Unicamp 1992)

Ler adequadamente esta tira significa entender o que está subentendido no enunciado de Stock ("eu também") e perceber que no último quadrinho existe a possibilidade de tal enunciado ser interpretado de duas maneiras diferentes:



a) Quais são as duas maneiras possíveis de interpretar o enunciado de Stock no último quadrinho?

(Uma interpretação possível) é a de que (Stock) também fazia sexo com alguma mulher. E a outra maneira de se interpretar é a de que ele fazia sexo com Bete Speed, noiva de seu amigo Wood.

Brian

b) Qual a palavra da fala de Wood que é fundamental para que a última fala de Stock possa ser interpretada de duas maneiras?

A palavra "minha", porque é um pronome possessivo, que indica "propriedade", (ou seja, a noiva de Wood).

Carolina Barbosa Leite da Cruz

c) Levando-se em conta os padrões morais de nossa sociedade, qual das duas maneiras de entender a última fala de Stock provoca o riso do leitor?

A maneira que mais causa riso no leitor é a de que Stock teria feito sexo com a noiva de Wood, já que os dois personagens da tirinha aparentam ser grandes amigos.

Marlúcia S. Reis

(Unicamp 1992)

Às vezes, quando um texto é ambíguo, é o conhecimento que o leitor tem dos fatos que lhe permite fazer uma interpretação adequada do que lê. Um bom exemplo é o trecho que segue, no qual há duas ambigüidades, uma decorrente da ordem das palavras e a outra, de uma elipse de sujeito.

O presidente americano (...) produziu um espetáculo cinematográfico em novembro passado na Arábia Saudita, onde comeu peru fantasiado de marine no mesmo bandejão em que era servido aos soldados americanos.
(Veja, 09/01/91)

a) Quais as interpretações possíveis das construções ambíguas?

Na frase "onde comeu peru fantasiado de marine", há três interpretações possíveis. (A primeira é a de que) "peru fantasiado de marine" pode ser o nome do prato comido pelo presidente. (A segunda é que) o presidente comeu um peru que estava fantasiado de marine ou então, (uma terceira interpretação é a de que) o presidente comeu um peru, e quem estava fantasiado de marine era o presidente.

(Na frase) "(...) no mesmo bandejão em que era servido aos soldados americanos", não se sabe se o que foi servido aos soldados foi o peru ou o presidente.


Bianca Pereira


b) Reescreva o trecho de modo a impedir interpretações inadequadas.

"(...) onde fantasiado de marine comeu peru, no mesmo bandejão em que a ave era servida aos soldados americanos."

Bianca Pereira

c) Que tipo de informação o leitor leva em conta para interpretar adequadamente esse trecho?

Para uma interpretação adequada o leitor deve considerar o contexto em que o trecho está inserido, levando em conta o fato em si e considerando a impossibilidade de um peru fantasiado de marine, bem como a de um presidente ser servido de alimento a soldados.
Apesar da ambiguidade causada pela falha na transmissão da notícia, trata-se deum fato de cunho militar, tornando descabidas as interpretações (citadas acima).


Gisele Salgado Franco

Exercício de Escrita V

As charadas recorrem constantemente ao uso da ambigüidade em sua estrutura, com a finalidade de provocar a surpresa do interlocutor. A partir da leitura dos exemplos abaixo, redija, você também, uma charada.

Dois chicletes se casaram e tiveram vários chicletinhos. Qual o nome do filme?
A Família Adams

Qual é o sujeito da frase “proibido estacionar”?
Sujeito a guincho.

O que é pequeno como um rato, mas cuida da casa como um leão?
O cadeado.

Qual é o contrário de fumo?
Vortemo.

O que é que o humano faz, vê, mas não quer ter?
O caixão.

Por que o Super Mario foi ao psiquiatra?
Porque estava em uma fase muito difícil.

Somos todos irmãos e moramos na mesma rua, quando um erra a sua casa, todos outros erram a sua. Quem somos?
Os botões da camisa.

Qual é o coletivo de pobre?
Ônibus.

Vanessa Alves

Qual o sujeito da frase "Você vai apanhar?"
Sujeito a se ferrar.

Ariane Malta

quinta-feira, 31 de março de 2011

Aula 2. Exercício de Escrita III - Tirinhas

Exercício de escrita III

Agora que você já sabe um pouco mais sobre os diferentes tipos de linguagem, experimente criar uma tira cômica. O traçado do desenho pode ser bem simples, como observamos em aula nas tirinhas dos Malvados (http://www.malvados.com.br/).



