terça-feira, 21 de junho de 2011

Aula 6: A coerência textual

Exercícios de vestibulares

(Fuvest 2006) Atribuir ao doente a culpa dos males que o afligem é procedimento tradicional na história da humanidade. A obesidade não foge à regra.
Na Idade Média, a sociedade considerava a hanseníase um castigo de Deus para punir os ímpios. No século 19, quando proliferaram os aglomerados urbanos e a tuberculose adquiriu características epidêmicas, dizia-se que a enfermidade acometia pessoas enfraquecidas pela vida devassa que levavam. Com a epidemia de Aids, a mesma história: apenas os promíscuos adquiririam o HIV.
Coube à ciência demonstrar que são bactérias os agentes causadores de tuberculose e da hanseníase, que a Aids é transmitida por um vírus e que esses microorganismos são alheios às virtudes e fraquezas humanas: infectam crianças, mulheres ou homens, não para puni-los ou vê-los sofrer, mas porque pretendem crescer e multiplicar-se como todos os seres vivos. Tanto se lhes dá se o organismo que lhes oferece condições de sobrevivência pertence à vestal ou ao pecador contumaz.
(...)
Drauzio Varella, Folha de S. Paulo, 12/11/2005.



a) Crie uma frase com a palavra "obesidade" que possa ser acrescentada ao final do 2º parágrafo sem quebra de coerência.
Em relação à obesidade não poderia ser diferente, somente aqueles que cometem o pecado da gula apresentariam tal mal.
Rafaela

(Fuvest 2004)
Conversa no ônibus
Sentaram-se lado a lado um jovem publicitário e um velhinho muito religioso. O rapaz falava animadamente sobre sua profissão, mas notou que o assunto não despertava o mesmo entusiasmo no parceiro. Justificou-se, quase desafiando, com o velho chavão:
- A propaganda é a alma do negócio.
- Sem dúvida, respondeu o velhinho. Mas sou daqueles que acham que o sujeito dessa frase devia ser O NEGÓCIO.



a) A palavra ALMA tem o mesmo sentido para ambas as personagens? Justifique.
A palavra alma não apresenta o mesmo sentido para os personagens. Para o jovem, alma é a parte mais importante, a essência fundamental de algo. Já para o velhinho, alma tem a ver com a sua visão religiosa, sendo o princípio da vida, o espírito.
João Ricardo

b) Seguindo a indicação do velhinho, redija a frase na versão que a ele pareceu mais coerente.
A propaganda é o negócio da alma.
Vanessa Alves

(Fuvest 1999)
O cheque em branco que o eleitor passa ao eleito é alto demais, faz parte da condição mesma de candidato expor-se ao escrutínio público e abrir mão de uma série de prerrogativas, entre elas a privacidade.
("Folha de S. Paulo", 03/09/98)



a) Há algum problema de coerência na expressão ALTO DEMAIS, dado o contexto lingüístico em que ela ocorre? Justifique sua resposta.
Mesmo sendo uma expressão ambígua, "alto demais"(...) no contexto em que está aplicada há um problema de coerência porque não existe um cheque alto demais em branco.
Aguinaldo Santos

b) Qual é, no texto, a relação de sentido entre PRERROGATIVAS e PRIVACIDADE?
Pode-se entender que prerrogativas indicam as vantagens que o eleito possuía antes, entre elas o fato de ter privacidade em sua vida (pessoal ou profissional).
Guilherme

Exercícios de Escrita VII

Baseie-se nos contos de Circuito Fechado, de Ricardo Ramos, para escrever uma narrativa curta que siga a mesma estrutura. Trabalhe bem a coerência, a fim de que sua redação vá além de um amontoado de palavras/ frases soltas.

Muito prazer. Por favor, quer ver o meu saldo? Acho que sim. Que bom telefonar, foi ótimo, agora mesmo estava pensando em você. Puro, com gelo. Passe mais tarde, ainda não fiz, não está pronto. Amanhã eu ligo, e digo alguma coisa. Guarde o troco. Penso que sim. Este mês, não, fica para o outro. Desculpe, não me lembrei. Veja logo a conta, sim? É uma pena, mas hoje não posso, tenho um jantar. Vinte litros, da comum. Acho que não. Nas próximas férias, vou até lá, de carro. Gosto mais assim, com azul. Bem, obrigado, e você? Feitas as contas, estava errado. Creio que não. Já, pode levar. Ontem aquele calor, hoje chovendo. Não filha, não é assim que se faz. Onde está minha camisa amarela? Às vezes, só quando faz frio. Penso que não. Vamos indo, naquela base. Que é que você tem? Se for preciso, dou um pulo aí. Amanhã eu telefono e marco, mas fica logo combinado, quase certo. Sim, é um pessoal muito simpático. Foi por acaso, uma coincidência. Não deixe de ver. Quanto mais quente melhor. Não, não é bem assim. Morreu, coitado, faz dois meses. Você não reparou que é outra? Salve, lindos pendões. Mas que esperança. Nem sim, nem não, muito pelo contrário. Como é que que eu vou saber? Antes corto o cabelo, depois passo por lá. Certo. Pra mim, chega. Espere, mais tarde nós vamos. Aí foi que ele disse, não foi no princípio, quem ia advinhar? Deixe, vejo depois. Sim, durmo de lado, com uma perna encolhida. O quê? É, quem diria. Acredito que sim. Boa tarde, como está o senhor? Pague duas, a outra fica para o mês que vem. Oh, há quanto tempo! De lata e bem gelada. Perdoe, não tenho miúdo. Estou com pressa. Como é que pode, se eles não estudam? Só peço que não seja nada. Estou com fome. Não vejo a hora de acabar isto, de sair. Já que você perdeu o fim-de-semana, pôr que não vai pescar? É um chato, um perigo público. Foi há muito tempo. Tudo bem, tudo legal? Gostei de ver. Acho que não, penso que não, creio que não. Acredito que sim. Claro, fechei a porta e botei o carro par dentro. Vamos dormir? É, leia que é bom. Ainda agosto e esse calor. Me acorde cedo amanhã, viu?

(Ricardo Ramos)



"Eu tentei. Sinto muito. Não. Tarde. Tarde demais. Cabeça. Encéfalo. Três horas na sala. Não foi possível. Quer doar? Sinta-se à vontade. Claro! Pense. Não demore. Também não entendo. É a vida... Exagero, a morte é um exagero."
Luciene Santos

Bem-vindo(a)! A entrada é por aqui. É preciso aguardar nove meses. Seu passaporte está pronto. Embarque na Estação da Vida! Quanta gente. Esta é a sua mãe, aquele é seu pai. O homem de branco que acendeu a luz. Atenção! Acuidade é necessária. Mundo novo à vista. Trabalho de parto foi a primeira conquista. Pessoas diferentes, estradas inconsequentes. Duas direções. Esquerda ou direita? Se fosse você não pensaria duas vezes. Planeta estranho. Ser mata ser da mesma espécie. Crueldade é o esquema da cidade. Pobre e rico. Opostos nem sempre se atraem. Se a cidade é bonita? Não importa. A essência da vida não é a beleza e sim quem faz. Somente a riqueza é movida por nós. Muitos carros na avenida, poluição no ar. O cotidiano na cidade parece nunca parar. A diplomacia do mundo não é mais aperto de mão. Os raios solares não iluminam a solução. A Lua só traz perdição. A paz emerge no exílio do coração. Guerras circulam em torno da razão. Ei, a saída é por aqui! A visita à Terra finalizou. Duração? Uma vida inteira. Experiências? Um prazer constante que levou à morte.
Camila Moraes Paulino

Nenhum comentário: