domingo, 6 de maio de 2012

Produção de Texto. Aula 5 - A sequência descritiva (tempo e espaço na narração; descrição subjetiva e objetiva)


Exercício de vestibular

Considere este trecho de um diálogo entre pai e filho (do romance "Lavoura arcaica", de Raduan Nassar):

- Quero te entender, meu filho, mas já não entendo nada.

- Misturo coisas quando falo, não desconheço, são as palavras que me empurram, mas estou lúcido, pai, sei onde me contradigo, piso quem sabe em falso, pode até parecer que exorbito, e se há farelo nisso tudo, posso assegurar, pai, que tem muito grão inteiro. Mesmo confundindo, nunca me perco, distingo para o meu uso os fios do que estou dizendo.

No trecho, ao qualificar o seu próprio discurso, o filho se vale tanto de linguagem denotativa quanto de linguagem conotativa.

a) A frase "estou lúcido, pai, sei onde me contradigo" é um exemplo de linguagem de sentido denotativo ou conotativo? Justifique sua resposta.
A frase é um exemplo de linguagem denotativa, pois usa forma direta e objetiva, o que condiz com a suposta lucidez do personagem.
(Cíntia A. Nagae) 

b) Traduza em linguagem de sentido denotativo o que está dito de forma figurada na frase: "se há farelo nisso tudo, posso assegurar, pai, que tem muito grão inteiro."
A frase, em sentido denotativo, poderia ter a seguinte forma: “Se há coisas sem sentido no que digo, posso assegurar, pai, que também existe muito entendimento e bom senso.” (Fabiano Santiago da Rocha)

Tema de Redação – Unicamp 2008

Coletânea (adaptada)
1) O capítulo dedicado à saúde na Constituição Federal (1988) retrata o resultado de todo o processo desenvolvido ao longo de duas décadas, criando o Sistema Único de Saúde (SUS) e determinando que “a saúde é direito de todos e dever do Estado” (art. 196). A Constituição prevê o acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais.
(Adaptado de “História do SUS” em www.portal.sespa.pa.gov.br, 20/08/2007.)

2) Os grandes problemas contemporâneos de saúde pública exigem a atuação eficiente do Estado que, visando à proteção da saúde da população, emprega tanto os mecanismos de persuasão (informação, fomento), quanto os
meios materiais (execução de serviços) e as tradicionais medidas de polícia administrativa (condicionamento e limitação da liberdade individual). Exemplar na implementação de política pública é o caso da dengue, que se expandiu e tem-se apresentado em algumas cidades brasileiras na forma epidêmica clássica, com perspectiva de ocorrências hemorrágicas de elevada letalidade. Um importante desafio no combate à dengue tem sido o acesso aos ambientes particulares, pois os profissionais dos serviços de controle encontram, muitas vezes, os imóveis
fechados ou são impedidos pelos proprietários de penetrarem nos recintos. Dada a grande capacidade dispersiva do mosquito vetor, Aedes aegypti, todo o esforço de controle pode ser comprometido caso os operadores de campo não tenham acesso às habitações. (Adaptado de Programa Nacional de Controle da Dengue. Brasília:
Fundação Nacional de Saúde, 2002.)

3) Atribuir ao doente a culpa dos males que o afligem é procedimento tradicional na história da humanidade. Na Idade Média, a sociedade considerava a hanseníase um castigo de Deus para punir os ímpios. No século XIX, quando a tuberculose adquiriu características epidêmicas, dizia-se que a enfermidade acometia pessoas enfraquecidas pela vida devassa. Com a epidemia de Aids, a mesma história: apenas os promíscuos adquiririam o HIV. Coube à ciência demonstrar que são bactérias os agentes causadores de tuberculose e hanseníase, que a Aids é transmitida por um vírus, e que esses microorganismos são alheios às virtudes e fraquezas humanas. O
mesmo preconceito se repete agora com a obesidade, até aqui interpretada como condição patológica associada ao pecado da gula. No entanto, a elucidação dos mecanismos de controle da fome e da saciedade tem demonstrado que engordar ou emagrecer está longe de ser mera questão de vontade. (Adaptado de Dráuzio
Varela, “O gordo e o magro”. Folha de São Paulo, Ilustrada, 12/11/2005.)

Trabalhe sua narrativa a partir do seguinte recorte temático:
O avanço da tecnologia e da ciência médica desmistifica muitos dos preconceitos em torno das doenças.
Entretanto, algumas delas, consideradas atualmente problemas de saúde pública, como obesidade, alcoolismo, diabetes, AIDS, entre outras, continuam a trazer dificuldades de auto-aceitação e de relacionamento social.

Instruções:

1- Imagine uma personagem que receba o diagnóstico de uma doença que é tema de campanhas preventivas.

2- Narre as dificuldades vividas pela personagem no convívio com a doença.

3- Sua história pode ser narrada em primeira ou terceira pessoa.

Anônimo
(Ingrid P. Guimarães)

Mais uma noite inundada em meio às mágoas. E ele ia vagando na penumbra, à procura de uma bebida que pudesse afundar suas tristezas e incertezas.
Ele bebia e muito. A cada dose sua existência perdia todo o sentido – era isso o que ele queria. Viver era cansativo. Não aguentava mais os olhares de reprovação e sofria com eles. As pessoas eram más, não entendiam seu sofrimento: beber era o único jeito de encontrar sua amada.
A cada gole ele se sentia mais perto de seu amor, mas com essa aproximação vinha também a solidão. A pessoas não gostavam daquele seu estado de alegria, era menosprezado por ser apenas mais um alcoólico sofrendo as dores do amor.
A exclusão em que se encontrava contribuía para que as doses aumentassem e sua história encurtasse. Mas não se importava com o tempo; a cada noite seu desejo de encontrar a amada era maior do que o de viver. Não queria estar nesse mundo onde não compreendiam a sua sede.
 E mais uma noite chegou. Mais fria e solitária que o normal, com muito mais doses exageradas, que o levariam desse mundo. A sua morte estava certa; seu último gole, mais ainda. E antes que a ressaca chegasse, se foi - como muitos outros alcoólicos. Anônimo aos olhos de todos.

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