(Lincoln Kyoshi)

A tirinha do Lincoln mostra as vantagens de ser daltônico: o personagem, que não diferencia bem algumas cores, pensa ter montado o cubo mágico com sucesso, uma vez que não consegue visualizar seus erros no manuseio do brinquedo.



(Letícia Paiva T. Machado)

A tirinha da Letícia trata dos diferentes tipos de linguagem, assunto que vimos em sala. Quando o professor diz "Hoje iremos aprender os diferentes tipos de linguagem", a aluna responde que não precisará assistir àquela aula, uma vez que ela já sabe a língua portuguesa e não precisa aprender nenhuma outra linguagem.

O quadrinho trabalha com a ironia em torno dos preconceitos linguísticos e a diferenciação entre língua e linguagem, retomando boa parte das matérias que já vimos ao longo deste ano.




(Vanessa Alves Lopes)

A tirinha da Vanessa mostra um coelho e uma lesma indo ao cinema. Ao reclamar da pipoca doce e comprar uma pipoca com sal, sem querer, o mamífero mata seu amiguinho. Lembram das aulas de biologia? Pois é, lesma e sal não combinam.

Aula 2. Exercícios de vestibulares - Correção III


Sobre a noção de interlocutor

(Universidade Estadual da Paraíba 2011)

- Não deixe sua cadela entrar na minha casa de novo. Ela está cheia de pulgas.
- Diana, não entre nessa casa de novo. Ela está cheia de pulgas.

Em relação à interlocução que se estabelece na piada acima, analise as proposições e coloque V para as verdadeiras e F para as falsas.

( ) O termo “ela” nas duas falas dos interlocutores faz alusão aos mesmos referentes, considerando-se a comicidade na construção de sentido do texto.
( ) O humor da piada se efetiva, em razão da ambigüidade causada pelo pronome “ela”, o que ocasiona o desfecho do diálogo.
( ) A referenciação contida no texto, por meio do termo “ela”, estabelece um exemplo de coesão anafórica.

Resposta: F/V/V

A primeira afirmação não é possível: o termo "ela" faz alusão a referentes distintos (cadela/ casa). É a confusão entre os referentes que causa o humor do texto.

A segunda afirmação está correta: o humor se efetiva em função da ambiguidade do pronome "ela", o que faz com que o dono da cadela Diana pense que a casa de seu interlocutor está cheia de pulgas e por isso não é um ambiente adequado ao seu animal de estimação.

A terceira afirmação também está correta. A coesão anaafórica é aquela que retoma algo dito anteriormente. Assim, o pronome ela pode retomar tanto "cadela" quanto "casa", termos citados anteriormente nas falas dos dois interlocutores.

Aula 2. Exercícios de vestibulares - Correção II


Sobre noção de contexto

(Fuvest 2011) Leia o seguinte texto e responda ao que se pede.

Em boca fechada bem-te-vi não faz ninho

Campos de Melo passou todos os anos de sua vereança sem dar uma palavra. Era o boca-de-siri da câmara municipal de Cuité. Até que, uma tarde, ergueu o busto, como quem ia falar. O presidente da Mesa, mais do que depressa, disse:
— Tem a palavra o nobre vereador.
Então, em meio do grande silêncio, o grande mudo falou.
— Peço licença para fechar a janela, pois estou constipado.

Tendo em vista o contexto, é correto afirmar que, tanto do ponto de vista da estrutura quanto da mensagem, o título do texto constitui um provérbio?

Sim, pois o título tem rima, possui um sentido (...) fácil de decorar e simples, (é) curto e direto, (bem como ocorre com os provérbios). O título do texto expressa um conhecimento (popular) de modo figurado (sobre a situação narrada, metaforizando a ideia de que é melhor manter o silêncio a fim de evitar consequências indesejáveis).

Pout-pourri das respostas do Lincoln Kiyoshi e da Vanessa Alves

Aula 2. Os conceitos de texto - Exercícios de Vestibular - Correção I

Exercícios de vestibulares:

Sobre a noção de linguagens

(Fuvest 2011) Examine esta propaganda de uma empresa de certificação digital (mecanismo de segurança que garante a autenticidade, confidenciabilidade e integridade às informações eletrônicas.



Aponte a relação de sentido entre a mensagem verbal e a imagem.

