domingo, 6 de maio de 2012

Interpretação de Textos. Aula 3 - Texto, Contexto e Interlocução


Questões de Vestibulares


Unicamp 2012 – Sobre Texto e Linguagens

TEXTO I 

Entre 1995 e 2008, 12,8 milhões de pessoas saíram da condição de pobreza absoluta (rendimento médio domiciliar per capita até meio salário mínimo mensal), permitindo que a taxa nacional dessa categoria de pobreza caísse 33,6%, passando de 43,4% para 28,8%.
No caso da taxa de pobreza extrema (rendimento médio domiciliar per capita de até um quarto de salário mínimo mensal), observa-se um contingente de 13,1 milhões de brasileiros a superar essa condição, o que possibilitou reduzir em 49,8% a taxa nacional dessa categoria de pobreza, de 20,9%, em 1995, para 10,5%, em 2008.
(Dimensão, evolução e projeção da pobreza por região e por estado no Brasil, Comunicados do IPEA, 13/07/2010, p. 3.)

Texto II


(BENETT, chargesdobenett.zip.net. 21/10/2011.) 

a) Podemos relacionar os termos miséria e pobreza, presentes no TEXTO II, a dois
conceitos que são abordados no TEXTO I. Identifique esses conceitos e explique por que eles podem ser relacionados às noções de miséria e pobreza.

Os termos “miséria” e “pobreza”, presentes no texto II, podem ser relacionados respectivamente aos conceitos de “pobreza extrema” e “pobreza”, no texto I. A mudança do termo “miséria” mostra a necessidade de diminuir a diferença entre pobres e miseráveis, que basicamente possuem rendimento muito próximo.
(Fabiano Santiago da Rocha)


      b) Que crítica é apresentada no TEXTO II? Mostre como a charge constrói essa crítica.
A crítica está no modo como as personagens da charge medem o nível de pobreza, deixando claro que a diferença entre eles é quase inexistente. A charge satiriza essa ideia através da figura de um esgoto a céu aberto, sem saneamento básico; neste contexto, a linha que separa o pobre do miserável não faz diferença, já que o esgoto e a falta de recursos afetam igualmente os dois lados.
(Mariana Souza Cândido)

Unesp 1995 – Sobre contexto

Capítulo VII
Figura, Vestido, E Outras Coisas Do Homem.
Assim que os personagens dos romances começam a ganhar a estima ou aversão de quem lê, vem logo ao leitor a vontade de compor a fisionomia do personagem plasticamente. Se o narrador lhe dá o bosquejo, a imaginativa do leitor aperfeiçoa o que sai muito em sombra e confuso no informe debuxo do romancista. Porém, se o descuido ou propósito deixa ao alvedrio de quem lê imaginar as qualidades corporais de um sujeito importante como Calisto Elói, bem pode ser que a intuição engenhosa do leitor adivinhe mais depressa e ao certo a figura do homem, que se lhe a descrevessem com abundância de relevos e rara habilidade no estampá-los na fantasia estranha.
Não devo ater-me à imaginação do leitor neste grave caso.
Calisto Elói não é a figura que pensam. Estou a adivinhar que o enquadraram já em molde grotesco, e lhe deram a idade que costuma autorizar, mormente no congresso dos legisladores, os desconcertos do espírito, exemplificados pelo deputado por Miranda. Dei azo à falsa apreciação, por não antecipar o esboço do personagem.
(Castelo Branco, Camilo. A QUEDA DUM ANJO in
Obra Seleta - I. Rio de Janeiro: Aguillar, 1960, p.807.)

Embora seja bastante frutífera a consulta ao dicionário, em muitos casos não temos necessidade de buscar os significados de certas palavras ou expressões, pois é possível entendê-los no contexto. Com base nesta observação, releia o trecho de Camilo e, a seguir:
 
a) Escreva os significados de "bosquejo" e "alvedrio".
“Bosquejo” significa “esboço” e “alvedrio” significa vontade própria, arbítrio.
(Andrei Henrique R. de Lima)

b) Cite a frase do segundo parágrafo em que o narrador admite que, por não ter dado o bosquejo de Calisto Elói, ofereceu ao leitor o ensejo de um entendimento errado do personagem.
O autor admite ter dado ao leitor margem para um entendimento errado ao dizer: “Dei azo à falsa apreciação, por não antecipar o esboço do personagem.”
(Fabiano Santiago da Rocha)

UFG 2005 – Sobre interlocução

A tira tem como um de seus objetivos a expressão do humor. O plano narrativo descreve as situações que justificam a atitude do personagem em relação à geração que marcou os anos 1960, da qual ele fez parte.

a) Explique, recorrendo à seqüência dos quadros, como o autor define os comportamentos dessa geração.
Na tirinha, o autor mostra em cada quadro características que ele desgostava em sua geração e para isso ele dispôs os quadros em uma sequência que também pode ser interpretada como a ordem de importância que aquela geração dava a seus atos. Eles eram politizados, com ideias do que era bom ou mau, certo ou errado (na concepção deles). Mas eles também se perdiam no meio de seu discurso,tinham atitudes que anulavam muitas vezes o que era dito por eles, perdiam facilmente sua credibilidade.
(Andressa dos Santos Coelho)
 
b) O último quadro da tira retrata uma indisposição do interlocutor em dar continuidade ao assunto iniciado pelo locutor. Analise como se dá a ruptura na interação entre os dois personagens e, tendo como referência os quadros anteriores, justifique por que isso ocorre.
O interlocutor parece não levar a sério ou não se importar com o que o locutor tem a dizer; isso se dá pela possível falsidade dos comportamentos da geração, que na verdade não ligava para nada realmente importante. (Fabiano Santiago da Rocha)