Exercício de vestibular
Considere este
trecho de um diálogo entre pai e filho (do romance "Lavoura arcaica",
de Raduan Nassar):
- Quero te entender, meu filho, mas já não entendo nada.
- Misturo coisas quando falo, não desconheço, são as palavras que me empurram, mas estou lúcido, pai, sei onde me contradigo, piso quem sabe em falso, pode até parecer que exorbito, e se há farelo nisso tudo, posso assegurar, pai, que tem muito grão inteiro. Mesmo confundindo, nunca me perco, distingo para o meu uso os fios do que estou dizendo.
No trecho, ao qualificar o seu próprio discurso, o filho se vale tanto de linguagem denotativa quanto de linguagem conotativa.
a) A frase "estou lúcido, pai, sei onde me contradigo" é um exemplo de linguagem de sentido denotativo ou conotativo? Justifique sua resposta.
- Quero te entender, meu filho, mas já não entendo nada.
- Misturo coisas quando falo, não desconheço, são as palavras que me empurram, mas estou lúcido, pai, sei onde me contradigo, piso quem sabe em falso, pode até parecer que exorbito, e se há farelo nisso tudo, posso assegurar, pai, que tem muito grão inteiro. Mesmo confundindo, nunca me perco, distingo para o meu uso os fios do que estou dizendo.
No trecho, ao qualificar o seu próprio discurso, o filho se vale tanto de linguagem denotativa quanto de linguagem conotativa.
a) A frase "estou lúcido, pai, sei onde me contradigo" é um exemplo de linguagem de sentido denotativo ou conotativo? Justifique sua resposta.
A frase
é um exemplo de linguagem denotativa, pois usa forma direta e objetiva, o que
condiz com a suposta lucidez do personagem.
(Cíntia
A. Nagae)
b) Traduza em linguagem de sentido denotativo o que está dito de forma figurada na frase: "se há farelo nisso tudo, posso assegurar, pai, que tem muito grão inteiro."
b) Traduza em linguagem de sentido denotativo o que está dito de forma figurada na frase: "se há farelo nisso tudo, posso assegurar, pai, que tem muito grão inteiro."
A frase,
em sentido denotativo, poderia ter a seguinte forma: “Se há coisas sem sentido
no que digo, posso assegurar, pai, que também existe muito entendimento e bom
senso.” (Fabiano Santiago da Rocha)
Tema de
Redação – Unicamp 2008
Coletânea
(adaptada)
1) O capítulo
dedicado à saúde na Constituição Federal (1988) retrata o resultado de todo o
processo desenvolvido ao longo de duas décadas, criando o Sistema Único de
Saúde (SUS) e determinando que “a saúde é direito de todos e dever do Estado”
(art. 196). A Constituição prevê o acesso universal e igualitário às ações e serviços
de saúde, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos
serviços assistenciais.
(Adaptado de “História do SUS” em
www.portal.sespa.pa.gov.br, 20/08/2007.)
2) Os grandes
problemas contemporâneos de saúde pública exigem a atuação eficiente do Estado
que, visando à proteção da saúde da população, emprega tanto os mecanismos de
persuasão (informação, fomento), quanto os
meios materiais (execução de
serviços) e as tradicionais medidas de polícia administrativa (condicionamento
e limitação da liberdade individual). Exemplar na implementação de política
pública é o caso da dengue, que se expandiu e tem-se apresentado em algumas
cidades brasileiras na forma epidêmica clássica, com perspectiva de ocorrências
hemorrágicas de elevada letalidade. Um importante desafio no combate à dengue
tem sido o acesso aos ambientes particulares, pois os profissionais dos
serviços de controle encontram, muitas vezes, os imóveis
fechados ou são impedidos pelos
proprietários de penetrarem nos recintos. Dada a grande capacidade dispersiva do
mosquito vetor, Aedes aegypti, todo o esforço de controle pode ser
comprometido caso os operadores de campo não tenham acesso às habitações.
(Adaptado de Programa
Nacional de Controle da Dengue. Brasília:
Fundação Nacional de Saúde, 2002.)
3) Atribuir ao doente
a culpa dos males que o afligem é procedimento tradicional na história da
humanidade. Na Idade Média, a sociedade considerava a hanseníase um castigo de
Deus para punir os ímpios. No século XIX, quando a tuberculose adquiriu
características epidêmicas, dizia-se que a enfermidade acometia pessoas enfraquecidas
pela vida devassa. Com a epidemia de Aids, a mesma história: apenas os
promíscuos adquiririam o HIV. Coube à ciência demonstrar que são bactérias os
agentes causadores de tuberculose e hanseníase, que a Aids é transmitida por um
vírus, e que esses microorganismos são alheios às virtudes e fraquezas humanas.
O
mesmo preconceito se repete agora
com a obesidade, até aqui interpretada como condição patológica associada ao
pecado da gula. No entanto, a elucidação dos mecanismos de controle da fome e
da saciedade tem demonstrado que engordar ou emagrecer está longe de ser mera
questão de vontade. (Adaptado de Dráuzio
Varela, “O gordo e o magro”.
Folha
de São Paulo, Ilustrada, 12/11/2005.)
Trabalhe sua narrativa a partir do
seguinte recorte temático:
O avanço da tecnologia e da ciência
médica desmistifica muitos dos preconceitos em torno das doenças.
Entretanto, algumas delas,
consideradas atualmente problemas de saúde pública, como obesidade, alcoolismo,
diabetes, AIDS, entre outras, continuam a trazer dificuldades de auto-aceitação
e de relacionamento social.
Instruções:
1- Imagine uma personagem que
receba o diagnóstico de uma doença que é tema de campanhas preventivas.
2- Narre as dificuldades vividas
pela personagem no convívio com a doença.
3- Sua
história pode ser narrada em primeira ou terceira pessoa.
Anônimo
(Ingrid P. Guimarães)
Mais uma noite inundada em meio às mágoas. E ele ia
vagando na penumbra, à procura de uma bebida que pudesse afundar suas tristezas
e incertezas.
Ele bebia e muito. A cada dose sua existência perdia
todo o sentido – era isso o que ele queria. Viver era cansativo. Não aguentava
mais os olhares de reprovação e sofria com eles. As pessoas eram más, não
entendiam seu sofrimento: beber era o único jeito de encontrar sua amada.
A cada gole ele se sentia mais perto de seu amor, mas
com essa aproximação vinha também a solidão. A pessoas não gostavam daquele seu
estado de alegria, era menosprezado por ser apenas mais um alcoólico sofrendo
as dores do amor.
A exclusão em que se encontrava contribuía para que
as doses aumentassem e sua história encurtasse. Mas não se importava com o
tempo; a cada noite seu desejo de encontrar a amada era maior do que o de
viver. Não queria estar nesse mundo onde não compreendiam a sua sede.
E mais uma
noite chegou. Mais fria e solitária que o normal, com muito mais doses
exageradas, que o levariam desse mundo. A sua morte estava certa; seu último
gole, mais ainda. E antes que a ressaca chegasse, se foi - como muitos outros
alcoólicos. Anônimo aos olhos de todos.
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