Na propaganda a palavra "burocracia" remete à imagem do carimbo, considerado ultrapassado, tendo em vista a era digital em que vivemos. A tecla "delete" (presente no anúncio publicitário indica) a substituição do carimbo pelo computador. A relação entre a mensagem verbal e a imagem é de que os tempos (nos quais) utilizava-se o carimbo estão chegando ao fim (em função do uso disseminado) do computador.

Aline Gabriela Silvério

segunda-feira, 14 de março de 2011

Aula 1. Questionamento de preconceitos linguísticos, literários e culturais - Exercício de Escrita II


Exercício de escrita II

O preconceito literário pode levar à discriminação dos inúmeros formatos novos de textos que têm surgido com a internet. Considerado por muitos estudiosos como sub-literatura, o nanoconto vem se disseminando pela rede do Twitter. Dentre os muitos posts, encontramos boas peças literárias, além de um número cada vez maior de adeptos e leitores do gênero. Inspire-se nos textos abaixo para escrever, você também, um nanoconto.

"Finalmente sua noiva chegou pelo sedex. Loira, alta, sainha curta e inflável."

“Um cartaz na parede avisava "isso não é uma festa"! Então a Paixão foi embora e só restaram os três: Ela, Ele e o Amor, que é cego”.

"A tarde estava ensolarada e quente quando Clarice saiu do colégio para buscar o resultado. Positivo. Um misto de felicidade e medo dominou seu corpo. Ruborizou: - Se for menina, poderá brincar com minhas bonecas".

Mayara C. Rosente:

Houve um disparo. Ele saiu correndo, mas já era tarde demais. Ganhou em segundo lugar.

Rafaela Pires:

Lá vem a louca cantarolando com sua voz tão doce como um pássaro bicando um pêssego, abraçada ao ramalhete de risos que enfeita o túmulo de seu amor eterno.

Gisele Salgado Franco:

Vivia ela feliz e sorridente, até que ele infiltrou-se em sua vida tendo como único objetivo tirar-lhe o sossego. Alguns disseram que lhe trouzera juízo. Contra ele, comente os analgésicos ou talvez somente a intervenção cirúrgica. Ó indesejável ciso!

Camila de Moraes Paulino:

Eram só os dois, Coca e Ína. Uma alucinante paixão. Um tragava o outro, a inevitável tentação. Fases de euforia, mas também de empolgação. Um romance tão sério que acabou em desilusão.

Aula 1. Questionamento de preconceitos linguísticos, literários e culturais - Correção III



Preconceito cultural

(Unicamp 2011)

Nesta tirinha da famosa Mafalda do argentino Quino, o humor é construído fundamentalmente por um produtivo jogo de referência.

Explicite como o termo “estrangeiro” é entendido pela personagem Mafalda e pelo personagem Manolito.

Carolina Barbosa Leite da Cruz:

O termo "estrangeiro" para Mafalda é considerado tudo que está fora dos limites de seu país. Já para Manolito o seu país é considerado estrangeiro em relação ao país de seu pai, (que é emigrante, ou seja, que não nasceu na Argentina).

Aula 1. Questionamento de preconceitos linguísticos, literários e culturais - Correção II



Preconceitos literários

(Unicamp 2011)

O poeta Vinicius de Moraes, apesar de modernista, explorou formas clássicas como o soneto abaixo, em versos alexandrinos (12 sílabas) rimados:

Soneto da intimidade

Nas tardes de fazenda há muito azul demais.
Eu saio as vezes, sigo pelo pasto, agora
Mastigando um capim, o peito nu de fora
No pijama irreal de há três anos atrás.


Desço o rio no vau dos pequenos canais
Para ir beber na fonte a água fria e sonora
E se encontro no mato o rubro de uma amora
Vou cuspindo-lhe o sangue em torno dos currais.


Fico ali respirando o cheiro bom do estrume
Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme
E quando por acaso uma mijada ferve


Seguida de um olhar não sem malícia e verve
Nós todos, animais, sem comoção nenhuma
Mijamos em comum numa festa de espuma
.


Essa forma clássica tradicionalmente exigiu linguagem e tema elevados. O “Soneto da Intimidade” atende a essa exigência? Justifique.


Aline Gabriela Silvério:


O "Soneto da Intimidade" não atende à exigência (de formas e temas elevados), pois trata de um tema cotidiano, enquanto (o soneto tradicional) é normalmente composto de (assuntos) mais elevados.


Marina Oliveira (complemento da resposta acima):


O tema não é elevado nem (tampouco) a linguagem, que tem muitas marcas de coloquialismo, como (o uso dos termos) "cuspindo", "mijada" e "mijamos".