segunda-feira, 17 de maio de 2010

Aula 10 - Análise de problemas estruturais na narrativa: a presença de inverossimilhanças e clichês


NARRAÇÃO
Observe a foto e leia os textos, para escrever uma NARRAÇÃO.

1-A bela das ruas
"Uma das coisas que mais gosto na coluna de Mônica Bergamo são as fotos com lindas mulheres, muito bem fotografadas e coloridas. Mas, no dia 11/9, fiquei chocado porque achei que se tratava de uma modelo. Porém a legenda nos trouxe à dura realidade: "Flanando pela Vila Nova Conceição com essa carinha, Fernanda Alves de Oliveira, de 18 anos, bem que poderia tentar carreira de modelo; mas o que ela quer é uma ajuda para voltar com Caio, o filho de 3 anos, para Uberlândia; a família perdeu tudo numa enchente e veio para São Paulo procurar uma tia que se mudou; hoje ela mora perto da ponte do Morumbi, vive de esmola e sente falta do seu antigo emprego numa casa de família.' Parabéns, Mônica. Você nos deu um sutil beliscão ao mostrar que o belo também tem sua face trágica."
(Folha de S.Paulo,14/09/2000, Painel do Leitor, Ademir Villatoro).

2-A bela e as feras
“Da coluna social, mãe e filho saltaram para a televisão. Apareceram no "Fantástico", no "SuperPop", de Adriane Galisteu, e no "Mulheres", de Márcia Goldschmidt.
Hoje, embora mal compreenda matemática, Fernanda faz contas. Já ganhou: uma casa mobiliada na periferia paulistana, com aluguel e despesas pagas por um ano; cestas básicas; tratamento dentário e roupas de três confecções esportivas. Uma agência de modelos a fotografou. Ofereceu-lhe um "book" e a promessa de que, um dia, ocupará as capas de revista. Um deputado federal vai tirar a documentação da família. A moça ainda arranjou emprego para o marido e vaga num curso de alfabetização. Não quer mais voltar.
(...)
No meio dos holofotes, Fernanda se revela principalmente confusa. "Quando a gente não estuda, não vê o mundo direito. As pessoas que frequentaram a escola falam difícil, e a gente não pega as expressões. Eles proseiam, a gente ri e finge que entende para não passar vergonha. Outro dia, na televisão, a repórter me perguntou: "Você é vaidosa?". Fiquei muda, só sorrisinho. Sabe por quê? Porque nem imagino o que significa essa palavra, vai-do-sa."

(Jornal Folha de S. Paulo,24/09/2000,Caderno TvFolha, Armando Antenore).

PROPOSTA PARA A NARRAÇÃO.

Com base na foto, legenda e textos, imagine o que possa acontecer com Fernanda e Caio(mantenha esses nomes para os personagens) e escreva uma Narração dando seqüência à história deles. Crie um narrador de 3ª pessoa e dê um título que seja coerente com o texto que você escrever.

Camila da Fonseca Moreira

Imagem de uma realidade

O tempo estava passando e Fernanda já não tinha mais aluguel, despesas e cestas básicas pagas (...). Seus dentes continuavam lindos, mas ela estava sem vontade de sorrir.
Observava Caio brincando tão inocentemente (enquanto) ela (precisava) trabalhar. Onde? Com quem deixaria Caio? O salário do (...) marido não daria para nada!
Lendo os classificados do jornal, se interessou por três vagas de emprego e foi se apresentar. No primeiro, de auxiliar de produção em uma fábrica, não passou na entrevista, pois havia concluído agora a primeira série do fundamental. O segundo, de balconista de uma padaria, quase conseguiu porque possuía uma boa aparência, mas também (era necessário) o ensino médio completo. (...) O terceiro, em uma casa de família, ela já tinha até experiência, porém a dona da casa sentiu ciúmes do marido por inveja à sua beleza.
Exausta, triste e sem esperança, Fernanda pensou em virar garota de programa. Vieram-lhe à mente a imagem de seu filho Caio e de seu marido. E as lembranças daquele deputado "tarado" que lhe assediara (...). Fernanda suspirou desapontada: "Não tenho vocação para prostituta!".
As oportunidades que lhe prometeram, de um dia virar modelo, não passaram de um sonho, imagens passadas na tv, recortes de jornais e um book.
Na realidade, hoje, assim como há um ano atrás, Fernanda é mais uma garotinha assustada. (Ser) bela ou não, não faz diferença para quem sofre, com um filho pequeno, sem oportunidade, educação e perspectiva.






Nenhum comentário: